O que Foz e Londrina perdem com a terceira pista do Afonso Pena?

Aeroporto de Foz do Iguaçu
Para acomodar obra em São José dos Pinhais, outros aeroportos do Bloco Sul terão investimentos menores do que o previsto inicialmente

Os documentos da sexta rodada de concessões de aeroportos estão em análise no Tribunal de Contas da União, no último estágio antes do leilão, previsto para o início de 2021. A principal mudança ocorrida desde o lançamento do edital do Bloco Sul, em fevereiro deste ano, foi a inclusão da obrigatoriedade da construção da terceira pista do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Uma obra que impactará os investimentos dos outros terminais do bloco.

O Bloco Sul contempla não apenas o Afonso Pena, mas também os aeroportos do Bacacheri, Foz do Iguaçu e Londrina, no Paraná; Joinville e Navegantes, em Santa Catarina; e Bagé, Pelotas e Uruguaiana, no Rio Grande do Sul.

A terceira pista em São José dos Pinhais só foi incluída após o período de consulta pública. Além da pressão de entidades da sociedade civil, o governo do Paraná pleiteou a obra diretamente em Brasília. A reivindicação foi acatada e entrou como diretriz de política pública, ou seja, não porque a terceira pista seja de fato necessária de acordo com estudos de projeções de demanda para voos internacionais para a Europa e Estados Unidos.

Aeroporto Afonso Pena terá uma pista nova nos primeiros anos da concessão (Foto: Anac)

Com 3 mil metros de comprimento — hoje a maior pista do aeroporto tem 2.218 metros — e a um custo de R$ 200 milhões, ela vai permitir uma capacidade maior de movimentações de aviões e uma fluidez nas operações de pouso e decolagem. De R$ 310,1 milhões, a previsão de investimentos no Afonso Pena subiu para R$ 566,2 milhões, um acréscimo de 82,6%. E para comportar a obra sem impactar no custo final para o futuro concessionário, todos os outros aeroportos viram os investimentos previstos caírem.

No Paraná, o mais afetado foi o de Foz de Iguaçu. Se no início do processo havia a estimativa de R$ 604,2 milhões de investimentos ao longo dos 30 anos de concessão, o equipamento da fronteira tem previstos agora R$ 512,3 milhões, uma redução de 15,2%. Com isso, o terminal de passageiros terá 10 mil metros quadrados a menos, o pátio de manobras que seria ampliado em 65 mil metros quadrados, vai ganhar 23 mil metros quadrados. Além disso, foram retiradas quatro pontes de embarque do terminal — de 12 para oito.

Em Londrina, o novo terminal que teria 14 mil metros quadrados, terá 10,2 mil metros quadrados e quatro pontes de embarque e não cinco como previsto inicialmente. A ampliação do pátio terá 2 mil metros quadrados a menos. No total, o aeroporto do Norte do estado receberá R$ 272,8 milhões, o que representa uma queda de 5,5% em relação ao valor que constava na primeira versão dos estudos de viabilidade da rodada de concessão.

Impacto em outros estados

Não foram só os aeroportos paranaenses afetados pela terceira pista do Afonso Pena. Em Joinville, o desejo da cidade de contar com um terminal de passageiros com pontes de embarque foi adiado para depois de 2050. Serão R$ 29,9 milhões a menos de investimentos, que impactarão também o tamanho do terminal e do pátio de manobras.

Mas o corte mais profundo ocorreu em Navegantes. Dos R$ 545,5 milhões planejados, o aeroporto terá R$ 446,1 milhões, uma redução de 18,2%. Como consequência, o terminal de passageiros e o pátio serão mais acanhados.

No Rio Grande do Sul, os aeroportos de Bagé, Pelotas e Uruguaiana também perderão investimentos totais de cerca de R$ 11 milhões. Mesmo que em valor menor, deixarão de receber obras importantes dentro de suas realidades de equipamentos voltados principalmente para a aviação geral e não comercial.

Perdas e ganho

Afonso Pena – R$ 310,1 mi para R$ 566,2 mi (+82,6%)
Bacacheri – R$ 43,7 mi para R$ 43,1 mi (-1,3%)
Foz do Iguaçu – R$ 604,2 mi para R$ 512,3 mi (-15,2%)
Londrina – R$ 288,8 mi para R$ 272,8 mi (-5,5%)
Joinville – R$ 167,4 mi para R$ 137,5 mi (-17,9%)
Navegantes – R$ 545,5 mi para R$ 446,1 mi (-18,2%)
Bagé – R$ 57,1 mi para R$ 54,9 mi (-4%)
Pelotas – R$ 57,1 mi para R$ 54,5 mi (-4,6%)
Uruguaiana – R$ 56,6 mi para R$ 50,6 mi (-10,7%)


Esta é a primeira edição da coluna Voo Direto, um espaço destinado aos temas da aviação. Serão notícias, reportagens, entrevistas, análises e opiniões com o foco principal no Paraná e sua infraestrutura aeroportuária e malha aérea comercial. Mas não me furtarei a trazer assuntos nacionais e internacionais que, de alguma forma, possam afetar os paranaenses. Boa leitura e bom voo!

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