Fake news – incluindo o cinema

Não é só o jornalismo: os livros, a publicidade e o cinema também já espalharam mentiras

Como se sabe, fake news não é coisa de hoje. Segundo estudiosos do assunto, caso de Lorraine Vilela Campos, no portal Brasil Escola, “o poder de persuasão das fake news é maior em populações com menor escolaridade e que dependem das redes sociais para obter informações. No entanto, as notícias falsas também podem alcançar pessoas com mais estudo, já que o conteúdo está comumente ligado ao viés político”.

Ainda do Brasil Escola: “O termo ganhou força mundialmente em 2016, nos Estados Unidos, com a eleição presidencial: os conteúdos falsos sobre a candidata Hillary Clinton foram compartilhados de forma intensa pelos eleitores de Donald Trump”.

– Apesar do recente uso do termo, o conceito desse tipo de conteúdo falso vem de séculos passados e não há uma data oficial de origem. A palavra “fake” também é relativamente nova no vocabulário, como afirma o Dicionário Merriam-Webster. Até o século XIX, os países de língua inglesa utilizavam o termo “false news” para denominar os boatos de grande circulação.

– Muito antes de o Jornalismo ser prejudicado pelas fake news, escritores já propagavam falsas informações sobre seus desafetos por meio de comunicados e obras. Anos mais tarde, a propaganda tornou-se o veículo utilizado para espalhar dados destorcidos para a população, o que ganhou força no século XX.

Nas telas do cinema

De 1973, o filme F For Fake – exibido no Brasil com o título Verdades e Mentiras – é um trabalho de Orson Welles. No caso, um documentário ensaístico, um filme sobre a fraude, a mentira, nos seus vários ângulos. Centra-se na vida do famoso falsificador de arte Elmyr de Hory. Welles aparece em várias sequências, inclusive num restaurante e até numa suposta sala de edição, criando um filme dentro do filme.Abordando as verdades e mentiras de diversos tipos de arte, Orson Welles aborda Elmyr de Hory, um perito em falsificar pinturas famosas, e Clifford Irving, escritor da fraudulenta biografia de Howard Hughes, considerada uma das maiores falsificações da década de 70.

No elenco Gary Graver, Orson Welles, Oja Kodar, Joseph Cotten, François e Reichenbach Elmyr de Hory. Verdades e Mentiras (em francês Vérités et mensonges) é um filme de arte teuto/franco/iraniano. De maneira documental, Welles revela, mesclando filosofia, religião, psicologia e códigos, as verdades e mentiras nos jogos da arte, questionando constantemente as convenções estabelecidas pela dicotomia cópia/originalrealidade/farsa. Baseou-se no escândalo provocado pelo falso livro biográfico de Howard Hughes escrito por Clifford Irving. Hughes foi figura de outro filme de Welles, talvez o mais famoso, Cidadão Kane.

Um certo cidadão

Aos 25 anos, com total liberdade da produtora RKO e não poupando controvérsias, Welles dirigiu Cidadão Kane, inspirado na polêmica figura de William Randolph Hearst, grande empresário do setor das comunicações. Citizen Kane (no Brasil, Cidadão Kane), filme de 1941. O próprio diretor faz o papel de Kane. E temos o outro lado da vida do magnata da imprensa Charles Foster Kane em uma incrível sequência de flashbacks. Intrigado pela última palavra pronunciada por Kane ao morrer (Rosebud), um jornalista tenta descobrir o seu significado. E, por fim, vemos que Rosebud era simplesmente a marca do trenó que alegrava a sua infância. Considerado lixo, o trenó é lançado às chamas em um forno, pelas pessoas que estavam partindo de Xanadu, a mansão de Kane na Flórida. Alusão à única fase de sua vida em que ele realmente foi feliz.

Na neve, não só sua brincadeira era interrompida como também sua vida, sua infância. É lá onde tudo começa a se perder. O trenó é destruído e sua vida também.

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