Depois do Fantasma, o Leão do Iapó

No futebol, como em quase tudo da vida, há altos e baixos, mas a contribuição dos clubes não deve se limitar ao placar e conquista de títulos

Já que abordamos aqui as sementes do nosso futebol, com o merecido destaque para o Operário Ferroviário, o Fantasma de Vila Oficinas, para gáudio do amigo Paulo Mercer, há quem tenha citado outro time de velhas raízes, fundado 5 anos depois, ou seja, em 1917.  

E, declarando-se um tanto quanto suspeito, já que é castrense, citou o Caramuru – que chegou a ser chamado de O Leão do Iapó, numa alusão ao rio que nasce no município de Piraí do Sul, passa por Castro e tem sua foz em Tibagi. Castro tem um grande potencial turístico graças ao Guartelá, considerado o sexto maior cânion do mundo em extensão e o mais longo do Brasil. Cânions são vales profundos com os lados íngremes, bem verticalizados. Em alguns deles, a profundidade pode atingir até 5  quilômetros.  

Sua fundação ocorreu em 1778 e fazia parte do caminho dos tropeiros que seguiam de Viamão (RS) até Sorocaba. E, por conta disso, Castro possui o primeiro Museu do Tropeiro do Brasil, inaugurado na gestão do prefeito Lauro Lopes (1972 -1977).  

Cânion do Guartelá. Crédito da foto: Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

Atropelando a dupla Atletiba  

Fundado como Caramuru Esporte Clube em 19 de abril de 1917, o futebol de Castro começou sua história em torneios da Liga Amadora de Ponta Grossa. De 1955 a 1965, participou ininterruptamente do Campeonato Paranaense. E fez bonito em 1959, quando terminou a primeira fase em segundo lugar (13 vitórias, 2 empates e 5 derrotas); na segunda fase ficou em quarto lugar (2 vitórias, 1 empate e 3 derrotas). Mereceu amplo destaque pelas vitórias diante do Coritiba (2×1) e do (então) Atlético (3×0). Ambas em Curitiba.  

Leão do Iapó disputou ainda o Paranaense de 1971, época em que participou da loteria esportiva e teve seu símbolo destacado pela revista Placar como time de botão.  

Em 1991, o Caramuru retornou ao futebol profissional, agora como Caramuru Futebol Clube. Em 1993, voltou a disputar a chamada elite estadual; depois de um primeiro turno capenga, recuperou-se no segundo, fazendo boa campanha. Destaque para os empates em casa com o Operário de Ponta Grossa (2×2, diante de 1.972 pagantes) e com o Coritiba (0x0, com 2.026 pagantes).  

O clube disputou o Campeonato Paranaense 13 vezes – até 1993. Em 2007, cogitou retornar por conta de uma parceria com o Operário Ferroviário Esporte Clube. Não deu certo.  

Por que Caramuru?  

Diogo Alvares Correia, o Caramuru. Crédito da imagem; reprodução.

Caramuru vem a ser uma homenagem indígena a Diogo Alvares Correia. Um náufrago que, na Bahia, conviveu com os tupinambás, aprendeu a língua nativa e passou a ajudar Tomé de Souza e os jesuítas na catequese. Caramuru vem a ser uma espécie de peixe. Como ele chegou à praia nadando, os índios, assustados, não tiveram dúvida. Caramuru – do Tupi guarani cará: o branco; muru: o poder. Fonte: Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena – Clóvis Chiaradia.


 Para ir além

Do Trio de Ferro ao fundo do poço

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