Em que ritmo avança a vacinação de crianças em Curitiba?

Sem dados específicos da prefeitura, estima-se que menos da metade do público infantil já tenha tomado a primeira dose

Curitiba completou nesta segunda-feira (31) duas semanas de vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. O esquema segue critérios de operacionalização do Ministério da Saúde, que contempla prioridades e, depois, ordem decrescente de idade. Neste modelo, haviam sido aplicadas pelo município, até o início da tarde desta terça (1), 34.522 doses no novo público-alvo – uma média de 1.644 por dia. Até hoje, estavam aptos a iniciar o esquema de imunização crianças entre 11 anos e 8 anos e meio. A partir desta quarta (2), já entram os nascidos em 2015.

Sem o recorte do total de crianças por faixa etária contemplada não há como medir ao certo a adesão das famílias curitibanas à campanha, embora uma ação da Sociedade Paranaense de Pediatria (SPP) para incentivar a ida às unidades de saúde dê o tom do cenário.

No entanto, estimativa feita pelo Plural mostra que o ritmo ainda está lento: cerca de 40% das crianças já liberadas teriam sido levadas para tomar a primeira dose até agora.

O cálculo considera o total de crianças de 5 a 11 anos moradoras da cidade – 164.821, segundo a prefeitura – e a divisão por faixa etária em fatias idênticas à proporção do Paraná. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), base oficial do Ministério da Saúde, não divulga a projeção de pessoas por faixa etária simples em capitais, apenas por estados federativos. No Paraná, crianças de 11 anos correspondem a 13,8% do total de 5 a 11 anos; as de 10 e 9 anos, a 13,9% cada; e as de 8, 14,2%.

Por esta relação, Curitiba teria cerca de 82,4 mil crianças já liberadas a serem vacinadas, de acordo com o calendário da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Contudo, só 34,5% haviam recebido a primeira dose até esta terça-feira.

O número ajuda a explicar o avanço do esquema por várias faixas etárias mesmo com um número limitado de doses pediátricas encaminhadas pelo governo federal. Já contabilizados os 5% de reserva técnica, a capital paranaense recebeu até agora de Brasília 30.670 doses pediátricas da Pfizer, e aplicou nas demais doses da Coronavac, que teve a versão adulta liberada Anvisa para ser usada também em crianças.

Se a imunização em Curitiba chegasse a pelo menos 90% das crianças de cada faixa etária, ainda nem o público de 9 anos teria sido contemplado, se considerado o quantitativo das remessas infantis enviadas pelo Ministério da Saúde.

A SMS foi procurada para comentar a adesão das famílias à vacinação infantil na cidade, mas não retornou até a publicação desta reportagem.

Preocupação

Mas a Sociedade Paranaense de Pediatria mostra preocupação com o impacto das notícias falsas na campanha de imunização contra Covid-19 entre crianças no Paraná.

Nesta terça, a entidade lançou uma campanha para incentivar famílias a aderirem à imunização. De teor educativo, a ação “Vacina, Sim; Vírus, Não!” quer passar a mensagem de que as vacinas são seguras e confiáveis e aumentar a proporção de crianças com mais essa capa de proteção.

“A ideia surgiu porque os pediatras, de uma maneira geral, estão muito preocupados com a desinformação e as falsas notícias que contrariam a ciência e geram dúvidas nos pais. Se a gente seguir os protocolos da Sociedade Brasileira de Pediatria em conjunto com outras entidades vai perceber que as vacinas são seguras, sim”, defende o infectopediatra Victor Horácio de Souza Costa Júnior, presidente eleito da SPP. “A gente tem um aumento do número de casos de Covid entre a população pediátrica. Agora também está nas mãos dos pais fazer com que o número de casos entre crianças não aumente ainda mais”, completa.

Próximo do início do ano letivo nas redes municipal e estadual, o médico ressalta que o ambiente escolar sempre foi considerado seguro, mas que a vacinação das crianças é um reforço tão importante para a estabilização da pandemia quanto manter outras medidas de controle, como uso de máscaras e higienização das mãos.

Curitiba retoma as atividades de suas escolas no dia 14 de fevereiro, mas ainda não tem definido o modelo da volta. Na rede estadual, que recomeça na próxima segunda (7), as aulas serão presenciais.

A campanha da Sociedade quer lembrar ainda que a temática da obrigatoriedade da vacinação de crianças, e também adolescentes, não é algo apenas relacionado à pandemia causada pelo novo coronavírus, estando o percentual de vacinação de modo geral na população com menos de 18 anos muito abaixo do recomendado pelas autoridades sanitárias.

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