Um professor em defesa da Constituição

Daniel Medeiros, colunista do Plural, lança projeto de conscientização de jovens

Daniel Medeiros é um dínamo. Dá dezenas de aulas por semana, preparando cinco mi, alunos por ano para op vestibular. Além das aulas de história, leciona também filosofia.

Como isso não é suficiente, resolveu escrever artigos. Acabou virando colunista do Plural e de outros veículos espalhados pelo Brasil. Mas isso e a rotina pessoal (que inclui mulher, filhos e cachorro) não parecem ocupar todo seu tempo.

Daniel, na sua missão civilizatória, decidiu criar um novo projeto, o Artigo Terceiro. Começou quando ele escreveu um post em redes sociais dizendo que se um professor dissesse que o Brasil precisa erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, ele não está sendo esquerdista: está apenas citando o artigo terceiro da Constituição.

Agora, o projeto Artigo Terceiro ganha corpo nas redes sociais. E enquanto isso, Daniel já prepara, claro, um novo trabalho: um livro sobre democracia para jovens.

O que é exatamente o projeto?
O Artigo Terceiro nasceu na esteira do terraplanismo e do movimento antivacinas. Ou seja, da urgência de se retomar o óbvio e voltar a falar dele, didaticamente, particularmente para os jovens.

Pelo que lembro, você vem postando esse texto do artigo terceiro da Constituição há algum tempo, até como provocação, para mostrar que isso não é algo ideológico. Foi daí que surgiu a ideia?
Sim. E da repercussão que o post teve, sendo replicado até pelo Quebrando o Tabu. Faço parte de uma minoria que chegou até o fim da formação acadêmica e ficou na planície, no Ensino Médio, por acreditar, principalmente, que é nessa faixa etária (15-18 anos) que uma formação para a Cidadania é possível. E é preciso falar sobre cidadania partindo das instituições e não das pessoas. Daí a ideia de batizar o projeto de Artigo Terceiro, que elenca os objetivos fundamentais da República brasileira.

Você, como professor de história, acha que a democracia brasileira de fato corre risco no momento?
Pra começar, temos muito pouca vida democrática, porque as pessoas não conhecem bem as regras do jogo e por isso tem dificuldade de participar. Não há transparência nos partidos e o corporativismo dos eleitos faz com que se pense neles não como representantes e sim como oportunistas. Nas escolas os jovens não são ouvidos, não tem voz. Agora voltou à moda associar educação com disciplina , como se fosse possível aprender sem conflitos. Sem vida democrática não se pode imaginar que as pessoas tenham apreço pelas instituições democráticas que deveriam exercer e fomentar práticas democráticas. E aí é que o risco emerge.

O que cada um de nós pode fazer para minimizar esses riscos?
Agir e ensinar a agir democraticamente. Precisamos parar de nos mobilizar contra e começar a nos empenhar em favor de um discurso e uma prática democrática. Chamar os outros de ignorantes não vai esclarecer ninguém.

Como acompanhar o teu projeto?
Por enquanto tenho a página no Instagram: artigo _terceiro. Logo teremos uma plataforma chamada Ponto A Ponto B, que buscará conectar jovens de Ensino Médio com empresas de impacto socioambiental, pra mostrar que há solução inteligente para o país e para o mundo. E estou terminando o Guia de Democracia para Jovens Inteligentes. A partir dele, pretendo percorrer escolas falando sobre o tema. Sou aquele cara que vê 5 mil tartarugas de barriga pra cima e consigo desvirar umas vinte ou trinta, sabendo que é o que consigo fazer é o melhor que posso fazer.

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