Morre Adnan Jezzini, criador do Bagdad Café e ícone da cultura árabe em Curitiba

O libanês que ensinou a cultura árabe a boa parte de Curitiba morreu neste sábado, comovendo amigos e conhecidos

“Champagne de graça para todo mundo!”: quem conheceu este bordão, nunca esquecerá da alegria e da hospitalidade de Adnan Jezzini ao longo de toda a sua história como dono de restaurantes e anfitrião. Primeiro foi o Bagdad Café, já tradicional, e mais recentemente o Bar da Dinda, onde trabalhava há pouco mais de um ano com sua esposa Jhanainna Jezzini, companheira de vida e parceira de trabalho por duas décadas.

Adnan era a alma da festa onde quer que estivesse. Tratava seus clientes como amigos: não raramente, depositava um punhado de flores, colhidas de seu próprio jardim, nas mãos das mulheres, e entregava doces às crianças que acompanhavam os pais nas noites de festas árabes e brasileiras.

O libanês falava quatro línguas e morou em cinco países, tendo sempre na ponta da língua histórias interessantes, cativantes aos clientes que tiveram a oportunidade de conhecer um pedaço da vida.

Comida, narguilé e dança do ventre

Jezzini foi proprietário do Bagdad Café durante 25 anos. Aos poucos, foi mostrando aos curitibanos o Narguillé e pratos típicos do Oriente Médio. Além disso, o palco do Bagdad deu espaço importante às bailarinas de dança do ventre.

“Meus sentimentos! Que deus conforte o coração de toda a família. Para sempre em nossos corações”, comentou a dançarina Fran Passos, que trabalhou com ele, na nota oficial de falecimento divulgada pelo Instagram do Bar da Dinda.

No Bar da Dinda, o jardim era florido e vivo, cultivado pelas mãos de Adnan com muito carinho. Na manhã do seu falecimento, uma rosa amarela que ele plantou para sua esposa desabrochou lindamente.

Apesar de ser um bar típico de brasilidades, uma parte do cardápio é dedicada à culinária árabe, em sua homenagem, e muitos clientes antigos do Bagdad Café frequentavam o lugar para manter contato com ele. Não raramente, Adnan acompanhava a música ao vivo tocando aderbaque, instrumento típico da cultura árabe, e animava a clientela.

“Durante 20 anos, convivemos todos os dias, e quase todas as horas. Sempre trabalhamos juntos, fizemos tudo juntos, ele foi o amor da minha vida. Sua memória jamais será esquecida. Tentarei seguir em frente com muita força, pois sei que é isso o que ele queria”, diz a esposa Jhanainna.

Adnan Jezzini sempre fez questão de ser uma alma gentil e receptiva, de evoluir e aprender. Era um otimista e um homem sábio. Foi, sem dúvida, uma dessas personalidades inesquecíveis e um marco em Curitiba.

No último sábado (9) pela manhã, ele descansou da sua condição de saúde, contra a qual lutou durante anos. A razão da morte foi uma parada cardíaca causada por um enfisema pulmonar.

O Bagdad Café segue funcionando com seus novos proprietários. E o Bar da Dinda volta a abrir na quinta-feira, com programação musical, dando continuidade ao que Adnan e Jhanainna construíram juntos. Seguirá sendo um lugar de alegria e cheio de energia, como exige a personalidade de seu fundador, que deixará saudades.

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