Conhecida pela trajetória de mais de 50 anos lutando pelos direitos de populações minorizadas, a advogada aposentada Isabel Kugler Mendes recebeu o título de Cidadã Benemérita do Paraná, nesta segunda-feira (12), em cerimônia realizada na Assembleia Legislativa do estado (Alep).
“Ela é uma das principais ativistas de direitos humanos do nosso país que, no exercício do Direito, atuou por mais de 50 anos em defesa das mulheres, dos encarcerados e das populações vulneráveis”, afirmaram os deputados Goura (PDT) e Tadeu Veneri (PT), autores da proposta.
O evento teve início às 18h e foi transmitido ao vivo pelo YouTube, site e redes sociais da Assembleia.
Isabel Kugler
Isabel é natural de Tibagi, mas mudou-se para Curitiba ainda na adolescência. Foi taquígrafa na Câmara Municipal (CMC) e, aos 40 anos, decidiu ingressar na faculdade de Direito. Nos anos 1970, passou no concurso para ser advogada da CMC e também foi assessora jurídica da Alep, além de presidente do Conselho Municipal da Condição Feminina – ação pioneira no acolhimento e proteção de mulheres vítimas de violência doméstica.
A advogada, que ganhou o apelido de “mãe dos presos”, aproximou-se da questão carcerária na década de 1970, quando o marido era major da Polícia Militar. Para as penitenciárias do Paraná arrecadou sabão de coco, livros, bolas de futebol, cobertores, transformou banheiros em bibliotecas, restaurou lavanderias e organizou festas de natal durante anos.
A ativista também atuou de forma voluntária em diversas entidades do terceiro setor e conselhos públicos voltados à defesa dos direitos humanos. Durante 17 anos foi secretária da Cruzada Social Cosme e Damião, integrou a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) e presidiu, por nove anos, o Conselho da Comunidade de Curitiba, órgão fiscalizador de 11 penitenciárias e três cadeias públicas da região organizado pela sociedade civil com apoio do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR).
Mesmo aposentada, Isabel, que tem 85 anos, nunca deixou de auxiliar quem dela precisa. Diariamente o telefone da casa recebe ligações de ex-detentos e seus familiares solicitando ajuda da ativista. “A mim não interessa o que eles fizeram, nunca interessou. Eu lutava pelo direito de eles terem uma cama, comida, sol. Dentro do sistema, o que eu dava era amor. Eu ajudava com outras coisas, mas o mais importante: eu ouvia”, contou a advogada ao Plural, em maio deste ano.
Sobre o/a autor/a
Ela merece todas as homenagens.