Enquanto o governo abre leitos, a Covid interna quase 3 vezes mais pacientes

Política de criação de novos leitos não reduziu mortes nem conteve a doença

Enquanto o governador Ratinho Jr. e o prefeito de Curitiba, Rafael Greca, resistem em aumentar as restrições à circulação de pessoas, a Covid-19 está levando mais e mais pessoas aos hospitais do Estado. Dados da própria Secretaria Estadual da Saúde (SESA) mostram que a cada 32 leitos abertos, 86 pacientes Covid a mais exigem internação. Em Curitiba, que recentemente transformou todas suas UPAs em hospitais Covid, a cada 9 leitos abertos, 25 pessoas precisam de internação hospitalar. Os dados são referentes a 1º de fevereiro a 17 de março.

Os números mostram que a criação de novos leitos também não impediu o aumento de óbitos. Em Curitiba, os total de óbitos a cada 7 dias pulou de 72 para 163, de 1º de fevereiro a 17 de março, um aumento de 126%. A Capital está perto de chegar a 200 óbitos por semana, um patamar bastante superior ao pior momento da pandemia em 2020, em julho, quando o total de mortes chegou a 132.

A única maneira de conter o avanço da doença, indica o infectologista e epidemiologista do Ministério da Saúde, Moacir Pires Ramos, é com um lockdown real. “Se mantiver transporte intermunicipal liberado, hotéis com 50% das vagas, comércio funcionando com hora marcada, e se não for abrangente , ou seja todos os municípios juntos, o que teremos será um arrastar da situação”, alerta.

Esse arrastar, no caso, implica em maior pressão sobre os serviços de saúde e os profissionais. E no aumento significativo de mortes, uma vez que a única forma de continuar a abrir novos leitos é aumentar o número de pacientes sob os cuidados de cada equipe.

Além do lockdown, um relatório do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) aponta que se o uso de máscaras faciais pela população chegasse a 95% ou mais, 29.000 mortes seriam evitadas até julho de 2021, em relação ao atual cenário previsto. Atualmente, estima-se que o uso de máscaras tenha a adesão de cerca de 62% da população.

Para Ramos, o lockdown ideal teria que durar, no mínimo, 21 dias. Isso porque as internações e mortes “são fenômenos tardios na evolução dos casos de COVID-19. Entre pegar o vírus e precisar de internação – para os 20% que precisarão de internação – passa-se entre 5 a 8 dias. Até esse paciente ter alta ou morrer são mais 10 a 14 dias. Então estes números de hoje são em decorrência das transmissões de mais ou menos 14 dias atrás”.

Sobre o/a autor/a

1 comentário em “Enquanto o governo abre leitos, a Covid interna quase 3 vezes mais pacientes”

  1. Otima entrevista com dados relevantes.
    Necessario que se insista com governador e prefeitos para que o lockdown seja serio, por 21 dias, e assim veremos o resultado positivo, como ja se demonstrou no Reino Unido e em Portugal, alem de Araraquara.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima