Justiça autoriza retorno de PMs suspeitos de mortes em série na grande Curitiba

Dezoito policiais tiveram autorização para retornar ao trabalho, desde que não entrem em contato com testemunhas ou famílias das vítimas

A Justiça do Paraná autorizou a volta de pelo menos quatro policiais militares investigados por mortes de civis em casos sem indícios de confrontos. Ao todo, 12 mortes em Curitiba e região metropolitana – inclusive a de um adolescente – entraram em investigação pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MPPR), que no ano passado pediu o afastamento de 23 agentes por suposto envolvimento nas ocorrências.

Ofício encaminhado à Polícia Militar (PM) na última terça-feira (5) confirma a autorização de volta de quatro dos 18 policiais da Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone) afastados depois da operação do Gaeco. O advogado dos PMs, Jeffrey Chiquini, falou que outros oito nomes lotados na Rone também tiveram permissão de retorno concedida, mas o Plural não teve acesso ao ofício dos demais nomes. O processo todo corre sob sigilo.

Pelo documento, voltam agora às funções na Rone um cabo e três soldados que, de acordo com a mesma decisão, ficam proibidos de “manterem qualquer contato com testemunhas e familiares destas e das vítimas, vez que é necessário garantir que as testemunhas possam contribuir à instrução livre de receios, para se sustentar a maior riqueza possível ao acervo probatório”.

Extraoficialmente, a reportagem apurou que a Polícia Militar chegou a solicitar formalmente o retorno de parte dos afastados por dificuldade de pessoal. Uma das prerrogativas seria manter os investigados em funções internas. Procurada para falar sobre o novo cargo dos agentes, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) direcionou o pedido à PM, que já havia encerrado o expediente quando foi procurada pelo jornal.

Os casos

As mortes investigadas pelo braço Ministério Público levaram à deflagração da operação Vehmico, com o cumprimento de 31 mandados de busca e apreensão em sete cidades do Paraná.

Passaram a ser investigados 18 policiais da Rone – setor da polícia que atua nas situações mais pesadas –, além de dois policiais do regimento da polícia montada, três da Companhia da PM de Campo Largo e um agente do setor de inteligência do Departamento Penitenciário (Depen). A suspeita é que, embora a PM tenha alegado em todos os casos que houve confronto, os mortos não teriam realmente atirado. Ou seja, caso a suspeita esteja certa, as 12 pessoas poderiam ter sido mortas a sangue frio pela polícia.

Entre as 12 mortes que levantaram suspeitas do Ministério Público, oito ocorreram em uma só noite, decorrentes de tiroteios em bairros diferentes de Curitiba. Os policiais afirmam que todos os assassinados eram membros da facção PCC.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima