5 anos depois do 29 de abril, Alep aprova extinção de cargos na educação

Proposta do governador Ratinho Júnior (PSD) também amplia a possibilidade de terceirização

Como têm sido de praxe nas sessões remotas, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou, em três votações, nesta quarta-feira (24), o PL 189/2020, que extingue funções na área da educação e amplia a possibilidade de terceirizações no Estado. Durante a pandemia de coronavírus, os deputados da base aliada tem manobrado para discutir e aprovar em apenas um dia, projetos impopulares ou assuntos de interesse do governo.

O projeto agora vai para a sanção do governador Ratinho Júnior (PSD). A aprovação da proposta veio no aniversário de cinco anos da chamada Batalha do Centro Cívico, ocorrida em 29 de abril de 2015. Na época, o protesto foi contra o projeto que alterava o regime previdenciário dos servidores públicos, lançado pelo então governador Beto Richa (PSDB). Durante a votação da proposta na Alep, aproximadamente 2,5 mil policiais, com 2,3 balas de borracha e 1,4 mil bombas de gás lacrimogêneo, cercaram o Centro Cívico. Cerca de 200 manifestantes ficaram feridos.

Funções auxiliares

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seed), só nesta pasta há 16,5 mil servidores que não exercem atividades consideradas “exclusivas ou estratégicas” para o Estado. Nesse sentido, esses funcionários ocupam funções consideradas auxiliares ou acessórias.

Além disso, a secretaria garante que o projeto não deve prejudicar os servidores concursados, que continuarão em seus cargos até a aposentadoria. A ideia, segundo a Seed, é que a educação do Paraná foque na sua atividade fim, ou seja, na função de “educar”.

O projeto de Ratinho extingue e autoriza, também, a terceirização de mais de 50 cargos e funções públicas. Sendo a maioria delas em áreas como educação básica, saúde e nas universidades estaduais.

Votação polêmica

Em plenário, deputados da oposição criticaram o fato do projeto estar programado para votação em uma data tão simbólica para o funcionalismo. Para o deputado Anibelli Neto (MDB), a proposta de Ratinho é uma afronta aos servidores públicos do Paraná. “Não vai fazer diferença se debatermos melhor e falarmos disso daqui cinco, dez dias”, argumentou.

O líder do governo, Hussein Bakri (PSD), disse que o projeto não tem impacto negativo no orçamento do governo. Segundo ele, a proposta é legal, constitucional e de interesse do Paraná. O deputado Emerson Bacil (PSL) reforçou, durante o parecer da Comissão de Finanças e Tributação, que pelo fato do projeto não criar novas despesas para o Estado, sequer há a necessidade de se apresentar uma planilha sobre o impacto da proposta.

O presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), afirmou que o governo deve tomar medidas necessárias para além do enfrentamento da pandemia. Lembrou ainda, que o Estado passa por um quadro caótico na economia e, que a terceirização pode ajudar a amenizar os danos.

De acordo com o líder da oposição, deputado Professor Lemos (PT), todas as vezes que o Estado aplicou a terceirização no serviço público, houve piora na qualidade dos serviços. Para ele, o projeto não traz nenhum ganho prático para o governo e extingue cargos que não serão repostos em concursos.

A oposição critica também que os pareceres de comissões permanentes da Alep estão ocorrendo durante a sessão no plenário. Os oposicionistas alegam que isso faz com que não haja tempo hábil para a discussão de projetos.

Retirada de direitos

A direção da APP Sindicato afirma que o governo Ratinho está se aproveitando da pandemia para retirar direitos dos servidores públicos do Paraná. Segundo a instituição, o principal interesse do Executivo é o de beneficiar empresas privadas, precarizando o serviço público.

A APP destaca que não houve qualquer diálogo do governo com o funcionalismo. Para a direção do sindicato, essa decisão vai na contramão do que pede a categoria, que reivindica recursos públicos para suprir a demanda de servidores. Segundo a APP, não é realizado concurso público na educação básica desde 2006.

Com a aprovação do projeto, cargos e funções serão extintos após a aposentadoria dos servidores. Quando ficarem vagos, devem ser substituídos por mão de obra terceirizada. A proposta de Ratinho afeta funções como merendeiras, secretários, bibliotecários, auxiliares de serviços gerais, entre outros.

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1 comentário em “5 anos depois do 29 de abril, Alep aprova extinção de cargos na educação”

  1. Joao Everaldo da Silva

    Se livramos do Deuzebu do Richa, para pegarmos outro canalha, chamado: Ratinho Jr. Sim. Ele faz juz ao nome. Nao passa de um rato. Vergonha para o pai dele. Se 1.400 ja e uma miseria de salario, quem dira, trabalhar por 900 e pouco. Educar? Educar o que? O trabalhor ter que de repente, sair pedir na rua, para complementar a renda? E as contas? E o mercado? Vamos viver da graca do Espirito Santo? Tudo por causa de uma obra faraonica que o Rato quer fazer em Matinhos.

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