Sem Greca, primeiro debate foi como futebol só com um time

Adversários do atual prefeito ficaram perdidos num pacto de bom mocismo que não empolga nem ensina nada

Há dois tipos de debate antes de uma eleição: os que causam hematomas e os que causam bocejos. Claro que em defesa da democracia seria ideal um modelo em que as ideias prevalecessem, mas nunca se viu nada do gênero acontecer por aqui ainda, então ao falar disso estamos entrando no campo da ficção científica.

O interesse de um momento como o que vive a eleição curitibana é claro: existe um prefeito no cargo que parece quase imbatível pelas articulações que fez (e pela popularidade que conseguiu, sejamos justos). E existe uma dúzia de candidatos querendo fazê-lo sangrar um pouco, tirar-lhe um por cento que seja das intenções de voto, do jeito que seja.

Greca (DEM) tem trinta anos de estrada e sabe que, se fosse ao debate da Band nesta quinta (1) teria apanhado de todos os lados. À direita, Francischini (PSL) parece seu maior adversário. À esquerda, havia uma horda de hunos à espera de uma oportunidade. O prefeito, que acaba de se livrar da Covid, saltou fora. E o debate virou o que virou.

Debate sem o candidato em que todos querem bater é como jogo de futebol sem adversário. Ou pior: como aquele famoso Jogo da Vergonha da Copa de 82 em que Alemanha e Áustria perceberam que estariam classificadas se nada acontecesse, e ficaram só matando o tempo no meio campo.

Só que ali, no estúdio da Band, era o contrário. Ninguém está classificado e dificilmente algum daqueles irá se classificar para algo. No caso, para o segundo turno. Mas sem o adversário maior, ficaram numa troca de gentilezas com os demais colegas de limbo, à espera de de que alguém reparasse em como eles são doces e ternos e cheios de propostas.

Renato Mocellin (PV) e João Guilherme (NOVO) conversavam como dois velhos amigos que não se viam há muito. Um perguntava uma amenidade, o outro respondia com um bom mocismo. Depois era a vez do outro perguntar, e a gentileza era devolvida.

Até Francischini, famoso por defender uma política de descer o pau em bandidos, secretário de Segurança no triste 29 de abril, pareceu um escoteiro falando sobre a organização do imenso jamboree que seria a cidade sob seus cuidados.

Houve farpas aqui e ali. Mas quem tem medo de Marisa Lobo? Aliás, quem está interessado no que ela tem a dizer?

No grupo de assinantes do Plural, que é uma boa medida para todas as coisas, o julgamento foi de que Paulo Opuszka (PT) se saiu bem, Francischini e João Arruda (MDB) demonstraram desenvoltura, que Mocellin parece um ótimo sujeito e que João Guilherme até que não foi mal.

De resto, é esperar a segunda parte, no dia 14, quando os outros oito candidatos se reunirão no mesmo estúdio – provavelmente para mais uma boa sessão de bom mocismo sem plateia – nem no estúdio, nem em casa.

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