Agência bancária é fechada após morte por Covid-19

CEF de São José dos Pinhais faz sanitização por contaminação de trabalhadores

A agência central da Caixa Econômica Federal (CEF) de São José do Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi fechada após a morte de um funcionário por Covid-19. Era esta a informação dada a todos os clientes na porta da agência, nesta quinta-feira (11), na qual só funcionavam os caixas eletrônicos.

O relato vem de clientes (que preferiram não se identificar). “Eu fui até lá às 8h, horário do atendimento a idosos. Os caixas eletrônicos estavam funcionando, mas lá dentro (área administrativa), não. Na porta, tinha um funcionário orientando para ir em outra agência, porque aquela estava fechada por motivo de morte de um funcionário por Covid. Foi um impacto. É assustador saber que o serviço essencial também tem riscos. Ninguém está livre desse vírus.”

As agências bancárias são serviço essencial e mantiveram o atendimento à população desde o início da pandemia. Curitiba possui, atualmente, 336 agências. Já a RMC tem 114 agências. Segundo o Federação Brasileira de Bancos (Febraban), desde março do ano passado, os bancos criaram duas mesas de negociação nacional permanente sobre Covid-19 em conjunto com as mais de duzentas entidades sindicais que representam os 450 mil bancários do país. 

“Esse fórum tem como objetivo a elaboração de medidas para garantir a proteção da saúde dos bancários. Tão logo a pandemia foi decretada, cerca de 230 mil bancários, o que representa mais da metade do total de trabalhadores do setor, entraram no sistema de home office.” 

A Federação explica que bancos e entidades sindicais seguem realizando reuniões constantes para acompanhar a evolução da pandemia e definir as medidas mais adequadas para fazer frente aos desafios trazidos por cada momento do cenário epidemiológico e que as instituições bancárias disponibilizam testagem para seus empregados e serviços de telemedicina para prevenção e controle de sintomas.

No entanto, a Febraban não informou sobre o número de casos e mortes de funcionários durante a pandemia, nem sobre quantas agências foram fechadas pela doença.

“São muitos casos”

O Sindicato dos Bancários de Curitiba destaca que, no caso das agências bancárias, toda vez que algum trabalhador testa positivo (um ou mais), a agência é fechada para sanitização, o que isso vem acontecendo desde março do ano passado. 

“No começo da pandemia, estávamos fazendo o acompanhamento de todos os casos. Mas desde o fim do ano passado, não conseguimos manter isso, pois são muitos casos. Nosso trabalho é, diariamente, receber as denúncias dos bancários e exigir que os bancos cumpram o protocolo (fechamento para sanitização, testagem de todos os funcionários que tiveram contato e demais medidas).”

O sindicato afirma estar em negociação com os bancos desde 12 de março de 2020. “Conseguimos avanços importantes, como colocar em home office todos o grupo de risco e funcionários administrativos (que não atendem ao público) – em 2020, chegamos a ter 250 mil bancários no Brasil todo em home office (esse número reduziu com a redução das medidas restritivas); conseguimos os EPIs; os protocolos de segurança em caso de testagem positiva; acordos de compensação de horas; testagem em vários bancos.”

Descumprimento de medidas

No dia de ontem (11), segundo informações da Federação dos Bancários no Estado do Paraná, dirigentes sindicais de todo o Brasil reuniram-se por videoconferência com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban, braço sindical da Febraban) para debater soluções para os problemas enfrentados pelos bancários na pandemia.

Gladir Basso, presidente da Fenaban, relatou na reunião ter verificado que alguns gestores de agências bancárias, inclusive da Caixa Econômica Federal, não têm tomado as medidas sanitárias necessárias quando da ocorrência de contágio da Covid em suas dependências – como o afastamento imediato do empregado para assistência médica e a sanitização completa do ambiente de trabalho, o que coloca em risco os demais servidores. 

O representante da Febanan lamentou os milhares de óbitos ocorridos no País, declarou que os bancos têm se preocupado muito com a situação e solicitou que casos isolados de gestores que não têm seguido os protocolos para controle da doença sejam levados ao conhecimento da entidade, para providências.

Basso relatou ainda que procuradores do Ministério Público de diversos Estados reclamaram dos bancos estarem reduzindo a quantidade de funcionários, fato que estaria acarretando riscos de saúde para os usuários que ficam por longos períodos nas filas, muitas vezes aglomerados.

Reivindicações 

Outra reivindicação dos bancários é a vacinação. Eles solicitam a inclusão da categoria como prioritária no Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, já que o serviço de atendimento não parou desde o começo da pandemia. Segundo informações do Sindicato de Bancários de Curitiba, o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban também se reuniram no dia de ontem (11).

“Não assumiram nenhuma responsabilidade sobre vacinação ou para que protocolos de Saúde sejam tornados mais rigorosos para o momento que estamos vivendo, e para que sejam cumpridos”, avalia Antonio Luiz Fermino, presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, Financiários e Empresas do Ramo Financeiro de Curitiba e Região, membro do Comando Nacional dos Bancários.

Sobre a proposta de vacinação, a Fenaban concordou com a reivindicação e disse que irá reforçar os esforços junto ao poder público. A Confederação Nacional Dos Trabalhadores Do Ramo Financeiro (Contraf)) também vai enviar carta ao Ministério da Saúde reivindicando a inclusão da categoria entre os setores profissionais prioritários para a vacinação, após os grupos de risco.

Eles também pedem a suspensão de visita a clientes, a redução de horário de atendimento e a diminuição da cobrança de metas. “As metas estão muito pesadas e a manutenção do horário de atendimento nas agências nesse período de maior gravidade da pandemia expõe os trabalhadores por mais tempo. A Fenaban não assume nenhuma responsabilidade sobre essas questões”.

Colaborou: Matheus Koga

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