Texto de Ana Justi, aqui do nosso Plural, comenta que julho mal começou, “mas talvez você já tenha visto circulando pelas redes sociais a #JulhoSemPlástico. Mundialmente conhecido como Plastic Free July, o movimento global busca conscientizar e diminuir o uso de plástico descartável”. E acrescenta:
– Inspiradas pela ideia, cinco amigas se reuniram para montar um projeto de conscientização. “A ideia era aproximar as pessoas do grande problema ambiental que é o plástico de uso único, mostrando que podem mudar hábitos, enxergando o problema de maneira fácil e sem culpa”, explica Lorena Mello Rodrigues, que tem uma loja de itens alternativos aos descartáveis. Intitulado ECOnveniente, o trabalho busca dar dicas, tirar dúvidas, e trazer informação de confiança sobre o tema”.
Mais plástico do que peixes
A propósito do lixo que nos ameaça, alguém recorreu a outro texto, de Victoria Gill, da BBC News. Trechos:
– A vida moderna é inimaginável sem os plásticos. Eles estão em praticamente todos os produtos tecnológicos que caracterizam a civilização atual. A lista é infindável: computadores, celulares, televisões e até contêineres e assentos de privada, afora produtos descartáveis como talheres, pratos, canudos, garrafas, boias, cordas, embalagens, cotonetes e redes de pesca. Não há dúvida de que é um produto útil, durável e versátil. Mas também é incontestável que os plásticos são uma praga ambiental, que contamina todo tipo de ambiente na Terra. Apenas nos oceanos, estima-se que sejam despejados 8 milhões de toneladas de plástico a cada ano.
– Segundo dados divulgados pela ONU, 80% de todo o lixo marinho é composto por plástico e a estimativa é que em 2050 a quantidade de plásticos na água supere a de peixes. Para se ter uma ideia, hoje a presença de microplásticos nos mares já superam a quantidade de estrelas na galáxia.
– Nas mais diversas plataformas, as pessoas tentam diariamente lembrar e alertar dos riscos desse problema ao meio ambiente, incentivando uma vida mais saudável e uma prática sustentável no dia a dia. Segundo o Greenpeace UK, a cada ano são despejados nos oceanos cerca de 12,7 milhões de toneladas de plástico, desde garrafas e sacos plásticos até canudos. A designer Cristal Muniz, do blog Um ano sem lixo, lembra que o maior impacto negativo dessa poluição é a ingestão desses resíduos pelos animais.
– O consumo dessas embalagens plásticas, como garrafas PET, impede que os animais mergulhem profundamente, impossibilitando-os de caçar e até de comer. “Quando se perde animais de uma cadeia alimentar equilibrada, você aumenta a quantidade de animais que serviam de caça para aquele que diminuiu, consequentemente reduzindo a comida dos predadores”, completa Cristal.
– O cenário ideal, para ela, é uma vida com a produção de menos lixo e a utilização de produtos circulares, ou seja, aqueles que podem ser reutilizados e reciclados, sem virar lixo após o uso. Pequenas mudanças no dia a dia podem representar uma grande melhora no futuro.
– O lixo pode ser dividido em três grandes categorias: reciclável, orgânico e de rejeito. O primeiro é aquele que pode ser transformado em um novo material utilizável e, no caso do plástico, muitos não se enquadram na categoria (caso dos canudos e das sacolas plásticas). Para piorar a situação, atualmente apenas 18% das cidades brasileiras possuem coleta seletiva.
– O orgânico é aquele que deveria ser compostado, ou seja, ser transformado em adubo. Já a última categoria, como o próprio nome já diz, são aqueles que não podem ser reciclados ou compostados de nenhuma maneira, ou seja, são de rejeito. Nessa categoria ficam os adesivos, papel higiênico, absorventes e até as fraldas descartáveis. O único destino desses itens é o aterro sanitário.
O problema é que, apesar da coleta seletiva e da ação de muitas empresas para separar o lixo, a maior quantidade é dividida apenas entre reciclável e de rejeito, tirando, portanto, a possibilidade do reaproveitamento por meio do adubo.
No aterro sanitário, a decomposição dos resíduos orgânicos é inadequada, por ser este um ambiente anaeróbico (sem a presença de oxigênio). Além disso, os aterros contribuem para o risco de contaminação da água e do solo e geram produção do gás metano (um dos responsáveis pelo agravamento do efeito estufa). “Produzir lixo orgânico que vai para o aterro sanitário é tão ruim quanto produzir lixo reciclável que não vai pra reciclagem”, afirma Cristal.
Cristal propõe 5 medidas por parte do governo que ajudariam a melhorar esse cenário:
1. Lei que proíba os plásticos descartáveis, por corresponderem a cerca de 40% de todo plástico já produzido.
2. Incentivos fiscais para o desenvolvimento e a pesquisa de plásticos que não sejam provenientes de petróleo, mas sim compostáveis e biodegradáveis.
3. Melhorar os sistemas de coleta e reciclagem nas cidades.
4. Criar/incentivar sistemas de compostagem nas cidades.
5. Proibir a produção do que não é reciclável/compostável.
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