Educação integral: reclamar funciona

Depois de artigo criticando falta de informações na implantação do contraturno, prefeitura faz reunião e apresenta local e equipe para pais de alunos

Há quatro dias escrevi um artigo sobre minha frustração como mãe de alunos da rede municipal de ensino com a forma como a prefeitura estava conduzindo a implantação do ensino integral na unidade que meus filhos frequentam. No texto falei sobre como os pais haviam sido informados de que as aulas começariam na última segunda, dia 13, apesar do local e da equipe da Unidade de Educação Integral (UEI) não terem sido apresentados às famílias.

Como mãe de uma aluna de 6 anos que não terminou ainda de se adaptar a rotina no primeiro ano do Ensino Fundamental, acho temerário impor uma nova rotina, num outro local e com uma equipe que nem ela nem eu conhecemos.

Após a publicação do meu texto os pais finalmente foram convidados a conhecer a UEI Madre Carmela, que irá servir quatro escolas da Regional do Portão da Secretaria Municipal de Educação (SME). (Na sexta-feira após a publicação a informação que recebemos foi de que os pais poderiam ver o local na segunda, quando deixassem seus filhos lá. Não havia ainda um encontro entre a equipe e as famílias programado).

O local vai abrigar as crianças durante cerca de 4 das 9 horas nos dias em que estarão sob a responsabilidade da Secretaria de segunda a sexta-feira durante todo o ano letivo.

Apesar da minha crítica não ter sido bem-vinda na SME, nem nas unidades escolares, o resultado dela foi positivo: mães e pais de alunos puderam conhecer o local e a equipe que ficará com seus filhos 20 horas por semana. Além disso, durante o encontro, após serem informados de que “contraturno não é lugar de fazer lição de casa”, alguns pais questionaram essa postura da equipe e receberam uma promessa de que ela poderá ser revista.

O encontro aconteceu na manhã dessa quarta-feira, dia 15 de março, na UEI Madre Carmela com a presença da gerente de Educação Integral da SME, representantes da regional e das escolas envolvidas.

No total, a Madre Carmela deve receber 300 crianças de quatro escolas municipais: Maria Nicolas, Campo Mourão, Graciliano e Marçal Justen. Como o Plural já havia noticiado, a SME assumiu instituições que estavam fechadas para implantar o contraturno de escolas que não teriam espaço físico para receber aulas em tempo integral.

Durante a reunião a equipe da SME falou sobre as refeições (as crianças farão um lanche pouco antes do intervalo e irão almoçar no local), sobre a programação de atividades e sobre a organização das turmas. A equipe da SME falou brevemente sobre o que orienta o trabalho na Educação Integral e pediu aos pais que olhassem o site da Gerência do setor para detalhes.

No balanço geral o encontro foi bastante positivo e proveitoso. Ainda mais se a SME ouvir as considerações dos pais e passar a prever horário para lição de casa no contraturno. Na realidade, a participação das famílias nas escolas é um fator de melhora da qualidade de ensino e de redução de evasão. Pais não são pessoas chatas que reclamam de tudo nem deveriam aceitar de bom grado o que a prefeitura oferece.

Pais são, inclusive legalmente, responsáveis pelos filhos e deveriam ser incentivados não só a registrar suas críticas, como a participar mais da escola. Mas dada as reações e o desconforto que minhas críticas causaram, essa é uma lição que a rede municipal de ensino ainda precisa de mais tempo para aprender, mas o passo dado esta semana já foi de extremamente importante.

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1 comentário em “Educação integral: reclamar funciona”

  1. Olá Rosiane

    OBRIGADA pela matéria. Sua atitude de escrever, reclamar e reivindicar seus e nossos direitos é louvável. Eu estou nesta situação e só encontrei o nome da UEI do Portão através da sua matéria. Em nenhuma matéria – que eu tenha procurado e lido, da Prefeitura de Curitiba, encontrei o nome da UEI, nem o endereço. Não entendo porque não está explicitamente divulgado.

    Obrigada por me ajudar!!
    Que tenhamos um lindo ano!!

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