Meu filho quer saber por que seus pais odeiam tanto Trump. Eis a resposta

Trump é o líder de um perigoso grupo de governantes que anda se espalhando pelo mundo

Meu filho de sete anos perguntou por que a gente aqui em casa anda falando tanto da eleição nos Estados Unidos. Afinal, a gente devia se preocupar com o presidente do Brasil (que, convenhamos, já dá bastante trabalho). Segundo ele, a eleição americana devia ser assunto dos “estado-unidanos”. Bonitinho.

A gente começou a explicar que não é bem assim, e que o presidente dos EUA, por ser muito poderoso, influencia muitas coisas aqui. O Bernardo quis saber um exemplo, e como ele vive preocupado com meio ambiente, falei da Amazônia. Expliquei que o atual presidente deles não dá a mínima para proteger as florestas, e que isso é perigoso.

Claro que eu não tenho como entrar em mil outras coisas conversando com uma criança de sete anos, por mais inteligente que esse menino seja. Mas é impressionante a quantidade de coisas que está em jogo na eleição americana dessa terça. Mesmo para nós, distantes milhares de quilômetros deles.

Donald Trump não é “só” o presidente dos Estados Unidos. Ele é um símbolo de tudo que existe de mais perverso no mundo hoje. E nesse sentido é o líder de uma série de chefes de Estado que assumiram o poder nos últimos anos mundo afora, prometendo mais ou menos as mesmas coisas, defendendo os mesmos absurdos.

Trump não diz com todas as apalavras, mas é um supremacista branco. Não é à toa que é admirado por gente da KKK; que disse que “os dois lados tinham culpa” quando racistas causaram conflitos e uma morte na Virgínia; que consegue votos em todos os antigos estados Confederados. Tem a maior marca de todo racista, que é negar a existência do racismo.

Trump é misógino. Acha que pode agarrar as mulheres pela genitália, como mostrou um áudio famoso. É homófobo. É hidrofóbico. Tirou sarro de um repórter deficiente num comício e jamais se arrependeu.

Trump é autoritário. Não aceita a cobertura da imprensa, exclui repórteres e veículos arbitrariamente de suas coletivas. Mente compulsivamente. Incentiva o ódio a todos que querem contestá-lo e responsabilizá-lo.

E os efeitos de tudo isso se fazem sentir no mundo inteiro. O exemplo da Covid é evidente: ao negar a gravidade da pandemia, Trump permitiu que muitos outros chefes de Estado fizessem o mesmo. (O homem chegou a fugir do hospital sem máscara enquanto estava infectado.)

Trump virou o líder de uma trupe perigosa que se espalha pelo mundo. Salvini na Itália. Erdogan na Turquia. Viktor Orban na Hungria. Duterte nas Filipinas. Bolsonaro no Brasil…

Mostrar que a experiência nos EUA terminou depois de apenas quatro anos, que não deu certo, que os americanos consideraram isso inaceitável seria importantíssimo para barrar o aumento desse tipo de governo, para evitar o espraiamento dessas democracias limítrofes em que tudo vale para manter o poder de uma elite étnica e econômica.

Trump precisa ser derrotado. Não apenas pelos americanos, mas pelo mundo. Não há ninguém tão daninho no mundo hoje, e sua vitória seria um golpe duro em todos aqueles que acreditam na justiça e na solidariedade entre os seres humanos.

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