Das margens do Rio Tâmisa ao Parque Náutico: o remo e sua popularização diante das dificuldades

Mesmo com pouco suporte e estrutura, equipe de remo de Curitiba persiste treinando em busca de resultados melhores

Antigamente, os barcos a remo eram utilizados apenas como meio transporte. Os primeiros registros do remo como esporte foram às margens do Rio Tâmisa, localizado na Inglaterra, durante o século XIX. Sua popularização pelo mundo fez com que o esporte se tornasse esporte olímpico em 1900, nas Olímpiadas de Paris, de acordo com a Confederação Brasileira de Remo. Cerca de 120 anos depois, o remo é conhecido no mundo inteiro, e mesmo assim os patrocínios e o suporte são escassos e estão longe de serem suficientes.

Na Região Metropolitana de Curitiba, o esporte é praticado no Clube de Regatas de Curitiba (CRC), localizado no Parque Náutico de São José dos Pinhais, que conta com cerca de 80 praticantes de remo e canoagem. “O clube atende todas as idades. Para as crianças dos 12 aos 16 temos as escolinhas de remo e canoagem, mas também temos as pré-equipes e equipe de alto rendimento, além do atendimento aos sócios em geral”, explica o diretor esportivo do clube e treinador, Stefan Genthner, mais conhecido pelo apelido de “Frida”.

Para aperfeiçoar o treinamento, os atletas do clube também participam de campings, onde geralmente são supervisionados por técnicos de outros estados e fazem testes para formar barcos e representar a seleção brasileira em campeonatos. Segundo Frida, alguns atletas do clube já estão treinando inclusive para representar o Brasil nas próximas olímpiadas. “Nossa equipe de alto rendimento de remo está participando de um programa a nível nacional. Esse projeto visa selecionar quatro atletas para compor uma guarnição de quatro remadores e participar das olimpíadas de 2024”, conta de forma orgulhosa o treinador.

No entanto, a questão financeira é um desafio permanente para a equipe, já que o custeio a partir dos associados e o auxílio governamental não são suficientes. Os atletas precisam de mais verba, seja para bancar as viagens para treinamentos ou outras despesas. O valor recebido serve apenas para a compra de suplementos e manutenção dos seus meios de transportes, as bicicletas.

Todos os custos das viagens para competições saem do bolso dos atletas. Mas, como muitos não possuem condições financeiras para isso, outras estratégias são adotadas para arrecadação de verbas, como rifas e outras ações.

O CRC possui dois galpões que são da prefeitura e usados para guardar materiais de treino, além dos vestiários. Foto: Sabrina Fernandes.

Desafios por conta da pandemia

Além da questão financeira, a pandemia também dificultou os treinos presenciais e o desempenho dos atletas. Durante meses, o Parque Náutico – onde os treinos ocorrem – ficou fechado e impossibilitado de ser usado, por conta dos decretos estaduais em função do agravamento da pandemia no país. Para Genthner, ter calma foi um elemento chave. “Aprendemos muito com a pandemia, paciência foi o fator mais decisivo. Tive que mudar várias vezes os treinos para que os atletas continuassem a treinar. O principal é não perder a esperança, sabemos que tudo isso vai passar”, pontua o diretor esportivo.

Os treinos continuam, sempre seguindo todos os protocolos e respeitando os decretos, já que um dia perdido pode significar segundos para que o atleta não se classifique.

Um dos atletas do clube é Andrei Jesse dos Santos Alves de 17 anos, que segundo o treinador é uma das joias do clube. “Comecei no remo por conta do meu vizinho que também remava. No início, com 14 para 15 anos, vinha apenas para bagunçar, mas depois do meu primeiro campeonato onde tomei uma ‘surra’, comecei a gostar. Meu primeiro camping foi em outubro de 2019, onde selecionam os atletas pelo tempo e pela remada”, conta o jovem.

Uma das formas de medir o desempenho dos atletas dessa modalidade é bater tempo em um uma máquina de remo indoor, que garante condições controladas, independente do vento ou das condições da água, e uma medição padrão no mundo todo. É com base nesse padrão que Alves planeja seu futuro como atleta. “Pretendo competir fora. Quero bater o tempo na máquina”, finaliza o jovem atleta.

Orientação: Karine Moura Vieira e Otacílio Vaz.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima