E do Febeapá chegamos ao Fedeapá…

Com a tal reforma tributária bolsonarista, pretende-se taxar os livros, substituindo de vez o Festival de Besteiras pelo Festival de Desgraças que Assola o País

Já sobrevivemos ao Febeapá, o Festival de Besteira que Assola o País, como bem descreveu Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, por conta da ditadura civil/militar de 64. E, agora, temos o Fedeapá – o Festival de Desgraças que Assola o País. Por conta dele, o (des)governo federal pretende, com a reforma tributária, taxar os livros, posto que seriam “coisa da elite”, segundo o ministro, ou sinistro, da Economia, Paulo Guedes.  

E há quem tenha reagido de imediato: desde 2004 vigora uma lei que desonera a indústria do livro – e a imunidade de impostos a materiais para leitura é garantida desde a Constituição de 1946.  

A intenção de Guedes, no entanto, é extinguir qualquer benefício ao setor em troca da colaboração com a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), com alíquota de 12%. Caso isso venha a acontecer, os livros ficarão mais caros, com a elitização do acesso à leitura.  

Destino: as fogueiras  

Não há como deixar de lado, até porque está registrado em muitos livros. No dia 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler assumia o poder. Alguns meses depois, o Partido Nazista promovia a primeira queima de livros, obras escritas por intelectuais não alemães, judeus e adversários políticos.  

E a prática tornou-se comum sob o regime nazista, que teve início com a queima de livros tachados de impuros e nocivos e, na II Guerra Mundial, queimou pessoas sob a mesma alegação.  

Em praça pública  

Na Alemanha nazista, a queima de livros em praça pública era conduzida pelo Ministério da Propaganda, de Joseph Goebbels. Com cartazes, filmes, manifestações nas ruas e exposições sobre a “arte degenerada”, o hitlerismo pretendia convencer a população sobre a necessidade de extermínio de movimentos culturais contrários às concepções do nacional-socialismo – em alemão, Nationalsozialismus, cujo partido fora fundado em 1920.  

De maio a junho de 1933, muitos livros foram lançados às chamas. Entre eles, obras dos judeus Sigmund Freud, Karl Marx, Albert Einstein e Walter Benjamin, do filósofo Friedrich Nietszche, do romancista Thomas Mann e do dramaturgo Bertolt Brecht, bem como livros escritos por intelectuais da República de Weimar.  

A maior parte das obras da lista negra nazista era composta por trabalhos na área de ciências humanas.  

De volta ao Brasil  

Sobre livros, vale citar algumas autoridades no assunto:  

  – Um país se faz com homens e livros.  

Monteiro Lobato (aliás, José Bento Renato Monteiro Lobato).  

  – Oh! Bendito o que semeia livros, livros, à mancheia. E manda o povo pensar…  

 Castro Alves.  

– De um autor inglês do saudoso século XIX: O verdadeiro gentleman compra sempre três exemplares de cada livro: um para ler, outro para guardar na estante e o último para dar de presente.  

Mário Quintana.  

– Onde se queimam livros, ao final queimam-se também pessoas.  

Heinrich Heine.  

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