Vacinação de pessoas com comorbidades está quase no fim e só atendeu 13% do público

Aplicação da primeira dose para o grupo começou no dia 11 deste mês; pessoas a partir dos 30 anos já estão sendo vacinadas

Desde o início da vacinação de pessoas com comorbidades em Curitiba, há nove dias, apenas 13,2% do grupo recebeu a primeira dose. Das 300 mil pessoas com alguma das doenças que constam no atual Plano Municipal de Vacinação, em vigência desde 5 de maio deste ano, foram vacinadas 39.645 com a primeira dose até esta quarta-feira (19).

Mesmo com a baixa taxa de aplicação da primeira dose e a maior parte do grupo de pessoas com comorbidades ainda desprotegida, a Prefeitura de Curitiba decidiu ampliar a faixa etária de vacinação, passando a abranger pessoas a partir dos 30 anos.

Para receber a vacina, indivíduos que têm pelo menos uma das 22 doenças da lista de comorbidades presente no Plano de Imunização e são acompanhadas pelo Sistema Público de Saúde de Curitiba não precisam apresentar atestado comprovando que se enquadram no grupo. Por meio do aplicativo Saúde Já, as pessoas que se enquadram no grupo de comorbidades e que são atendidas pelo SUS são avisadas do início da vacinação. Após a notificação, o indivíduo deve acompanhar as datas da aplicação do imunizante por meio dos canais de comunicação oficiais da Prefeitura.

Por outro lado, pessoas atendidas pela rede privada necessitam, obrigatoriamente, apresentar uma declaração médica disponibilizada no portal do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), emitida pelo profissional que as acompanha, com a indicação da comorbidade.

Segundo a superintendente de Gestão da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) Flávia Quadros, com base nos pacientes cadastrados no prontuário do órgão, o número de pessoas com comorbidades atendidas pelo SUS é de 154 mil. Considerando que o plano privado atenderia praticamente o mesmo número de pacientes, a SMS chegou no total de 300 mil pessoas com comorbidades. Flávia afirma que o Portal do CRM-PR já contabiliza 50 mil atestados emitidos.

A superintendente explica que a ampliação da faixa etária da vacinação se deu por conta do processo de obtenção da declaração médica para as pessoas atendidas pelo sistema particular de saúde, que, segundo ela, é demorado. “Como a gente tinha vacina, capacidade operacional, equipes e unidades abertas esperando para receber pessoas, foi adiantando a vacinação. Não tinha porque ficar atendendo um número muito pequeno de pessoas diariamente sendo que tínhamos tudo disponível”. A estratégia de ampliar a faixa etária do grupo, segundo Flávia, foi para “agilizar e vacinar o maior número de pessoas possível”. 

A superintendente ressalta que a vacinação não está restrita somente para pessoas do grupo com 30 anos. “Se uma pessoa de 58 não tinha a declaração no momento que era a vacinação dela, ela pode vir a qualquer momento que ela será vacinada, contanto que a gente tenha vacina.”

Alteração no grupo de comorbidades

O primeiro Plano Municipal de Imunização desenvolvido pela Prefeitura de Curitiba, de 14 de janeiro de 2021, contabilizava 800 mil pessoas dentro do grupo de comorbidades. Entre elas estavam cardiopatas graves, diabéticos, hipertensos, obesos, portadores de doenças neurológicas, portadores de pneumopatias graves, pessoas com deficiências permanentes e severas, portadores de neoplasias, imunossuprimidos e transplantados e ainda a população em situação de rua. 

Lista de pessoas com comorbidades do primeiro Plano Municipal de Imunização. Imagem: Plano Municipal de Vacinação Covid-19 14/01/2021

No entanto, desde 5 de maio está em vigor outro documento, que contabiliza apenas 300 mil pessoas dentro do grupo de comorbidades. Entre elas estão diabéticos, portadores de pneumopatias graves, hipertensos, cardiopatas graves, obesos, imunossuprimidos, pessoas com Síndrome de Down e pessoas com cirrose hepática. 

Descrição das comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação do atual Plano Municipal de Imunização. Imagem: Plano Municipal de Vacinação Covid-19 05/05/2021
Descrição das comorbidades incluídas como prioritárias para vacinação do atual Plano Municipal de Imunização. Imagem: Plano Municipal de Vacinação Covid-19 05/05/2021

No atual Plano Municipal de Imunização foram retiradas do grupo de comorbidades pessoas com deficiência permanente severa e a população em situação de rua. As primeiras foram divididas em dois grupos: o de pessoas com deficiência que têm cadastro no Benefício de Prestação Continuada (BPC) – 5.321 – e o das que não têm – 31.500. A alteração, no entanto, não explica a diferença de 500.000 pessoas de um plano para outro. A população em situação de rua corresponde a 4.500 pessoas.

