Mario Vargas Llosa, à beira dos 85 anos, que completará em março deste ano, talvez seja o último grande nome da grande explosão da literatura latino-americana que tomou o planeta nos anos 1960. Mais novo do que os outros autores do boom, como Borges, García Márquez e Cortázar, tornou-se hoje uma espécie de patriarca da literatura do continente.
Romancista de produção farta, Vargas Llosa foi também o último de seis latino-americanos a receber o Nobel de Literatura, em 2010. O peruano, que como muitos autores de sua geração também se envolveu com política, chegando a se candidatar a presidente do Peru em 1990 (perdeu para Alberto Fujimori…) escreveu também contos, ensaios, jornalismo. Mas é na ficção longa que se destaca.
Para quem ainda não conhece a obra dele, o Mundo Hispano selecionou cinco romances fundamentais, com estilos diferentes, que ajudam a ter uma noção do trabalho deste grande escritor:
Conversa no Catedral
Até hoje, quando perguntam a Vargas Llosa, ele diz que talvez seja esse seu trabalho mais importante. Lançado em 1969, o livro se divide em quatro partes. Os dois personagens conversam em um bar e falam sobre o Peru dos anos 1950. Aos poucos, o leitor vai percebendo porém que existe por trás de tudo aquilo uma história de amor e morte que liga os dois protagonistas.
Pantaleão e as Visitadoras
Romance breve e hilário que mostra um plano inusitado do exército peruano: para satisfazer as necessidades de seus soldados, recruta-se um batalhão de prostitutas, pagas pelo erário. O livro é contado por meio de falsos documentos oficiais, cartas, fragmentos de todo tipo e o resultado é uma história fascinante, que acabou transformada em filme.
Tia Júlia e o Escrevinhador
Um dos romances mais famosos de Vargas Llosa, conta duas histórias paralelas. Numa delas, semi-autobiográfica, um jovem que tenta ser escritor se apaixona pela tia mais velha. Ao mesmo tempo, um autor de radionovelas que fascinam o Peru começa a ficar sobrecarregado com as várias histórias que escreve e sem querer confunde os enredos de todas elas.
A Guerra do Fim do Mundo
Vargas Llosa resolveu recontar a guerra de Canudos, no sertão da Bahia, numa releitura do que Euclides da Cunha havia feito quase um século antes. O resultado é um romance colossal, épico, com um panorama vasto do Brasil de finais do século dezenove.
A Festa do Bode
A história se passa na República Dominicana, em dois momentos diferentes. O centro da trama é o assassinato do ditador Rafael Trujillo, em 1961. A narrativa se alterna entre vários momentos e vários personagens, mostrando o último dia de vida do ditador, a história dos homens que o assassinam e também a situação do país 35 anos depois. Documento histórico importante, além do belo trabalho literário.