Curitiba projeta queda de casos de Covid e estica prazo para rever bandeira amarela

Mas nesta quinta-feira, Paraná teve dia recorde de internações no ano

No dia em que o Paraná bate novo recorde de internações por Covid-19 em 2022, a prefeitura de Curitiba decidiu manter a bandeira amarela. Só que desta vez, a revisão do protocolo será feita daqui a 15 dias, e não mais sete dias, como era até então. A justificativa é de que há tendência de alívio para os próximos dias.

Nesta quinta-feira (3), o Paraná registrou 1.631 internados por infecção do coronavírus em leitos UTI e de enfermaria. O número é mais que o triplo do total de um mês atrás. Em 3 de janeiro, o estado tinha 485 leitos ocupados pela doença.

A vacinação em estágio avançado e a predominância de uma variante menos agressiva espalha mais internados por enfermarias que UTI. Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), hoje os hospitais têm 1.023 adultos em leitos de enfermaria e 549 em tratamento intensivo. Em relação às 58 crianças hospitalizadas, 11 estão em UTIs pediátricas e 48 em leitos de enfermaria.

Curitiba chegou nesta quinta-feira ao segundo maior número de casos ativos de Covid-19 do ano, com 16.269 pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 ao mesmo tempo. O maior registro de 2022 foi na terça (1), quando havia 16.739 em status ativo. Comparada a duas semanas atrás, a quantidade é 49,5% superior.

O número de óbitos, embora muito inferior aos meses de pico do ano passado, deve ultrapassar em breve o total de dezembro. Nesses três primeiros dias de fevereiro já foram confirmadas 14 mortes por Covid na capital, mais da metade que todo o último mês de 2021, quando 20 pessoas morreram em decorrência do coronavírus na cidade.

Mesmo assim, a prefeitura diz que o cenário mostra estabilidade e isso permite que nova análise nas regras vigentes só seja feita daqui a duas semanas.

“A taxa de retransmissão do vírus, que indica o número de novos contaminados para cada pessoa que estiver na fase ativa da doença, está em 0,77, menor que há sete dias, quando o número estava em 1,07. O indicador abaixo de 1, demonstra desaceleração da pandemia, pois cada pessoa positiva está transmitindo para menos de uma pessoa”, informa a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Mais casos, menos gravidade

Ainda segundo a prefeitura, embora o número de infecções esteja em alta, a vacinação tem ajudado a conter a gravidade dos casos.

Entre 7 de fevereiro e 13 de março de 2021, 29.162 pessoas testaram positivo para a Covid-19 em Curitiba, das quais 10,5% necessitaram de internamento e 1,1% morreu.

Mas entre 26 de dezembro de 2021 e 29 de janeiro de 2022, com a chegada da variante Ômicron em meio a uma grande parcela da população imunizada, registraram-se 69.881 novos casos, mais que o dobro do número do período comparado, mas apenas 1,1% necessitou de internamento e só 0,3 foi a óbito.

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1 comentário em “Curitiba projeta queda de casos de Covid e estica prazo para rever bandeira amarela”

  1. Acredito que seja importante refletir a respeito da afirmação “Mais casos, menos gravidade”.

    Trata-se de um cálculo objetivo, utilizando os dados apresentados no texto:

    No período entre 07/02 e 13/03/21, ocorreu a morte de 1,1% dos 29.162 infectados. Isto significa que houve 321 óbitos (29.162 x 1,1% = 321).

    No período entre 26/12/21 e 29/01/22, a taxa de mortes foi 0,3%, para um total de 69.881 infectados. Isto significa que houve 210 óbitos (69.881 x 0,3% = 210).

    Evidentemente, 210 é menor que 321, porém, o número 210 representa 65% de 321. Ademais, adentramos terreno pantanoso quando nos permitimos insinuar que 210 óbitos seja “menos grave” do que 321. Em países tão diversos como a China e a Nova Zelândia, “menos grave” é zero mortes (sim, “Covid Zero” é política possível).

    Cabe fazer um comentário: números não falam. Números não dizem nada. Quem fala são as pessoas. Neste sentido, gostaria de apresentar outra leitura possível daqueles mesmos números:

    Nos períodos referidos, o número de casos, de fato, aumentou por um fator 2,4 (69.881 / 29.162 = 2,4). Sob esta perspectiva, as infecções mais do que duplicaram. Logo, se o número de pessoas contaminadas mais do que dobrou, não seria o caso de afirmar algo do tipo “MAIS gravidade, porque mais casos”?

    Quando era estudante, um amigo, pesquisador na área de matemática e estatística, brincava comigo: “torture os dados que eles confessam”. Piadinha infame, mas que deixa a gente pensando.

    Entendo perfeitamente que o objetivo da análise dos números (a queda da mortalidade de 1,1% para 0,3%) seja demonstrar que as vacinas funcionam. Contudo, não me parece razoável aceitar como sendo normal esta explosão no número de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2. Este aumento descontrolado implica, por exemplo, em pessoas que são impossibilitadas de comparecer ao trabalho (acarretando em impactos negativos na economia). Este aumento descontrolado também implica no aumento do número absoluto de pessoas que desenvolverão sequelas.

    A literatura científica vem crescendo substancialmente no registro das sequelas que podem acometer pessoas contaminadas pelo vírus (sequelas que afetam, inclusive, quem completou o ciclo vacinal). Basta buscar pela expressão “Long Covid” (algo como “Covid Persistente”). Em alguns artigos que tenho acompanhado, há estimativas de que entre 10% e 30% das pessoas contaminadas acabam apresentando sequelas. Mesmo crianças podem ser acometidas. Em muitas dessas pessoas, os efeitos são incapacitantes. Quer dizer: uma fração significativa das pessoas que adoecerem terão suas vidas fundamentalmente prejudicadas. Só esta ressalva já deveria ser suficiente para que, ao analisar as estatísticas, tivéssemos mais cuidado ao sopesar as palavras empregadas para traduzir os números.

    Números são capciosos, no fim das contas. Mais um exemplo está registrado no “Monitor Covid-19 Curitiba”, mantido por este Plural: Curitiba deveria estar em Bandeira Laranja, porém, a prefeitura mantém a Bandeira Amarela. Porque os números, mesmo quando torturados, não falam nada. Quem fala são as pessoas.

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