Estudantes que fizeram o vestibular da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no último domingo (26), relatam que na prova aplicada em Francisco Beltrão, município do sudoeste do Paraná, os malotes que continham as avaliações foram trocados e a prova que deveria ser realizada à tarde foi entregue no período da manhã, dando tempo para que alguns vestibulandos conhecessem o tema da redação antes de outros candidatos – e com tempo para fazer pesquisas sobre o assunto durante o intervalo de almoço. A instituição, no entanto, nega que qualquer falha tenha ocorrido.
Perto das 8h40 do dia 26 de setembro, Ana Clara Scheuer, de 18 anos, aguardava sentada na primeira carteira de uma das salas do Cursinho Alfa, em Francisco Beltrão, pelas orientações do vestibular da UEPG.
“Entramos na sala, leram as instruções e pegaram o malote de provas. Tem a verificação se estavam lacrados mesmo e estavam. Deu o horário de início da prova e começaram a distribuir. Como eu estava na primeira fila fui umas das que recebeu a prova primeiro. Só percebi que tinha algo errado quando uma menina da minha sala falou que era a prova da tarde”, conta.
Passaram-se cerca de dois ou três minutos desde a distribuição das provas até o momento em que os fiscais perceberam o erro e começaram a recolhe-las. Porém, como a folha de redação é a primeira do caderno de provas, logo após as instruções, Ana Clara acredita que alguns vestibulandos tiveram tempo de verificar tanto o tema quanto o gênero textual exigido no exame.
“Não aconteceu só na minha sala. Teve turmas que não chegaram a abrir o malote, já em outras entregaram e recolheram [as provas] como foi o caso da minha. Assim que a menina falou que era a prova errada, o fiscal começou a recolher e o pessoal da UEPG que estava aplicando passou nas salas dizendo que trocaram os malotes.”
Ana Clara conta que, quando chegou em casa, percebeu por meio dos relatos das redes sociais que diversas pessoas já sabiam do tema antes de iniciar a redação, uma vez que houve um intervalo de pelo menos 2 horas e 15 minutos entre o fim da prova vocacionada e o fechamento dos portões para a prova da tarde.
Embora a vestibulanda não acredite que o tema tenha chegado à maioria dos candidatos, para ela, muitas pessoas sairão prejudicadas, principalmente aquelas que disputam por cursos mais concorridos. “A redação vale mil pontos na prova. Pelo menos em Medicina, estava 481 por vaga. Foram 10 mil inscritos no vestibular, então é impossível ninguém ter sido prejudicado.”
De acordo com outra vestibulanda de Medicina, que prestou o vestibular da UEPG em Curitiba, por volta das 12h, o tema da redação já estava circulando pela internet. “O pessoal começou a falar no Twitter e aí começou a se espalhar pelos grupos de WhatsApp, Telegram, etc. Muitos candidatos já tinham visto o tema e a prova já havia sido violada. Os fiscais falaram que não era aquela prova, eles de certo ficaram desesperados né”, comenta.
Imagem de um grupo no WhatsApp que recebeu a mensagem dizendo o tema e gênero textual da redação. 
Como consta no exame, o tema da redação foi “A importância e os desafios da divulgação social do conhecimento científico após a pandemia de Covid-19”.
O vestibular da UEPG foi aplicado em 46 locais de prova distribuídos em 13 cidades do Paraná: Ponta Grossa, Cascavel, Castro, Curitiba, Francisco Beltrão, Guarapuava, Irati, Jacarezinho, Maringá, Palmeira, Telêmaco Borba e Umuarama. São 725 vagas distribuídas entre 39 cursos de graduação.
Denúncias nas redes sociais
Ana Clara não é a única dos 9.114 inscritos que cobra posicionamento da universidade. Nas redes sociais, vestibulandos de diversas partes do estado demonstram indignação e buscam respostas.
Procurada pela reportagem, a UEPG informou que fez verificações em todos os locais de prova, mas que não houve “registro de qualquer situação que prejudicasse a realização das provas ou desempenho dos candidatos”.
Em nota publicada na última segunda-feira (27), a instituição de ensino afirmou que o vestibular transcorreu normalmente e que as correções já estão em andamento. O resultado será divulgado até o dia 26 de outubro.
Reportagem sob orientação de João Frey
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Isso aconteceu na sala que estava ,questionando a fiscal disse nada , mandou preocupa a diretoria que tbm não disse nada .
INCOMPETÊNCIA