Grupos prioritários pedem antecipação na vacina contra Covid-19

Incluídos na 4ª fase, alguns podem começar a ser imunizados em abril, como professores e agentes da segurança

Nesta quarta-feira (31), motoristas e cobradores do transporte coletivo de Curitiba protestaram no Centro Cívico, reivindicando prioridade na vacinação. A manifestação foi independente de sindicatos e órgãos representativos, mas retrata a batalha que várias categorias de trabalhadores essenciais vêm travando para conseguir antecipar a vacina. A maioria consta como prioritária no Plano de Vacinação Municipal de Curitiba e no Plano de Vacinação Estadual. Porém, só deverão ser vacinados na 4ª fase, logo após a 3ª – que deve iniciar ainda em abril e inclui pessoas com comorbidades e situação de vulnerabilidade social.

Entre motoristas e cobradores, 32 já morreram por Covid-19, sendo 18 deles nas últimas semanas. O levantamento é do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), que alega não ter dados mais abrangentes, pois nem todos os trabalhadores que adoecem procuram a entidade. Mesmo assim, 619 trabalhadores com suspeita da doença, pediram orientação. O principal pedido é de que a categoria seja vacinada ou que o transporte público, em momentos de bandeira vermelha, seja utilizado somente por trabalhadores dos serviços essenciais.

O presidente do Sindimoc, Alexandre Teixeira, relata que a dificuldade na antecipação da vacinação se dá por conta da falta do imunizante. “Por mais que o prefeito detenha a vacina, ele não pode, nesse momento, dizer que vai vacinar a ou b. Precisamos vacinar todos aqueles com mais de 60 anos. Posteriormente, vamos poder encaixar outras prioridades. Quanto mais vacina, mais rápido os trabalhadores do transporte poderão receber o imunizante.”

Professores

Na última segunda-feira (29), o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM) pronunciou que as aulas presenciais na Rede Municipal só voltarão após todos os professores serem vacinados. O grupo está incluído como prioritário tanto no Plano Municipal de Vacinação quanto no Estadual. Nesta semana, o governador do Estado do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), também afirmou que as aulas só devem voltar após a imunização dos profissionais. 

“Consideramos prudente essa nova posição do governador. Reafirmamos a posição que sempre tivemos desde o início, de que as aulas só podem acontecer presencialmente após a vacinação dos professores e também dos funcionários de escola”, avalia o presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão. A categoria deve ser vacinada em abril, após o término da segunda fase (vacinação dos idosos até 60 anos), segundo o governador.

Assistentes sociais

Assistentes sociais constam como prioridade nos planos Estaduais e Municipais. Segundo Andrea Braga, presidente do Conselho Regional de Serviço Social do Paraná (CRESS-PR), ainda não foram todos os profissionais de Saúde vacinados, mas uma parcela significativa já recebeu. A luta agora é para que os trabalhadores do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e Casas /Unidades de Acolhimento (profissionais pertencentes ao Sistema Único de Assistência Social – SUAS) sejam vacinados na fase 3. 

“Temos pautado o processo de vacinação para profissionais que estão atuando na linha de frente da política de assistência social. Desde o começo da pandemia, é uma política essencial. A gente tem pedido que esse grupo seja atendido com o máximo de brevidade possível. A ideia é justamente de antecipar essa vacinação juntamente com a fase 3. Nosso objetivo maior é estar fazendo todo o processo de garantia de condições éticas e técnicas do trabalho do assistente social.”

Segundo Andrea, o Conselho encaminhou um ofício ao Governo do Estado do Paraná se posicionando na defesa mais urgente possível da vacinação para toda a população e pedindo a urgência dos grupos prioritários. A entidade ainda não recebeu uma resposta.

Ontem (31), a Câmara de Deputados aprovou o texto-base do projeto que garante a novos grupos a prioridade na vacinação. Além dos assistentes sociais, também foram incluídos: profissionais de farmácias, garis, coveiros, taxistas e agentes de segurança pública e privada. 

Forças de Segurança

Agentes de segurança pública (policiais e bombeiros) e Forças Armadas também estão listados como prioritários nos dois planos de vacinação. O grupo começará a ser imunizado neste domingo (4), com um lote exclusivo de 2.277 vacinas, que chegou junto com a remessa de 500 mil imunizantes. Policiais penais e agentes de cadeia reivindicam a vacinação imediata, junto com os demais agentes de segurança.

Segundo o Sindicato dos Policiais Penais do Paraná (Sindarspen), o Estado tem atualmente 2.763 policiais penais e 1.480 agentes de cadeia. Até o dia 23 de março, 841 servidores foram contaminados com a Covid-19, resultando em seis mortes. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ) aponta que os trabalhadores de unidades penais têm 83,7% mais risco de contágio que a população em geral, destaca o Sindarspen.

Bancários

Os trabalhadores de agências bancárias lutam há tempos pela prioridade na vacinação. A categoria alega que os bancos são serviço essencial e que mantiveram o atendimento à população desde o início da pandemia. Houve casos de fechamento de agências por conta de casos e até mortes entre bancários. 

O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, Financiários e Empresas do Ramo Financeiro de Curitiba solicitou à Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a inclusão do grupo na lista prioritária. A SMS negou o pedido, alegando que o governo municipal segue estratégia do Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19 no Paraná e que os grupos populacionais são definidos pelo Ministério da Saúde.

“Já faz um ano que a doença está espalhada em nosso país, e os trabalhadores bancários não podem viver em situação permanente de medo e insegurança, pagando com a própria vida a ganância dos banqueiros”, afirma Cristiane Zacarias, diretora da secretaria-geral do sindicato. Agora, a entidade realiza abaixo-assinado pela inclusão de bancários e financiários como grupo prioritário para imunização.

Quando será a vacinação?

Segundo nota, a Secretaria de Estado da Saúde planeja antecipar a vacinação de professores e profissionais da segurança pública e a inclusão deles no calendário junto ao grupo de pessoas de 18 a 59 anos com comorbidades. “A vacinação destes grupos será feita de maneira simultânea, com previsão de aplicação das doses no mês de maio, de acordo com a programação de entrega de vacinas pelo Ministério da Saúde. As aulas nas escolas estaduais retornarão em paralelo à imunização dos professores.”

Já a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba informa que segue os critérios dos planos municipal, estadual e nacional para a imunização contra a Covid-19. “O andamento da vacinação depende do repasse de imunizantes por parte do Governo Federal.”

Colaborou: Matheus Koga 

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