A cena já foi comum, tempos atrás. Alguém lendo jornal, no banco de praça ou no boteco, chegava um amigo (ou simples conhecido) e perguntava:
– Quais as novas?
Hoje, e nem precisa de jornal papel, pergunta é outra:
– Quais as barbaridades do dia? O Bolnossauro decidiu cobrar conta de água mensal do Corpo de Bombeiros, substituir as passagens aéreas por taxímetros dentro dos aviões de carreira, baixou decretos eliminando a gripe, o resfriado e o empate em jogo de futebol profissional?
– Ainda não, pelo menos por enquanto…
– Mas não vai demorar. Logo teremos coisas assim:
* Corrida de São Silvestre com atletas usando patins ou patinete, este último poderá ser comum ou elétrico, tudo para não gastar a sola do tênis.
* Cigarros sem fumo, carteiras só com os filtros, adeus ao fumo, que faz mal à saúde.
* No turfe, corridas com obstáculos.
* Fim da cerveja gelada, para economizar energia elétrica, por supuesto.
* Calçados masculinos com sola de concreto, de modo a aumentar a sua durabilidade e preservar a borracha da Goodyear.
* Carnaval no mês de abril – e sem blocos ou escolas de samba, posto que o barulho das baterias e a gritaria do público podem irritar a vizinhança.
* Bibliotecas públicas sem livros – para economizar papel, tinta e impressão.
* Já que o país mudou a moeda circulante em 1994, o Cruzeiro Esporte Clube deve virar Real Esporte Clube.
* E o ano no Brasil passará a ter 730 dias e, cada dia, 48 horas, para prolongar o meu próprio e os futuros mandatos e fazer com que o trabalhador – principalmente agora, também aos domingos – possa render muito mais.
Outras medidas (ainda em estudo):
* Revogação de todas as leis da natureza.
* Produzir bebidas artesanais, em casa ou no quintal, só com linha de produção e montagem.
* Cassar uma série de licenças, começando pela tal da licença poética.
* Lei obrigando o uso frente e verso do papel higiênico. Medida de economia – mesmo cumprindo a ordem de fazer cocô dia sim, dia não.
* Semáforos: eliminar o tal do sinal amarelo, já que os outros 2 – pare e avance – são suficientes.
* Tocar fogo no circo, em cinema ou teatro – só para testar a reação da plateia.
* Proibir oficinas de música. Onde já se viu, oficina é lugar pra consertar carro velho…