Cirurgia bariátrica: sobre borboletas e belugas (ou “Que tiro foi esse, que tá um arraso?”)

Jornalista curitibano que passou por bariátrica há um mês conta sua história de luta contra a obesidade e faz paralelo entre a sua experiência e a da paciente bariátrica mais famosa do país no momento, a cantora Jojo Todynho

Curitiba, dia 11 de agosto de 2023

Com uma calça que ganhei da minha esposa cinco anos atrás e que até hoje nunca havia me servido, entro no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, para a minha consulta de um mês de cirurgia bariátrica. É o tão aguardado dia da primeira pesagem oficial pós-operatória. Cerca de um mês antes, mais exatamente no dia 10 de julho, eu entrava ali usando roupas bem maiores, que troquei por um avental hospitalar antes de me deitar na mesa de cirurgia, dormir anestesiado e acordar cerca de três horas depois, já com o estômago reduzido e o intestino desviado. E agora estou de volta ao hospital para descobrir a resposta para a pergunta que todos me fazem: “Quantos quilos você já perdeu”?

Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio de Janeiro, dia 8 de agosto de 2023

Com um avental hospitalar semiaberto, exibindo parte de um dos fartos seios, a cantora Jojo Todynho, do hit “Que tiro foi esse?”, fala em um story do Instagram com seus 27 milhões de seguidores: “Depois que a borboleta começa a voar, ela nunca mais rasteja. Saí do casulo, bebê! Vamos com tudo?”. E ela vai com tudo ao centro cirúrgico do Hospital Unimed Rio para se submeter a uma cirurgia bariátrica, tornando-se uma das pessoas mais famosas do Brasil a passar pelo procedimento, que é cada vez mais comum – mais comum, porém, não exatamente popular, já que, das cerca de 75 mil cirurgias bariátricas realizadas em 2022, mais de 65 mil foram por planos de saúde, 3,5 mil particulares e menos de 6 mil pelo SUS. Ao sair do casulo para virar borboleta (expressão comumente utilizada por quem se submete à bariátrica), Jojo Todynho pôs fim a uma novela envolvendo a sua cirurgia. Uma novela com uma história comum a muitos obesos, como eu – obeso, eu, que história é essa?

Curitiba, algum dia de desgosto de 2008

– Por que você não faz a bariátrica?

– Eu? Bariátrica? Não preciso, não sou tão gordo!

– Olha, pelos meus cálculos, você já é quase um obeso grau II, a caminho de virar um obeso mórbido. E você já é hipertenso. Mais cedo ou mais tarde, acho que você vai precisar da cirurgia…

– Que mórbido, o quê? E bariátrica nem mais cedo, nem mais tarde! Nunca!

O diálogo acima ocorre no ambulatório do jornal Gazeta do Povo, na Praça Carlos Gomes, centro de Curitiba. Eu sou repórter do jornal há 3 anos e passo por uma avaliação periódica com o profissional de saúde de lá, um rapaz engraçado, mas que me deixa completamente sem graça ao falar na minha cara, pela primeira vez com palavras tão… pesadas, que eu sou “obeso”, quase um “obeso mórbido” e que preciso da “cirurgia bariátrica”, procedimento que eu rejeito por ter ouvido um parente falar que o amigo de um conhecido fez e morreu. Eu sei bem que estou gordo, tenho um espelho e muitas roupas apertadas, mas associo o termo “obesidade” exclusivamente àquelas pessoas enormes do programa Quilos Mortais, da tevê a cabo. Ao chegar em casa, enquanto vejo mais um episódio do programa, para ter certeza de que não sou como aquelas pessoas, começo a fazer contas e percebo que o rapaz de jaleco branco do jornal tem alguma razão. Afinal, ele vem acompanhando nos exames periódicos o meu ganho de peso: eu entrei no jornal em meados de 2005, aos 23 anos, no auge da minha boa forma, com cerca de 95kg bem distribuídos em 1,90m, e, cerca de três anos depois, já estou com 25kg a mais. Assim, com 26 anos, 120kg e 1,90m, meu Índice de Massa Corporal (IMC = peso/altura²) é de mais de 33, obesidade grau I, segundo a Medicina. Mais 7kg, e meu IMC saltará para mais de 35, obesidade grau II. Mas, para eu chegar a uma obesidade grau III, a chamada “obesidade mórbida”, eu preciso atingir um IMC de mais de 40, ou 145kg. Não, eu não vou chegar a esse ponto. Só se eu engordar… 25kg!? E quanto foi que eu engordei desde que entrei no jornal mesmo? Meu Pão Amado! Se os anos forem passando e os quilos forem ficando, eu logo serei um obeso mórbido mesmo e… Não, eu não! Eu nunca! Além do mais, mesmo gordo, sou bem resolvido… eu acho.

Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio de Janeiro, dia 7 de novembro de 2022

Pelas redes sociais, Jojo Todynho revela que se submeterá a uma cirurgia bariátrica e os fãs se perguntam: “que tiro foi esse”? Afinal, tempos antes, ela dizia que não faria a operação, por ser “bem resolvida”. Mas ser “bem resolvido” não resolve os problemas de saúde e nem a bariátrica é algo que se escolhe sem a devida orientação, como agora bem observa Jojo: “Eu sempre falei que não ia fazer bariátrica, que eu era contra a bariátrica, que a bariátrica salvou vidas, mas eu não precisava e que eu não ia fazer. Só que tem um porém: eu não sou médica. Se o médico que está com os meus exames e cuida de mim acha que eu tenho que fazer, que é preciso, eu vou cumprir”.

