Curitiba lidera aumento do aluguel, segundo pesquisa

Levantamento da Fipe mostra que preço de moradia alugada subiu 5% desde o início de 2021

Somente nos últimos quatro meses a cidade de Curitiba apresentou um aumento de 5,20% no valor dos alugueis, a maior alta entre todas as capitais analisadas. A pesquisa foi realizada pela Fipe, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em parceria com o Grupo ZAP, portal especialista em locação de imóveis. 

Entre os bairros pesquisados que apresentaram o metro quadrado mais valorizado de Curitiba estão Prado Velho, com R$ 34,00/m², seguido pelo Tarumã, Mossunguê, Mercês e Vila Izabel. A instituição revelou que o valor médio do metro quadrado na cidade é de R$ 21,84, um dos mais baixos do país, ficando acima apenas de Fortaleza (R$ 17,21/m²) e Goiânia (R$ 18,29/m²).

O Índice FipeZap de Locação Residencial acompanhou o comportamento do preço de imóveis residenciais e constatou que após ficar estável em março, o preço médio do aluguel residencial subiu 0,19% em abril. O resultado mensal foi impulsionado pelas altas dos preços em Curitiba, Brasília, Florianópolis, Recife e Rio de Janeiro.

“De maneira geral, algumas cidades da região Sul têm apresentado aumento no valor tanto do aluguel quanto da venda. Com a chegada da pandemia, muitas pessoas começaram a prestar mais atenção nas condições de moradia, isso reforçou a demanda e reflete agora nos preços dos alugueis”, ressalta o pesquisador da Fipe, Eduardo Zylberstajn, doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV).

Entre janeiro e abril deste ano, o índice FipeZap acumula uma alta de 0,66%, resultado que mantém o comportamento do preço médio do aluguel residencial abaixo da inflação medida tanto pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA/IBGE, quanto pelo Índice Geral de Preços de Mercado, IGP-M/FGV. 

O IPCA, que mede a inflação de um conjunto de produtos referentes ao consumo pessoal de famílias, apresentou alta de 2,37% nos primeiros meses de 2021. O IGP-M, por sua vez, principal indicador de tarifas de serviços, como energia elétrica, internet e correção anual dos contratos de alugueis, desacelerou em abril com uma alta de 1,51%, contra 2,94% do mês de março. Mas considerando o acumulado nos últimos 12 meses o índice Geral de Preços de Mercado chega a 32,02%.

“Não há nada de errado com o IGP-M, a não ser o fato de que ele não possui relação com o mercado imobiliário. Sendo assim, os contratos que possuem a cláusula que prevê o reajuste através do IGP-M são prejudicados com esse salto apresentado pelo indicador”, acrescenta Eduardo. Num mundo ideal não precisaríamos de cláusula de reajuste, teríamos estabilidade de preços o suficiente. Mas no Brasil estamos bem longe disso, então pelo menos devíamos ter um indicador que guardasse relação com os preços do aluguel de fato”, conclui.

Considerando todas as 25 cidades monitoradas pelo índice FipeZap de Locação Residencial, o preço médio de locação residencial encerrou o mês de abril em R$ 30,69/m². Entre as 11 capitais monitoradas, São Paulo se manteve como a capital com o preço mais elevado (R$ 39,67/m²), seguida pelos valores médios registrados em Brasília (R$ 32,83/m²) e Recife (R$ 32,62/m²). 

Moradia

A alta no aluguel curitibano acontece no momento em que a capital paranaense atinge o ápice de pessoas vivendo em situação de rua. O Plural registrou que nos últimos nove anos o número de famílias vivendo em situação de rua teve um aumento expressivo de 1000%, passando de 252 em 2012 para 2.771 no último mês de fevereiro.

Os números são do Cadastro único para Programas Sociais (CadÚnico) e levam em conta apenas as pessoas cadastradas na plataforma, na prática, a estimativa pode estar bem abaixo do número real de pessoas em situação de vulnerabilidade nas ruas de Curitiba. Ainda segundo o registro do Plural, “entidades e instituições envolvidas em atividades de assistência a comunidades em condições de vulnerabilidade acreditam que a capital paranaense já possa ter superado a marca de 5 mil pessoas em situação de rua, principalmente após os impactos da pandemia da Covid-19”.

“A gente vem percebendo um processo muito forte de empobrecimento de pessoas que já estavam em situações vulneráveis. Pessoas que não tinham direito a moradia garantida, mas que conseguiam pagar pequenos alugeuis ou mesmo morar de favor com alguns familiares”, aponta Mariana Kauchakje, que compõe a coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). “Com a crise econômica essas pessoas já vulneráveis viram o pouco se transformar em nada. Elas tendem a ficar em situação de vulnerabilidade e as ocupações crescem, uma vez que a moradia é uma questão latente em Curitiba e na Região Metropolitana”, afirma Mariana.

Colaborou Mayala Fernandes

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