Uma vereadora presa, a outra denunciada; é o fim da bancada dos animais?

Prisão de Fabiane Rosa deve abrir espaço para novos defensores dos animais na Câmara

Um dos fenômenos da eleição de 2016 em Curitiba foi a eleição de duas representantes da causa animal. Estava na cara que isso ia acontecer: a cidade estava cada vez mais aderindo à pauta dos direitos dos animais e alguns vereadores já andavam até ciscando esses eleitores, embora tivessem sido eleitos de outra maneira.

Na última eleição, Fabiane Rosa e Kátia Dittrich chegaram à Câmara com votações que vinham principalmente de seu trabalho em ongs de defesa dos animais. Quatro anos depois, as duas chegam ao novo eleitoral em situação complicadíssima. Ambas foram denunciadas por supostas irregularidades nas verbas de gabinete. Katia chegou a ser punida pelos seus pares; Fabiane está presa.

Entre os vereadores, dá-se como certo que as duas não se reelegem. Mesmo que consigam legenda para a disputa (e no caso de Fabiane, mesmo que consiga a liberdade a tempo), é improvável que as denúncias passem batidas.

Mas isso não significa que a bancada de defesa animal vai acabar. Quem acompanha a disputa eleitoral dá como certo que outros candidatos vão trilhar o mesmo caminho das duas. Alguns, inclusive, já quase chegaram a se eleger em 2016, e devem tentar de novo. Outros tentarão ficar com os votos das duas denunciadas.

Entre os candidatos ao posto de amigo dos animais, inclusive, está o ex-chefe de gabinete de Kátia. Como a vereadora não perdeu o mandato e deve tentar a reeleição, os dois podem acabar tirando votos um do outro.

Nos quatro anos em que estiveram na Câmara, Kátia e Fabiane estiveram longe de formar uma bancada. Pelo contrário: com pontos de vista diferentes sobre a causa, as duas se detestam e sequer se falavam em plenário. Aos repórteres, ainda faziam questão de falar mal uma do trabalho da outra.

Houve alguns avanços para a causa. O projeto que talvez mais tenha chamado a atenção foi o que proibiu fogos de artifício mais barulhentos na cidade. Mas o que mais aconteceu mesmo foi a transferência de verbas, via emendas, para instituições ligadas à causa.

É esse tipo de trabalho que, provavelmente, levará ongs e defensores dos animais a buscar novos representantes que mantenham a representação na Câmara a partir de 2021. Candidatos interessados em fazer o serviço não faltarão.

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