Lula diz que Itaipu precisa ajudar desenvolvimento da região e fala em ajudar países vizinhos

Presidente deu posse nessa quinta (16) ao novo diretor brasileiro de Itaipu, deputado federal Enio Verri

Daniela Neves, em colaboração para o Plural em Foz do Iguaçu

A integração dos países da América do Sul e a ajuda do Brasil aos menos desenvolvidos da região marcaram o discurso do presidente Lula na posse do novo Diretor Geral Brasileiro da Itaipu Binacional, deputado federal Enio Verri (PT), nesta quinta-feira (16) em Foz do Iguaçu.

“Um pais do tamanho do Brasil que faz fronteira com quase todos os países da América do Sul, tem que combinar o crescimento econômico com o dos seus parceiros. Não é possível a gente imaginar um país rico cercado de países pobres de todos os lados. O Brasil, como irmão maior dos países da América do Sul tem que ter a responsabilidade de fazer com que os outros países cresçam junto conosco para que possamos viver em um ambiente de paz de tranquilidade, para que a gente nunca mais repita o gesto ignorante de uma guerra entre homens e mulheres.”, disse o presidente.

A construção da barragem de Itaipu, há 50 anos, deixou um marco social e cultural muito amargo, com o deslocamento obrigatório de famílias do território, destruição de aldeias indígenas, além de indenizações com valores questionados.

Itaipu hoje

Lula reconhece que se fosse hoje, possivelmente a Itaipu não seria construída neste modelo. “Não existia a visão de consertar o nosso planeta como tem hoje. As pessoas mais novas, todos hoje estão preocupados com o clima e com a nossa responsabilidade. Mas nós temos que tirar proveito daquilo que a Itaipu gerou para nós e para o Paraguai. A primeira aula que temos que ter é que o acordo realizado entre Paraguai e Brasil na construção e na administração de Itaipu é civilizatório. É como se fosse, medidas as proporções, a construção de uma União Europeia”, disse Lula.

O fim do pagamento da construção de Itaipu, em fevereiro, permitirá um salto na economia do Paraguai. Os últimos pagamentos foram destinados à Eletrobras e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e somam US$ 115 milhões. Lula disse que quer promover um novo tratado, a partir de agosto deste ano, que leve em conta as condições econômicas e sociais do país vizinho.

Tanto no discurso de Lula quanto no de Verri, o investimento na área social e desenvolvimento, principalmente da região onde está Itaipu, no Paraná, foi uma promessa enfatizada. Lula se comprometeu em terminar as obras e citou enfaticamente o prédio da Universidade de Integração Latino-Americana (UNILA), criada em 2010 com forte iniciativa do próprio presidente. Abrigada dentro da Itaipu e em prédios alugados, a universidade federal possui um pequeno prédio próprio, recém-construído, na Avenida Tancredo Neves, em Foz do Iguaçu.

Mas, Lula se referenciou a outra construção, um dos últimos projetos do arquiteto Oscar Niemeyer. A obra foi iniciada em 2011 e interrompida em 2015 por decisão da reitoria da Unila, que rescindiu o contrato com a construtora alegando desrespeito de deveres contratuais. O prédio inacabado foi tema de Jair Bolsonaro na propaganda de horário gratuito na TV, referindo-se ao abandono por parte do PT.

Desenvolvimento regional

Verri afirmou em seu discurso de posse que a usina trabalha com a dimensão social da energia e com prioridade em projetos no Paraná. “Itaipu aplica a melhor engenharia no gerenciamento do reservatório, da barragem e das suas instalações. Mas também cuida das pessoas, do meio ambiente e estimula o desenvolvimento regional sustentável. Itaipu terá vida centenária agora com a sua atualização tecnológica e continuará sua missão de entregar energia limpa renovável a preço justo e promovendo desenvolvimento regional sustentável ”, disse Verri.

Resposta da Unila

A afirmação de Lula sobre a obra da Unila foi vista com entusiasmo pelo reitor da Universidade, professor Gleisson Brito, segundo nota enviada à imprensa. Brito afirmou que, nos últimos quatro anos, faltou apoio do Governo Federal para avançar, ainda mais, com a infraestrutura da instituição. “A UNILA fica feliz com a fala do presidente e está pronta para recebê-lo e apresentar todas as propostas e resoluções que foram construídas nos últimos anos. Já desenhamos propostas que vão desde convênios com a Itaipu Binacional e o estado do Paraná, até parceria com a União, e até mesmo a conclusão das obras paralisadas em modelos que sejam mais austeros e adequados à atual realidade orçamentária. Justamente por falta de apoio do Governo Federal, essas iniciativas não puderam avançar”, salientou Brito, que esteve presente na cerimônia de posse.

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