Vou contar aqui uma coisa que só as pessoas mais íntimas sabem sobre o meu acidente.
(Pros leitores novos que ficarem curiosos, aqui vai um resumão: sofri um acidente dentro de um táxi. Quebrei a janela com o rosto. Levei vários pontos na cara. Fiquei muito parecida com o Chuckie. Tomei sopa de mamadeira por alguns dias. Fim. Já passou, tá tudo bem.)
Como eu levei muitos pontos no meu lindo rostinho, e fiquei toda estrupiada em casa por uns dias, um amigo da família, que é farmacêutico, passava todo dia pra trocar o curativo (basicamente um processo de desenfaixar e enfaixar minha cara), ver se estava tudo ok, levar uns remédios, essas coisas…
E uma das coisas que ele me falou pra fazer, era passar arnica (se você não sabe o que é, com certeza sua vó sabe) nos lugares que tinham ficado com hematoma e também tomar arnica pras “machucaduras interna” (bejão pros lapianos todos).
Acho que tem vários produtos de arnica, mas neste caso, era um vidrinho com um líquido, onde tinha a tintura da arnica, basicamente a plantinha mágica amassada embebida em álcool.
Tá.
– Mas como toma isso? – perguntei-lo eu.
– Você coloca um tanto assim (mostrando com a mão) num copo e toma, duas vezes no dia. O gosto é ruim, mas faz bem.
Oooookay.
Eu já sou uma pessoa obediente, toda cagada e parecendo trapo, então? Super obediente!
Tomei certinho. Duas vezes no dia. O tanto que ele me mostrou no copo (dava menos que um quarto de um copo).
Beeeeleza.
A arnica acabou, depois de uns três dias, e eu pedi pra ele trazer mais.
Gente, eu tava toda focada na recuperação, tomando a amiga arnica duas vezes ao dia, bonitinha.
No começo o gosto era muito ruim, depois acostumei. De boas.
Arnica, sua linda, te considero demais!
Mais três dias e ela acabou de novo e eu pedi de novo pra ele trazer. Porque, né, tava funcionando. Eu tava ótima.
Aí ele ficou intrigado e perguntou:
– Você tá tomando banho de arnica? Tá passando como?
E eu mostrei, bem princesinha, como estava passando a arnica nos hematomas, com um algodãozinho…
– E mesmo passando assim já acabou?
– Já, ué.
– Hmmm… Tá.
Beleza. Ele trouxe mais um vidro.
E eu lá: Eu e arnica. A arnica e eu. Minha amiga arnica e nossa relação feliz de amizade sincera de uma pessoa que só quer o bem da outra.
Aí, deu mais uns dias e acabou de novo, e eu falei:
– Preciso continuar tomando a arnica? Será que não tem um vidro maior?
Nessa hora, meus amô, o homem quase caiu pra trás.
Ele perguntou desesperado:
– AB, como você tá tomando isso?
E eu, muito inocente: Ué, do jeito que você mandou, duas vezes no dia eu coloco um tanto assim no copo e tomo.
E ele: Tá, mas quantas gotas?
E eu: Gotas do quê?
E ele: De arnica, Aline, quantas gotas você tá colocando no copo com água?
E eu: Água? Que água?
Sim. Passei os primeiros vários dias pós acidente, bêbada de arnica com álcool.
Foi ótimo.
Não senti nada de dor de nada.
Recomendo muito.