Após denúncia, alunos da comunidade Barrocas ganham transporte escolar

Depois de reportagem do Plural, comunidade consegue ônibus para estudantes, mas de forma parcial

A comunidade Barrocas, no bairro Santa Cândida, conseguiu parcialmente o que é de direito: transporte escolar gratuito para estudantes de escolas estaduais. A conquista veio para o início deste ano, cinco meses depois de uma reportagem do Plural mostrar que, por três gerações, estudantes caminhavam por uma hora para chegar à escola.

Com a divulgação do problema enfrentado, foram realizados ofícios e abaixo-assinado, o que fez com que o governo, enfim, reconhecesse a precariedade da situação. Dessa forma, a reivindicação chegou à Secretaria Estadual de Educação (SEED), que providenciou o ônibus para o Colégio Papa João Paulo I. Porém, para a rede municipal, o transporte não foi liberado.

Satisfação com limitações

Segundo Alice Mariano, moradora da comunidade que liderou a reivindicação, crianças e adolescentes começaram a ir e a voltar da escola muito felizes com o transporte escolar, nos turnos da manhã e da tarde. Alice afirma também que, mesmo o pedido sendo feito para a Barrocas, foi estendido para mais três comunidades, nas quais estudantes frequentam a mesma escola.

Karina Pereira, monitora do transporte escolar, conta que as crianças estão gostando do serviço e que há uma lista de espera para 54 estudantes.

Para Marcela Alves, mãe de uma adolescente que estuda em colégio estadual, a situação melhorou muito, pois há o transporte gratuito. “Para nós está sendo maravilhoso! E que venha mais benefícios para essas crianças. Elas merecem”, diz.

Crianças fazendo longa caminhada antes da chegada dos ônibus. Foto: Letícia Godoy

Aguinaldo Carneiro, diretor do Colégio Papa João Paulo I, afirma que o serviço “está fluindo”, dentro das limitações de atingir muitas pessoas, diferente de um ônibus particular. “Na realidade ele teria que parar um ponto só, mas como a gente está fazendo, com ajustes, está dando certo por enquanto”, afirma. Aguinaldo fica na expectativa quanto ao futuro e melhorias do serviço disponibilizado.

Para estudantes das escolas municipais, o ônibus não chegou e a população informa que, segundo a Prefeitura, é necessário o nome de 40 crianças. Porém, ainda segundo a população, no colégio frequentado pelas crianças a diretora não pode passar esses nomes e no Núcleo de Educação também não resolvem o problema.

Outras reivindicações

De acordo com Alice Mariano, essa é a primeira conquista de direitos da Barrocas desde que ela é moradora da comunidade, mas que está atuando em mais lutas. Uma delas é a conquista do transporte escolar para as crianças da rede municipal. “O colégio municipal ainda a gente não tem, e é o que a gente quer, porque é R$ 280 de van. Tem uma mãe aqui que paga R$ 500 de van”.

Outras reivindicações são: o acesso a um posto de saúde e a construção de um espaço de lazer na comunidade. Com relação a esse espaço, a justificativa é de que as crianças sempre ficam no domingo jogando bola em um local que fica à frente da comunidade. Como as mães também ficam no local para atender as crianças, a ideia é a de montar um espaço com mesas e cadeiras de concreto, e um jardim, como tem no centro de Curitiba.

Segundo a população, com esse novo espaço, a vista da região ficaria mais agradável, por isso estão atrás de parcerias para realização de um projeto nesse sentido. “Se tivesse uma universidade faria o trabalho com as crianças do bairro para aprender a deixar o bairro mais bonito”, idealiza Alice.

Este texto é parte do projeto Periferias Plurais, em que o Plural convida jovens de Curitiba e região metropolitana para falar de suas vidas e de suas comunidades. O projeto tem apoio do escritório de advocacia Gasam.

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