Uma passageira foi xingada e agredida por um motorista do aplicativo 99 Pop durante viagem a um território indígena. O caso foi por volta das 18h da quarta-feira (20), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Parte da situação foi gravada pela vítima, que também disse ter sido intimidada. À polícia, ela relatou que o motorista ameaçou chamar o pai policial para tirá-la do veículo. Veja o vídeo na parte final da matéria.
Dayane Padilha, professora, teve ferimentos nas mãos e joelhos ao ser lançada para fora do carro pelo próprio motorista. Pelas imagens, é possível ver quando ele para o automóvel e a retira à força do banco de trás. Além dos machucados, a passageira perdeu parte das compras que levava às famílias de diferentes etnias na Floresta Estadual Metropolitana de Piraquara.
Por causa do feriado, o Boletim de Ocorrência só pôde ser registrado nesta sexta (22), depois de três tentativas anteriores fracassadas. Até o início da tarde, o Instituto Médico Legal ainda não havia atendido ao pedido de agendamento para os exames de lesão corporal.
A docente não pertence às comunidades, mas acredita que os traços de sua descendência indígena tenham feito o motorista direcionar racismo ao trato que teve com ela. No meio da discussão, Dayane foi xingada de “pé de barro”, termo pejorativo para se referir a indígenas, e também de “índia piranha”.
A discussão, contou a professora ao Plural, começou por causa de uma imprecisão no GPS do aplicativo. O localizador não reconheceu o endereço exato do destino da viagem e determinou parada antes do ponto onde ela verdadeiramente deveria saltar. Dayane relatou ter pedido ao motorista que seguisse até o ponto de fato, mas ele exigiu o pagamento extra de R$ 15 para finalizar a corrida. A vítima não tinha o dinheiro e, por isso, teria tentado explicar que o próprio aplicativo recalcularia o valor da rota com a continuidade da viagem, mas sem sucesso.
“Ele já tinha reclamado de a rua ser de estrada e que isso poderia estragar o carro dele, e quando me ouviu conversando com o Eloi [um dos líderes das comunidades] para saber exatamente o endereço, já começou a falar que não levaria ninguém para aldeia indígena e começou a reclamar também porque aquela era a rua do presídio”.
A rua à qual a docente se refere é a Isídio Alves Ribeiro, onde ficam a Casa de Custódia e a Penitenciária Estadual de Piraquara II. O endereço também abriga a Floresta Estadual Metropolitana. Considerada área protegida, desde 2009 vinha sendo requerida por etnias indígenas, que retomaram o uso do espaço em agosto do ano passado. No dia das agressões relatadas pela professora, o espaço comandava atividades, organizadas com o apoio da prefeitura e de movimentos sociais, para celebrar o mês dos povos indígenas.
“Ele simplesmente disse que era problema meu, que eu que me fod**** e que, se não pagasse, ele me deixaria ali. E falou ainda ‘você vai descer do carro, se não vou chamar meu pai policial para arrancar de dentro’. Nesse momento, eu já estava muito nervosa”.
Diante do impasse, a vítima pediu ao motorista para que retornasse ao supermercado onde ela havia embarcado, no Centro de Piraquara. Ao mesmo tempo, ela também tentou acionar a central de atendimento do 99 Pop. Foi quando, de acordo com a professora, começaram os xingamentos e ela decidiu, então, ligar a câmera do celular.
“Eu parei a ligação, comecei a gravar e ele viu. Eu pedi para que ele repetisse as ofensas, mas ele ficou quieto e, daí, insisti que ele não tinha o direito de fazer aquilo comigo. Nisso, ele continuou me chamando de pé de barro e tentou me socar no banco de trás”.
O vídeo gravado pela professora mostra o momento em que o motorista joga a mão em direção a ela. Logo depois, o carro é parado e a vítima retirada, aos gritos, de dentro do carro. Antes de lançar a mulher para fora do automóvel, o dono do carro se joga por cima dela para retirar o cinto de segurança.
Para não ter o celular danificado e perder as provas da agressão, Dayane colocou o aparelho por dentro da roupa. Em contato com a pele, a gravação para. No local onde foi deixada, ela conseguiu carona com uma equipe de imprensa até uma rua mais movimentada.
No mesmo dia, com ajuda de amigos, seguiu até à Delegacia da Mulher de Curitiba para registrar os acontecimentos, mas foi orientada a buscar a Polícia Civil da cidade onde os fatos ocorreram por não se tratar de condutas enquadráveis na Lei Maria da Penha. Em Piraquara, só conseguiu formalizar a denúncia nesta sexta, depois de duas tentativas anteriores, devido ao esquema de plantão de feriado. O B.O consta como caso de lesão corporal.
