Ocupação em Campo Magro tem 300 famílias de imigrantes

Na região metropolitana de Curitiba, famílias de diversos países latino-americanos lutam pelo sonho da moradia

A comunidade Nova Esperança surgiu em 25 de maio de 2020 e conta com 1.200 famílias – destas, 300 são de imigrantes do Haiti, Cuba e Venezuela que estão residindo no local. A ocupação está localizada em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba (PR).

As famílias vêm para o Brasil em busca de uma nova vida. Porém com a crise econômica e o grande aumento dos preços do aluguel, elas procuram ocupações urbanas para residirem. Este foi o caso de Jonise Almus (39). A Haitiana, que está no Brasil há mais de cinco anos, reside na comunidade junto com seu esposo David (38) e seus filhos Danilsa (16), Elizandro (11) e Israel (5).

Jonise trabalhava como diarista e comerciante em seu país. Aos 17 anos, com a perda de sua mãe, mudou-se para República Dominicana onde casou e teve seus dois primeiros filhos. Em 2015, com vistos de refugiados, vieram para o Brasil em busca de melhores condições.

Ela morou 5 anos no Campina de Siqueira, bairro de Curitiba, quando descobriu que havia uma comunidade em Campo Magro onde ela poderia ter melhores condições de vida. “Soube através de um amigo e resolvi vir conhecer. Já não estávamos mais conseguindo arcar com as despesas; depois da pandemia piorou. Chegamos e fomos bem acolhidos, conseguimos um lote e estamos na luta para terminar de construir a casa”, diz Jonise.

Jonise luta pelo direito à moradia. Foto: Juliana Barbosa

Destacando-se entre tantos imigrantes por ter domínio do idioma português a imigrante fala 4 idiomas (crioulo haitiano, francês, português e espanhol). Ela conta a dificuldade que teve ao chegar no Brasil. 

“Tem gente que tem tanto e outros nada. Recebíamos R$ 1.000 e tínhamos gastos de R$ 1.500. Não tem como sustentar cinco pessoas assim, mas aqui na comunidade a vida melhorou. Se não estivesse aqui, estaria debaixo de uma ponte”, declara.

Haitianos

A imigração haitiana ocorre por diversos fatores: conflitos políticos, crises econômicas e catástrofes naturais. Em 2010, na capital Porto Príncipe, ocorreu um terremoto, o que levou várias pessoas a deixar o país.

No período de uma década, houve um aumento de 24,4% no número anual de novos imigrantes registrados no Brasil, segundo dados divulgados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública em 2021. Atualmente, 1,3 milhão de imigrantes residem no Brasil. Segundo o portal da prefeitura de Curitiba não há uma estatística fechada a respeito do número de imigrantes em Curitiba os dados da Polícia Federal não incluem os migrantes laborais por razões humanitárias. Já segundo a newsletter O Expresso, Curitiba tem cerca de 2 mil imigrantes matriculados em escolas, dos quais 1.115 venezuelanos e 778 haitianos.

Além de sofrer com a crise brasileira e com a mudança de território, os imigrantes sofrem diversas violências como o racismo e o preconceito. “O bullying piora quando falamos que moramos em uma ocupação. Quando entramos em um mercado, as pessoas nos olham dos pés a baixo e cochicham achando que não entendemos o que falam. Não me abalo, nós estamos aqui lutando por nossos direitos, sinto que esse é meu lugar e faço parte dessa comunidade”, relata a comerciante.

Este texto é parte do projeto Periferias Plurais, que convida seis jovens de Curitiba e região a falar sobre suas vidas e suas comunidades.

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2 comentários em “Ocupação em Campo Magro tem 300 famílias de imigrantes”

  1. Não há nenhuma contaminação de água. Se vc visitar poderá verificar por si mesma. Cuidado com falsas acusações. Convido para visitar o local. Um abraço.

  2. Um absurdo esta invasão! Estão contaminando água de Curitiba e região , pois é uma importante reserva ambiental ! Não entendo porque ainda não foi retirada .

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