Começa consulta pública pela militarização de escolas em Curitiba

Consulta segue até 22h de quarta-feira (29) e Governo Ratinho Jr. (PSD) trabalha para aumentar número de colégios militarizados no Paraná

Nesta terça-feira (28) começou a consulta pública para adoção do modelo cívico-militar em 127 escolas em todo Paraná. Em Curitiba são 27 colégios estaduais que podem ser militarizadas. O movimento na capital, por conta da chuva, era tímido durante a manhã. Podem votar servidores das escolas, estudantes e pais de alunos menores de 16 anos.

Nessa semana o Governo do Estado tentou barrar representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) nas escolas para falar sobre os problemas da militarização e nestes dias de consulta há restrições de espaço para aproximação, embora funcionários da Secretaria Estadual de Educação (Seed) estejam nos colégios acompanhando a consulta.

No Água Verde, por exemplo, no Lysímaco Ferreira da Costa dois servidores da Seed estavam dentro do local de votação. No fim da manhã uma viatura da Polícia Militar (PM) também parou para checar o andamento das atividades no local.

Uma das mães ouvidas pelo Plural do lado de fora da instituição disse que não estava a par do assunto com exatidão porque não conseguiu ir às reuniões e achou melhor deixar a filha votar. “Ela que estuda aqui pode escolher”.

No Rebouças, no Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, onde nesta semana uma mulher entregou panfletos nos quais havia mensagens afirmando que o modelo tradicional das escolas incentiva “erotização e drogas” e indicando o voto sim para a militarização que traz “respeito e disciplina”.

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Fila para votação nesta manhã no bairro Rebouças | Foto: Tami Taketani/Plural.

De acordo com a o sindicato, há relatos de dificuldades de alunos em votar por conta dos horários de votação, que vão das 8h às 22h. Segundo a APP alunos estão sendo impedidos de votar em horário de aula, o que prejudica sobretudo quem estuda no turno da noite e quer participar da consulta.

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Questionada pelo Plural a Seed informou que os alunos “podem votar até na hora do intervalo” e que há, de fato, orientação para que os estudantes não votem durante o horário de estudo para não perderem aula, uma “questão de legislação”.

A Seed também impediu que a reportagem fotografasse os locais de votação para “evitar qualquer configuração de campanha”, conforme respondeu a pasta.

Não é Colégio Militar

Muitos pais acreditam que a mudança para o modelo cívico-militar irá aprimorar a gestão da escola e a formação dos alunos porque os colégios militares e da Polícia Militar de Curitiba têm excelentes índices educacionais.

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Contudo, de acordo com o Governo os colégios cívicos-militares apenas apresentam “Apresenta um conceito de gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa com a participação do corpo docente da instituição e apoio dos militares inativos das forças armadas”.

Outra crítica do sindicato é que o valor pago aos militares da reserva que serão alocados nas unidades escolares é de R$ 5,5 mil, retirados do orçamento da educação e maior que o piso os professores.

Até agora o Paraná tem 194 colégios cívico-militares em funcionamento.

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