Copel começa ano de privatização com lucro de R$ 635,5 milhões

Considerando itens não recorrentes, o lucro líquido da elétrica paranaense foi ainda maior, de R$ 669,1 milhões

A Copel reportou nesta quarta-feira (10) lucro líquido de R$ 635,5 milhões no primeiro trimestre de 2023. O montante é ligeiramente menor do que o obtido no mesmo período do ano passado (5,1% abaixo), mas suficiente para manter a companhia, prestes a ser privatizada, em um patamar de rentabilidade bastante sedutor ao mercado.

Considerando itens não recorrentes – os não tratados como regulares –, o lucro líquido ajustado da elétrica paranaense foi de R$ 669,1 milhões ante R$ 650,3 milhões na comparação com 2022. Já o Ebitda, indicador de medição de desempenho, atingiu R$ 1.617,9 milhão, 10,7% superior ao mesmo período equivalente.

Os resultados foram resumidos pela diretoria na tarde desta quinta (11), em apresentação on-line comandada pelos diretores da holding Cássio Santana da Silva (Desenvolvimento de Negócios) e Adriano Rudek de Moura (Finanças e de Relações com Investidores). O presidente, Daniel Pimentel Slaviero, está em evento oficial em Nova Iorque.

Segundo o boletim de desempenho, os resultados da Copel Distribuição foram os que mais impactaram para as metas de lucro da companhia. O Ebitda ajustado da subsidiária foi de R$ 507,9 milhões, 31% a mais do que o registrado nos três primeiros meses de 2022, impulsionado pelo reajuste tarifário aprovado em junho do ano passado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A performance da Copel Mercado Livre também foi um importante componente do cálculo, com um lucro líquido de R$ 70,5 milhões – quando no primeiro trimestre do ano passado foram apenas R$ 4,6 milhões. Outro destaque foi a redução de R$ 36,3 milhões na compra de energia elétrica pela Copel GeT (Geração e Transmissão) diante do cenário hidrológico mais favorável.

Redução de custos rumo à privatização

Os breves discursos de justificativa dos números na apresentação desta tarde deixaram claro que o enfoque da companhia agora é consolidar a dinâmica de redução de custos para a transição ao novo modelo. Toda a lógica contábil, portanto, já está adaptada ao esquema de “corporation”.

O balanço mais recente aponta que os custos e despesas operacionais do período totalizaram R$ 4.420,5 milhões, 2,4% a menos. Isso, mesmo com o aumento das despesas PMSO (de pessoal, matéria, serviços de terceiros e outras), principalmente pela contrapartida oferecida pela empresa pelo fim do abono adicional de férias, direito do qual os servidores abriram mão no último acordo coletivo das categorias. Foram ainda aportados 41,5% a mais (equivalente a R$ 69,6 milhões adicionais) na contratação de serviços terceirizados.

De acordo com o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), a Copel demitiu quase 30% de seus funcionários nos últimos dez anos. O plano de privatização prevê quadros de mão de obra próprios ainda mais enxutos.

Segundo a empresa, os processos de aprovações gerais para o novo regime da empresa estão em andamento, “incluindo pedido de waiver aos debenturistas da Copel, bem como trabalhos de valuation e due dilligence pela Copel e assessorias especializadas”. A previsão é de que até meados do ano o Tribunal de Contas da União (TCU) termine de avaliar todos os passos do trâmite.

A decisão do governo Ratinho Jr. vai reduzir de 31,1% para no máximo 15% o capital total do Paraná sobre estatal. A iniciativa também encolhe de 69,7% para 10% a participação do governo nas ações ordinárias, as que garantem direito a voto nas assembleias.

A expectativa é arrecadar R$ 3 bilhões – menos da metade do lucro total obtido pela companhia em 2022.

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3 comentários em “Copel começa ano de privatização com lucro de R$ 635,5 milhões”

  1. Por que o Plural não questiona diretamente o governador a respeito? Peçam explicações a ele e publiquem!!! Será que ele consegue se explicar? Seria bom expô-lo. Perguntar que conta é essa que vende uma cia. lucrativa por metade do lucro anual. Pressionem diretamente o governador!

  2. A Copel está sendo vendida para o Estado do Paraná (Ratinho) pagar a dívida do Itaú, simples assim. Para não dizer que perdeu o controle surgiu a ideia (talvez sugerida pelo credor, dado que as negociações do acordo surgiram antes do envio para a Assembleia Legislativa do PL de venda da Copel e que esse governo não tem tantas cabeças pensantes assim) de vender o suficiente para pagar a dívida e deixar o lustre de “corporation”! Obviamente que se o Ratinho não tivesse atendido o pedido do Itaú o banco ia ficar na fila de precatórios esperando para receber o dinheiro por mais uns 20 anos, foi um excepcional negócio para o banco, que talvez até compre ações com o dinheiro que já recebeu e vai receber do Estado do Paraná. O resto é estorinha (com “e” mesmo), a ideologia é o dinheiro no caixa do Banco! Basta ler o acordo para ver que estava tudo planejado!

  3. A Light, privatizada, entrou hoje com pedido de recuperação judicial. Os paranaenses vão permitir esse assalto ao patrimônio público que o rato quer fazer?

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