Entidades lançam campanha contra intolerância no dia em Memória às Vítimas do Holocausto

Campanha traz relatos de sobreviventes do Holocausto interligados às histórias de brasileiros vítimas de crimes de ódio

“Manter a história viva é lutar contra o ódio. Ontem, hoje, amanhã.” É com essa premissa que o Museu do Holocausto de Curitiba lança nesta sexta-feira (27), Dia Internacional em Memória às Vítimas da Shoá, a campanha “Viver para contar. Contar para viver“, contra a intolerância em todos os tempos.

A campanha, que é uma parceria da instituição com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e com a Confederação Israelita do Brasil (Conib), conta com o lançamento de três filmes dirigidos por Cao Hamburger. As produções contam a história de sobreviventes do Holocausto e de brasileiros que foram vítimas de ataques xenofóbicos, racistas e homofóbicos nos dias atuais. 

Para o Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, Carlos Reiss, além de chamar as pessoas a compartilharem suas histórias, o objetivo da campanha é justamente trazer relatos do passado e do presente para que a sociedade reflita sobre o futuro que quer construir. “A campanha cumpre dois objetivos de uma só vez: ao mesmo tempo que ela nos ajuda a continuar compartilhando e transmitindo as trajetórias e histórias das vítimas do Holocausto para as novas gerações, ela dá voz e visibilidade para pessoas que sofreram esse tipo de crime de ódio e violência nos dias de hoje. É um alerta para a sociedade e um clamor por justiça.”

Desenvolvida pela agência digital Cappuccino, com produção da Elo Studios, a campanha defende a importância de preservar a memória do Holocausto e de impedir que ela seja apagada com o tempo. Diante do fato de que, em alguns anos, a sociedade não terá mais testemunhas da Shoá, uma vez que os sobreviventes têm hoje, em média, 84 anos, é urgente que todos mantenham a história viva para que violências como as que ocorreram durante o Holocausto não sejam esquecidas e não se repitam.

Intolerância 

O projeto também traz dados sobre o aumento das violações por intolerância e ódio no Brasil nos últimos anos.

Entre 2018 e 2020, o número de casos de apologia ao nazismo saltou de menos de 20 para mais de 100, segundo dados do Governo e da Polícia Federal. A quantidade de células nazistas também tive pico de crescimento no país, atingindo o maior número em 2022: 1117. 

Na internet, os crimes de ódio tiveram um crescimento de 67% no início de 2022, segundo a Safernet. Enquanto isso, denúncias de intolerância religiosa cresceram 141% no Brasil em 2021. Um estudo da UNESCO junto ao Congresso Judaico Mundial revelou que 49% das publicações sobre Holocausto no Telegram nega ou distorce fatos da barbárie nazista.

Os filmes

Disponíveis no site da campanha, as produções trazem os relatos de resistência dos sobreviventes do regime nazista interligados às histórias de três brasileiros que foram vítimas de xenofobia, racismo e homofobia.

Os sobreviventes Gabriel Waldman, de 84 anos, Joshua Strul e Ruth Sprung Tarasantchi, ambos de 89 anos, se juntam aos brasileiros André Baliera, de 38, Naiá Tupinambá, de 19, e o curitibano Odivaldo da Silva, o Neno, 55 anos, para dar um recado à pessoas: é preciso lembrar sempre, esquecer jamais.

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