Governo diz que é o aluno quem perde com boicote à ‘Prova Paraná’

Plural mostrou que avaliação foi boicotada por estudantes, que protestaram contra a condução da educação pública no Estado

Após estudantes divulgarem um boicote à ‘Prova Paraná’, aplicada nesta semana pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), o governo informou que a não realização da prova prejudica, principalmente, o próprio estudante, que deixa de ter à disposição um diagnóstico sobre como está aprendendo determinados conteúdos e sobre quais são suas reais dificuldades. Ainda assim, a participação de todos os alunos da Rede Estadual de Ensino é recomendada, por se tratar de um recurso pedagógico a serviço da escola.

Mas não foi o que aconteceu. Segundo a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), rasuras, adesivos e frases de protesto marcaram a realização do teste – conforme mostrou o Plural. Alguns alunos chegaram a rasgar os cadernos e gabaritos. O boicote, segundo a UPES, foi verificado em todo o Estado, mas com maior intensidade nos colégios de Curitiba.

Em nota, enviada ao Plural, a Seed esclarece que a ‘Prova Paraná’ é uma avaliação diagnóstica, que tem como objetivo fornecer informações sobre a aprendizagem de determinados conteúdos, considerados essenciais. Ela não tem caráter classificatório ou atribuição de nota.

A primeira edição do programa em 2020 foi realizada no dia 18 de fevereiro, em todas as escolas estaduais do Paraná e também para alunos do 5º ano das escolas municipais, em 398 cidades que aderiram ao programa. A expectativa do governo era de que 1,2 milhão de estudantes participassem.

“No ano passado, muitos não foram pra aula no dia marcado, pois não queriam participar. Ainda assim, as provas foram aplicadas em outro dia. Então, neste ano, eles foram pra aula, mas decidiram boicotar o teste; colaram adesivos, rabiscaram, rasuraram e até rasgaram provas”, conta presidente da UPES, Wellington Tiago.

Gabarito anulado pelo próprio estudante. Foto: Imprensa UPES

A prova também é criticada pelos educadores. “Ela não é um instrumento balizador de conhecimento estudantil, mas sim, uma ameaça ao exercício do trabalho docente e ao desenvolvimento dos alunos, em todas as suas dimensões”, avalia a APP-Sindicato.

“Contrária à ‘Prova Paraná’ por motivos reais e que desrespeitam a história da educação pública, a APP-Sindicato recomenda o boicote como maneira a criticar esse método avaliativo, que começou a ser aplicado em 2019, e que utiliza premiações e ranqueamento como “estímulo” para que estudantes façam a prova”, divulgou a entidade.

Resultados

A correção das avaliações ocorre nos próximos dias e, só então, a secretaria saberá o número exato de provas feitas. “Os resultados são divulgados detalhadamente (por turma e aluno) apenas para as escolas, já que a ‘Prova Paraná’ não gera ranqueamento”, reforça a Seed.  

No site da secretaria é divulgado o resultado geral do Paraná, “com informações sobre em quais conteúdos de cada disciplina os alunos apresentaram maior dificuldade e maior aprendizagem”.

Os resultados das três edições de 2019 estão disponíveis para download aqui.

A ‘Prova Paraná’ é composta por questões de Língua Portuguesa, Matemática e Língua Inglesa – esta só aplicada para alunos a partir do 7º ano. A próxima edição do teste está prevista para os dias 05 e 06 de maio.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima