Do 3 a 2 ao 4 a 4

Ziquita garantiu um lugar na história do Athletico ao marcar 4 gols em 13 minutos, salvando o time de uma goleada

A vitória por 3 a 2 do Paraná Clube sobre o Bahia de Feira de Santana, na quarta-feira passada, pela Copa do Brasil, levou alguns torcedores (não só atleticanos) a voltar no tempo. Mais precisamente ao dia 6 de novembro de 1978. Em campo, na velha Baixada, o então Atlético (sem h) tinha pela frente o (então) Colorado, pelo campeonato paranaense.

Até os 30 minutos do segundo tempo, o Tricolor da Vila vencia o Furacão por 4 a 0. Tremenda goleada. Mas entraria em campo Ziquita, que garantiria lugar de destaque na história do clube: em 13 minutos, marcou quatro gols, empatando o confronto. E, no último lance do jogo, quase virou o marcador, acertando uma bola na trave.

Transformou-se no São Ziquita, para os atleticanos, e no Sobrenatural de Almeida, o famoso personagem de Nelson Rodrigues, para os adversários. Antes disso, diante do que se anunciava uma acachapante derrota, não poucos atleticanos trataram de deixar o estádio. Muitos deles, que moravam por perto, se mandaram a pé.

No caminho, a maioria pela Rua Engenheiros Rebouças, começaram a ouvir, vindo de muitas casas, rádios ligados (não se sonhava com engenhocas como o celular), gritos de alegria: gol! Mais adiante, novamente a gritaria: gol! Na quarta comemoração, alguns torcedores deram meia-volta, retornando ao estádio para comemorar uma sensacional vitória. A trave, no finalzinho do jogo, não permitiu a vitória, mas já havia motivos de sobra para comemorar. Foi muito mais do que um empate que seria impensável.

Na cápsula do tempo

Ainda do lado (fantástico) do então Atlético Paranaense: tempos atrás, o jornal The New York Times criou uma cápsula para abrigar “alguns objetos que representassem o que existia no planeta no ano 2000 da Era Cristã”. Coisas a serem bem guardadas até o ano 3000. Entre os objetos selecionados e recolhidos nos quatro cantos do mundo está uma camisa do (então) Atlético Paranaense. Isso mesmo.

É que, em 2001, um motorista de táxi, Clóvis Gonçalves, transportou em Curitiba Simon Romero, correspondente do The New York Times. Na conversa com o jornalista, este perguntou a Clóvis o que ele indicaria como algo “realmente representativo para ser selecionado para a cápsula do tempo”.

Não deu outra:

 – A camisa do Atleticão.

A notícia sobre a escolha mereceu amplo registro na imprensa. A diretoria do (então) Atlético gostou tanto da ideia que propôs o case Atlético 3000 – Paixão Eterna. E, como prêmio, Clóvis ganhou um título de sócio construtor da Arena da Baixada. Detalhe: uma família vem cuidando da cápsula, passando de geração a geração até a chegada do ano 3000.

Mas, como sempre, há quem tenha lamentado por nossas bandas:

– Pena que não faça parte do acervo os quatro gols do Ziquita…

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