Embora tenha feito reclamação formal na central de denúncias da 99 Pop, Dayane disse só ter recebido um retorno da empresa após compartilhar a história em seu perfil no Twitter. A companhia afirmou a ela que já teria bloqueado o motorista de sua plataforma.
A 99 foi procurada pela reportagem, mas não retornou. Já a Polícia Civil disse que, como está em esquema de plantão, informações sobre o caso só poderão ser solicitadas a partir da próxima segunda-feira.
“Tenho descendência indígena, mas cresci em ambiente urbano. Só que como tenho cara, os traços, e falei que ia para o território indígena, acho que ele direcionou um tanto racismo, sim”, acrescentou a docente. “Eu fiquei transtornada, pensando depois que eu fui muito maluca de começar a gravar, inclusive. Ainda sinto um tanto de insegurança, de medo, mas não dá para deixar o medo paralisar”.
Casos de agressões contra indígenas vêm crescendo consideravelmente nos últimos anos. As situações mais relatadas têm a ver com investidas de grileiros, garimpeiros e madeireiros sobre as terras protegidas de etnias. Mas violência também está na lista.
Em 2020, 182 indígenas foram assassinados, em um cenário de registros 61% maior do que o ano anterior, mostra o mais recente Relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, com dados de 2020, do pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Os dados do levantamento, afirma o conselho, indica aprofundamento de um cenário “extremamente preocupante” em relação aos direitos, territórios e vidas dos povos indígenas brasileiros.
Sou motorista de app a 5 anos, já peguei vários passageiros assim, e sempre a mesma conversa, e logo ali pode ir mais para frente, e só mais duas quadras. Não justifica a agressão porem oque falta e informações sobre como e “cobrado” o deslocamento fora da rota, oque não é cobrado nenhum centavo, mesmo que você ande o dobro.
Valor e cobrado do ponto A para o ponto B se tiver alteração o usuário deve alterar, e fica critério do motorista aceitar tal mudança: ele escolheu a corrida de sabendo para onde ia.
Fato dela estar filmando e fatídico que estava querendo fazer confusão e induzindo o motorista a perder a cabeça.
PÉ DE BARRO (Passageiro que entra no carro com os sapatos sujos).
Relato pessoal: O aplicativo não obriga a fazer corridas, você tem opção de aceitar ou recusar. Quando aparece a corrida na tela do celular, aparece onde buscará e onde levará.
Eu não busco e não levo passageiro em ruas não pavimentadas, geralmente a corrida não paga nem a lavagem do carro.
Vejo essa Suzi defender esse cara mulher sem noção por isso esse país está do jeito q te aff
Ninguém fala quem é este motorista. Pq será ???
Susy, Leia a noticia, assista o video e deixe de ser uma protetora desses que fazem errado e acham que estão certos. O motorista sabia para onde estava indo, a menina estava bem vstida e tudo mais, mesmo que não estivesse, ele aceitou a corrida, então, aceitando a corrida ele sabia para onde estava indo. Quer escolher corrida, quer escolher trajeto, faz um curso de piloto de avião, seja uma pessoa capaz e vai em frente.
Ela que pagasse para continiar a corrida.
Gente folgada, e ainda fica se fazendo de vitima.
Ninfuem tem obrigacao de trabalhar de graca!
Oi Suzy, tudo bem? Não sei se vc percebeu, mas no texto consta a informação de que ela pediu para que ele deixasse o app recalcular o valor, o que faria ele ser cobrado do cartão. Ou seja, a vítima não se recusou a pagar pela corrida. É interessante olhar os fatos com calma antes de acusar alguém levianamente. Só lembrando que acusar alguém de crime é calúnia, crime passível de multa e detenção.
No mais, o motorista poderia ter solicitado a presença da polícia ou guarda municipal para que a passageira saísse do carro, caso ela se recusasse. Mas quando optou, supostamente, pela agressão, ele passou a estar do lado errado da lei.
Obrigada pela audiência.
Rosiane
Sou motorista de App a 3 anos, 5 estrelas na 99 POP,respeito ao passageiro e primordial, repúdio caso de agressão em ambas as partes,se um cliente solicitou a corrida ,eu vou buscar e levar até o destino,estou no App, para trabalhar,casos a parte cabe a plataforma tomar decisões sobre motorista e passageiro, não cabe a nós agredir,principalmente uma mulher indefesa esse cara ao meu ver tá de mau com a vida
Ao meu ver, teve mais a ver com a situação de querer que a corrida continuasse sem mais dinheiro do que por racismo. Sou motorista de aplicativo e sei bem como as pessoas dissimulam o destino.
Gostaria de saber o nome desse motorista para não correr o perigo de pegar ele
Meu Deus Que absurdo, coitada da professora, não podemos deixar impuni uma agressão dessas , Que país é esse…