Ministro de Bolsonaro discute em sede de fazenda o futuro de área de preservação

Ricardo Salles quer que parque não freie atividade econômica - exatamente a função do parque

Um dos princípios mais importantes da democracia é a transparência. Está, inclusive, assegurado pela Constituição.O governo tem que fazer as coisas às claras, de modo que os cidadãos possam saber o que se passa e dar palpites. Quanto menos portas fechadas, melhor.

Pois nesta quarta, enquanto o Brasil está em feriado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, estará reunido em uma fazenda particular com mineradores e fazendeiros para decidir o destino de uma unidade de conservação. O Parque Nacional dos Campos Gerais pode estar indo para as cucuias, e só quem poderá estar lá para tratar disso são os amigos do dono da fazenda.

A discussão está marcada para a casa de Douglas Taques Fonseca, folclórico presidente da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa. Um homem que já fez movimento cívico para barrar voto de quem recebe Bolsa Família, e que exaltou o general Mourão quando ele defendeu uma intervenção militar no país.

Salles diz estar preocupado com a possibilidade de que o parque esteja atrapalhando atividades econômicas da região. Curioso, porque a função de um parque que queira preservar o meio ambiente é EXATAMENTE ESSA: frear atividades econômicas que possam ser danosas à área cuja preservação é considerada importante.

A deputada Aline Sleutjes (PSL), bolsonarista de primeiro mandato, tem feito o meio de campo entre o pessoal da extração de calcário, entre outras atividades, e o governo federal.

Salles é um sujeito que parece preocupado com várias coisas. Com a caça ao javali (é a favor), com o enfrentamento do MST a bala (é a favor), com a flexibilização das leis ambientais (é a favor). A única coisa que não se sabe até o momento é se ele é a favor da preservação ambiental.

As atitudes do ministro nos meses iniciais do governo mostram uma preocupação maior com a garantia de atividade econômica, com a desregulamentação ambiental e com o desmonte do (pouco) que havia sido conquistado por seus antecessores.

As garantias de preservação ele costumeiramente chama de ideológicas. Ao passo que, curiosamente, as garantias à atividade de mineradores e agropecuaristas, por óbvio, parece não ter nada de ideológico. Deve estar na Bíblia, ou algo assim.

Salles é o tipo do sujeito que você nem precisa perguntar o que pensa. Basta pensar se estamos falando de algo que contrarie a preservação de fauna e flora. Se for pra derrubar tudo, ele está dentro. Portanto, resta dar adeus ao parque. Ou lutar por ele.1

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