Gaeco investiga policiais responsáveis por 12 mortes; justiça afasta 19 PMs

Só em 2021, polícia paranaense matou mais de 400 pessoas

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu 31 mandados de busca e apreensão em sete cidades. Um dos lugares onde foi realizado o procedimento foi o Batalhão da Rone, no bairro Vista Alegre, em Curitiba. O objetivo do Gaeco é investigar 12 mortes causadas a tiros durante operações policiais, principalmente pela Rone. A suspeita é que, embora a PM tenha alegado em todos os casos que houve confronto, os mortos não teriam realmente atirado – ou seja, caso a suspeita esteja certa, as 12 pessoas poderiam ter sido mortas a sangue frio pela polícia

Segundo o Ministério Público, são investigados 18 policiais lotados na Rone, dois policiais do Esquadrão de Eventos do Regimento de Polícia Montada (RPMon), dois policiais da 3ª Companhia do 17º Batalhão de Polícia Militar (Campo Largo) e um policial penal lotado no setor de inteligência do Departamento Penitenciário do Estado (Depen).

Os mandados foram cumpridos em residências e locais de trabalho dos investigados, nas cidades de Curitiba, Pinhais, São José dos Pinhais, Campo Largo, Colombo, Guaratuba e Londrina e foram expedidos pelos Juízos das 1ª e 2ª Varas Privativas do Tribunal do Júri de Curitiba e pelo Juízo da Vara Criminal de Campo Largo. Foi determinado ainda o afastamento de 19 policiais investigados, que, enquanto perdurar a medida, só poderão fazer serviços administrativos, ficando proibidos de exercer trabalho operacional armado ou no setor de inteligência.

Mais de 400 mortes

A Rone é o setor da polícia que atua nas situações mais pesadas e, ao mesmo tempo, é o responsável por grande parte dos confrontos com civis e por mortes de cidadãos. Os números de mortes pela polícia no Paraná é preocupante. Só no ano passado, em 2021, a polícia paranaense matou 408 pessoas. Em sete anos, entre 2015 e 2021, foram mais de 2,2 mil mortos – e o número vem crescendo ano a ano.

Neste ano, o caso que mais chamou a atenção aconteceu em agosto, quando numa só noite a Rone matou oito pessoas. Os tiroteios aconteceram em dois bairros diferentes da cidade, e a alegação da PM era de que os mortos pertenciam a uma quadrilha que pretendia assassinar um membro de uma organização rival. Esse é um dos casos investigados na atual operação do Gaeco.

O segundo fato investigado resultou na morte de uma pessoa, em 24 de agosto, no interior de uma casa no Jardim Melyane, em Campo Largo. O terceiro aconteceu na Vila Parolim, em Curitiba, em 2 de setembro, com a morte de um adolescente. A quarta situação foi em 2 de setembro, no bairro Campo Comprido, em Curitiba, quando morreram duas pessoas, a partir de alegada diligência policial de apoio ao serviço reservado que teria obtido informação de que indivíduos envolvidos em prática de crimes estariam no interior de um condomínio.

O Gaeco, entre outras atribuições, tem a responsabilidade de investigar má conduta de policiais militares e civis do Paraná.

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4 comentários em “Gaeco investiga policiais responsáveis por 12 mortes; justiça afasta 19 PMs”

  1. Elton Marcos Farah

    O problema está na liberdade que o MP da à polícia militar do Paraná, pois, quando se deixa PMs fazerem busca e apreensão, cumprir mandados de prisão , investigações etc só pode dar nisso. O MP que deveria velar pelo cumprimento a lei e a constituição, não o faz , pelo contrário, da aval a PMPR em seus desvios de função, tudo para poder excluir a polícia judiciária (polícia civil) de exercer seu ofício, investigar, cumprir mandados expedidos pela justiça e demais funções de polícia judiciária.
    No Paraná há uma vontade imensa do MP ( Ministério Público) fazer o trabalho da polícia civil, portanto sempre que pode ESCALA a PMPR para lhe auxiliar em detrimento da polícia civil.
    Agora, com certeza por pressão, resolveram investigar as arbitrariedades que a muito a PMPR vem cometendo..
    Só resta saber se não termina em pizza..

  2. Infelizmente, vivemos em um país onde não c sabe mais quem é policial ou quem é bandido, a impressa q c tem é q está tdo impermeado ,misturado,pobre do pai de família q tiver a infelicidade q ser confundido com bandido, aí, só contando com a sorte mesmo,porq justiça, lei …duvido!

  3. Praças Revoltados

    A questão é bem simples; o atual Comandante-Geral referenda esse comportamento abusivo. Semana passada o Coronel Hudson publicou que estava sentindo falta de vestir “boina atolada” na cabeça e que estava com sangue 🩸 nos olhos. Esperar o que de um reduto onde a retórica é essa…

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