Quadro com a estimativa populacional em cada grupo prioritário a ser vacinado do atual Plano Municipal de Imunização. Foto: divulgação
Quadro com a estimativa populacional em cada grupo prioritário a ser vacinado do atual Plano Municipal de Imunização. Foto: divulgação

Sobre a redução do número de pessoas consideradas do grupo de comorbidades, a superintendente de Gestão da SMS afirma que, assim como o Plano Nacional de Imunização, o Plano Municipal também passou por ajustes. “Naquele momento (janeiro de 2021, quando fizeram o primeiro documento) a gente não tinha bem definido os critérios do Ministério da Saúde. Hoje a gente sabe que são 22 comorbidades e quais são. Tudo foi se modificando conforme a gente foi tendo mais definição do Ministério de quais seriam os grupos elegíveis para comorbidade”.

A lista de comorbidades do atual Plano Municipal de Imunização segue a listagem do Ministério da Saúde, presente também no documento nacional. As mudanças, porém, também não explicam a queda de 800 mil para 300 mil no público previsto nesse grupo.

Números da vacinação 

De acordo com o relatório da SMS, até esta quarta-feira (19) foram vacinadas 437.183 pessoas com a primeira dose do imunizante. Destas, são 300.010 idosos, 74.670 profissionais da saúde, 6.585 moradores, funcionários e cuidadores de instituições de longa permanência, 5.218 trabalhadores das forças de segurança, 77 indígenas, 6.662 gestantes e puérperas, 1.935 pessoas com deficiência, 39.645 pessoas com comorbidades e 2.381 educadores. 

Com a segunda dose, foram vacinadas 205.212 pessoas. Desde o início da campanha de imunização, a capital recebeu 736.060 doses de vacinas do Ministério da Saúde, que foram repassadas pelo Governo do Estado do Paraná. Destas, 460.240 foram destinadas à primeira aplicação e 275.820 à segunda. 

Conjuntamente ao grupo de pessoas com comorbidades, a aplicação da primeira dose continua para professores e trabalhadores da Educação Básica de 53 e 54 anos completos e para gestantes e puérperas com comorbidades (mediante comprovação da condição de risco), para pessoas com Síndrome de Down acima de 18 anos e para idosos acima de 60 anos (repescagem).

Colaborou: Maria Cecília Zarpelon

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2 comentários em “Vacinação de pessoas com comorbidades está quase no fim e só atendeu 13% do público”

  1. Um curitibano puto da vida

    Equipe do Plural, um detalhe bem importante.

    Esta reportagem afirma que

    “Para receber a vacina, indivíduos que têm pelo menos uma das 22 doenças da lista de comorbidades presente no Plano de Imunização e são acompanhadas pelo Sistema Público de Saúde de Curitiba não precisam apresentar atestado comprovando que se enquadram no grupo. A data da vacinação dessas pessoas é anunciada automaticamente pelo aplicativo Saúde Já.”

    Negativo!
    O aplicativo não informa as datas tão automaticamente assim.
    Tanto não diz que hoje tomei a 1ª dose da Pfizer e o aplicativo não tinha a data de vacinação para pessoas no meu quadro – diabetes melitus tipo 1, 33 anos. É mais provável que o aplicativo mostre datas de reforço de vacina da hepatite ou qualquer outra, mas nem sempre a da covid.

    Além disso, recomendo que façam uma matéria sobre problemas que as pessoas podem ter justo na fila da vacina, seja com comprovantes de endereço e afins.

    Não há motivos para se queixar da equipe de saúde, cujas orientações podem fazer algumas pessoas perderem a viagem (e a paciência, vi gente dando com a cara na porta antes de ser vacinada); mas o poder público que manda nela dá motivos de sobra para que qualquer um se irrite.

    Caso já materia tenham uma matéria com tal foco, o social media de vocês pode traze-la de novo às redes. 😉

    Cuidem-se!

  2. Bruno Gouveia Benvenutti

    Acredito que isso se deve ao fato de que comorbidades que eram esperadas foram inseridas no Plano Nacional de Imunização só na sua forma mais grave.
    Um exemplo é a asma grave, para pessoas que utilizam corticóides de maneira contínua. No plano, só se confere o grau de comorbidade se o corticóide de uso contínuo for sistêmico (via oral), e exclui as pessoas que dependem de “bombinhas” diariamente.

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