Oswaldo, o gato caolho

Se você, assim como eu, nunca tinha ouvido falar de esporotricose, aperta os cintos e vem comigo

Quando o Oswaldo apareceu na minha vida ele não era caolho, e nem se chamava Oswaldo.

Gatinho de rua, ele apareceu na casa da minha sogra um dia, machucado e com medo. Deu aquele aperto no coração, mas o medo de levar um bichinho doente pra casa e passar alguma doença pro Walter (sim, meu gato se chama Walter) era maior.

Deixamos ele lá e imploramos pra minha sogra dar comida e ficar de olho nele.

Duas semanas depois, o gato voltou, muito mais machucado e com muito mais medo. E aí não teve jeito, botamos ele na caixinha e corremos pra uma clínica 24h, para fazer um teste de FIV/FELV e garantir que ele poderia conviver com o Waltinho.

E aí veio a bomba. FIV/FELV, nossa maior preocupação, ele não tinha. Mas em compensação tinha esporotricose.

Se você, assim como eu, nunca tinha ouvido falar de esporotricose, aperta os cintos e vem comigo.

Dá pra chamar essa doença de muitas coisas, porque o que ela faz com o bichinho é sacanagem. Pelo que eu consegui entender, é como uma micose, que vai enchendo o bicho de fungos. E, pra melhorar, pode passar pra outros gatos, cachorros e até mesmo humanos.

Depois de um certo desespero, o gato, agora chamado de Oswaldo, ficou internado por 24h e nós voltamos para casa, cogitando queimar todas as roupas e chorar. A gente achava que ia pegar a doença, que ia passar pros nossos bichos, e ao mesmo tempo, sabia que não podia desistir do bichinho.

Pesquisei todos os lugares possíveis para tratar ele. Todas as dicas que todo mundo deu? Eu fui atrás. Apesar de ser uma questão de saúde pública no Paraná (conforme fui informada pela veterinária), eu tive um atendimento terrível.

Sim, eu posso conseguir remédio gratuito pelo centro de zoonoses. Mas você precisa ter o laudo do animal, que pode levar até 30 dias para sair (e nesse período não pode ficar sem medicação).

Sim, a PUC interna: de segunda a sexta, no fim de semana ele tem que voltar pra casa. E ah, não sei se eu mencionei, mas ele precisava ficar isolado, nós só podíamos encostar nele com luvas e máscaras, e precisávamos limpar o cômodo em que ele ficou com água sanitária antes de os nossos bichos poderem entrar no quarto.

Com a UFPR infelizmente não consegui um retorno positivo. Eles não estavam mais fazendo internamento para Esporo.

Conseguimos, felizmente, uma clínica no Santa Cândida que faz pesquisa com a doença e internou ele. Isso já faz quase três meses.

Nesse meio tempo, entre cirurgias para congelamento dos fungos, remédios e internamento, já gastamos quase R$ 6 mil.

Felizmente estamos cercados de gente incrível que nos ajudaram demais com vaquinhas e rifas. Sem essas pessoas, não teríamos condição de cuidar dele como ele precisava.

Infelizmente, o último estágio da doença foi atingir o olhinho esquerdo dele, que ele acabou perdendo. Mas as feridas já estão quase cicatrizadas, e no fim desse mês ele já deve voltar para casa.

Por enquanto, seguimos com a nossa rifa e vaquinha, ansiosos pelo dia em que Oswaldo piratinha vai poder oficialmente ir para casa, brincar com os bichos e receber seu tapa-olho.

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