Mudanças partidárias nos próximos dias podem embaralhar eleições no Paraná

Requião, candidatos ao Senado e grupo de deputados estaduais devem aproveitar janela partidária para fazer movimentos estratégicos

As próximas semanas vão ser decisivas para o resultado das eleições de outubro em todo o Brasil. Embora o eleitor ainda esteja a mais de seis meses de escolher seus candidatos, os números que serão digitados dependem das articulações que serão feitas de agora até 2 de abril, prazo final para que os políticos estejam nos partidos pelo qual vão disputar seus cargos.

No Paraná, há várias negociações de bastidores que podem definir, entre outras coisas, se a eleição para o governo do estado terá um ou dois turnos; se a disputa pelo Senado será fácil ou acirrada; e se os partidos ligados ao governador Ratinho Jr. (PSD) terão ou não ampla maioria na Assembleia.

As decisões mais aguardadas são as que dizem respeito aos cargos majoritários. Roberto Requião, que está sem partido, pode ter peso decisivo na eleição, e precisa escolher a qual partido irá se filiar. Desde que deixou o MDB, tomado por aliados de Ratinho, já foram cogitadas várias possibilidades, como PSB,PDT e PT. Hoje, no entanto, parece mais provável que o destino seja uma legenda pequena que possa ser apoiada por esses partidos.

O cálculo é que o PSB e o PDT têm seus próprios caciques. Já o PT, embora seja receptivo a Requião, tem o estigma de sempre no Sul – ainda mais depois da Lava Jato. Se for para uma legenda como PV ou Rede, Requião poderia ser candidato ao governo tendo apoio de PT, PSB e PDT, que poderão formar uma federação.

Embora os adversários de Ratinho hoje estejam longe de parecer ameaçar sua reeleição, o cenário pode mudar dependendo das articulações. O lançamento de uma segunda candidatura de centro-direita, com a entrada de Cesar Silvestri Filho no PSDB, tem parte importante nisso.

“Eu acho que o Silvestri não causou um problema eleitoral para o Ratinho”, diz um articulador experiente da Assembleia. “Mas criou um problema de composição”, diz ele. A explicação é que embora Silvestri, ex-prefeito de Guarapuava, em tese não tenha votos para levar a eleição para o segundo turno, seu surgimento no cenário propiciou argumentos para que os aliados de Ratinho peçam mais coisas.

“Se o cara chega para o Ratinho e diz que vai pular do barco e ir para o Requião, ele não acredita. Mas se ele diz que vai com o Cesar, a coisa é diferente”, explica um deputado, dizendo que muita gente aproveitou a oportunidade para negociar mais duro com Ratinho.

Senado

Guto Silva deve ir para o PP e pode embaralhar a disputa ao Senado. Foto: Jaelson Lucas / ANPr.

Com o novo cenário, uma das possíveis mudanças é a vaga no Senado. Sabe-se há algum tempo que Ratinho e Alvaro Dias (Podemos) fizeram um acordo velado para apoiarem-se mutuamente. Ratinho não lançaria ninguém ao Senado, Alvaro não teria candidato ao governo em sua chapa, e isso aumentaria as chances de reeleição de ambos.

Mas articuladores veem que agora existe um risco real dessa dobradinha não se consolidar. “O Ratinho vai ter que escolher entre ter uma chapa bolsonarista ou não”, diz um deputado federal. “Se quiser apoio do Bolsonaro, fica difícil manter o jogo com o Alvaro. Se mantém o Alvaro, o Bolsonaro pode lançar um candidato aqui e complicar para ele”, afirma.

Com isso, já tem gente se movimentando para estar em partidos que possam ser interessantes para Ratinho. Ex-chefe da Casa Civil do governo, Guto Silva saiu do PSD e pretende entrar no PP de Ricardo Barros. O cálculo é que o governador não poderia ter uma chapa com o vice Darci Piana e o candidato ao Senado todos no PSD. Estando no Progressistas, Guto pretende se viabilizar para o Senado.

Outros candidatos ao Senado ligados a Bolsonaro se preparam para tentar a vaga na chapa, como os deputados federais Paulo Eduardo Martins (PSD) e Aline Sleutjes (PSL).

Assembleia e Câmara

Luiz Claudio Romanelli pode trocar o PSB pelo PP. Foto: Dálie Felberg/Alep

Na tentativa de vagas na Assembleia e na Câmara dos Deputados, o jogo é muito mais cheio de nuances. Muita gente espera até o último momento para ver em qual chapa terá mais chances – o que depende da entrada de puxadores de votos tanto no Executivo quanto no Legislativo.

Uma das apostas no momento é que PP e PSD serão as bancadas mais fortes no Paraná. O partido do governador poderia fazer 15 cadeiras ou mais na Assembleia, segundo especulações. E imagina-se que o PP pode fazer perto de dez, tudo dependendo das negociações nos próximos dias. “Se for assim mesmo, o Ratinho, caso reeleito, já sai com metade da Assembleia ao lado dele e em dois partidos apenas”, diz um deputado.

O principal grupo que teve movimento no período são os deputados estaduais do PSB que pretendem sair em bloco do partido. Alexandre Curi, Luiz Claudio Romanelli, Jonas Guimarães e Artagão Filho provavelmente irão para o PP, mas há conversas também com MDB e Pros. Juntos, os quatro deputados podem chegar a 400 mil votos.

Outra mudanças previstas são a de Pedro Lupion para o PP e transferências ainda sem destino certo de Christiane Yared e Requião Filho. Mas muitas outras coisas ainda acontecerão até 2 de abril que ainda nem é possível prever.

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