Curitiba, dia 7 de maio de 2020

“A Sociedade Espanhola para o Estudo da Obesidade fez um resumo das evidências científicas publicadas até agora e a relação é clara: pessoas com sobrepeso ou obesidade infectadas pelo coronavírus têm piores índices de sobrevivência e uma evolução pior do que o resto”, afirma a notícia do jornal El País, que eu leio assustado por sobre a máscara na Redação da Rede Massa, antes de editar mais reportagens televisivas sobre a emergente pandemia, a cinco dias de completar 38 anos. A Covid-19 é especialmente agressiva com obesos. E eu estou com mais de 145kg, marca que me parecia inatingível 12 anos antes, na consulta médica periódica do hoje extinto jornal impresso. Agora eu sou oficialmente um “obeso mórbido”. Preciso fazer algo a respeito, antes que não haja mais o que fazer. Recordo do profissional de saúde do jornal me falando, mais de uma década atrás: “Por que você não faz a bariátrica”? Por quê? É a única coisa que não tentei ainda. Falo a respeito com meu tio Gilmar, médico e também obeso, que me revela pensar em fazer a cirurgia e me dá uma indicação: “Sempre que eu converso com um paciente e ele me conta que fez a bariátrica, pergunto com qual médico e o que ele achou da cirurgia. Coincidentemente, o maior índice de satisfação nessa minha pesquisa é dos pacientes de um ex-colega meu de faculdade, o Dr. Rodrigo Strobel”. Antes de procurar o cirurgião, ainda tento fazer uma última tentativa de emagrecer “na raça”. Porém, quase aos 40 anos, o metabolismo, que nunca foi bom, está ainda pior. Desisto. Então, em outubro de 2020, passo por consulta com o Dr. Rodrigo e faço os exames, que constatam a já conhecida hipertensão, além de pré-diabetes e esteatose hepática, a famosa “gordura no fígado”. O médico afirma que a cirurgia quase com certeza vai me curar da hipertensão e da pré-diabetes logo de cara e, em prazo maior, deve resolver também a esteatose hepática. Eu me animo com essa perspectiva de ficar completamente curado, mas, antes de continuar o processo para a cirurgia pelo plano de saúde (que, além dos exames, precisa de laudos de cardiologista, clínico geral, nutricionista e psicólogo), eu perco o ânimo, pois a pandemia se agrava. Eu fico com mais medo da Covid do que do sobrepeso e desisto da bariátrica.

Rio de Janeiro, dia 22 de novembro de 2022

Em live, Jojo Todynho se defende de ataques sofridos após ter anunciado, duas semanas antes, que faria a cirurgia bariátrica. Entre os comentários mais frequentes, o de que ela “perderia a graça” se perdesse peso – críticas similares às dirigidas ao humorista Leandro Hassum, que fez a bariátrica em 2014. Jojo responde com leveza: “A Jojo não está na minha gordura, a Jojo está na minha personalidade. O meu peso não interfere na pessoa que eu sou”. Será?

Vinícius com a família. Foto: Arquivo pessoal

Curitiba, dia 12 de maio de 2022

Hoje faço 40 anos, idade propícia para fazer retrospectivas e novos planos. Afinal, dizem que a vida começa aos 40. Mas calculo que já passei da metade da minha vida. Será que terei mais 40 anos pela frente? Eu gostaria. Porém, hoje, acho difícil. Afinal, estou com 160kg, o maior peso que já tive – e uma obesidade “mórbida” assim reduz em cerca de 10 anos a expectativa de vida. Além do mais, venho engordando pelo menos 5 quilos por ano. Se continuar dessa forma, aos 50 anos eu estarei com mais de 200kg! Já posso ouvir o anúncio: “No episódio de hoje de Quilos Mortais, a história de Vinícius André Dias…”. Mas quando começa a minha história? Olho para fotos antigas e constato que o sobrepeso praticamente sempre interferiu na pessoa que eu sou. Fui um guri gordinho, especialmente a partir dos 6 anos, quando passei a morar em Cascavel com meus avós por conta do acidente que deixou na cadeira de rodas a minha mãe. E o guri gordinho logo virou um adolescente gordo, ainda mais na casa da avó, a melhor cozinheira de todos os tempos. Mas não posso culpar a querida e magrinha vó Gabriela pelo meu sobrepeso, até porque suas receitas eram bem saudáveis. Devo registrar também o fato de o meu saudoso avô André ser distribuidor de bebidas e de eu ter à disposição um estoque praticamente ilimitado de refrigerantes da Brahma, os mais doces, num tempo em que nada era Light, Diet ou Zero. Isso certamente não ajudava. Mas, para além da alimentação, há um componente genético forte: de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a genética é 70% responsável pelo desenvolvimento da obesidade. Não à toa, tenho muitos familiares obesos, com compleições físicas muito parecidas com a minha, mesmo criados em outros lugares e condições. E, seja como e onde for, ser obeso não é algo que se escolhe, porque não é uma vida fácil. Eu era chamado de todas as espécies de baleia pelo meu irmão só um pouco menos gordo (Beluga era a mais usada) e morria de vergonha de mim mesmo. Por isso, este Beluga “não gostava” de águas abertas, de ir à piscina e à praia. Também não gostava de jogar bola se fosse no time “sem camisa” – aliás, nunca me esqueço que uma vez, num jogo de futebol, ainda pré-adolescente, fui chamado de “saco de banha” pelo pai de um jogador do time adversário. Mas eu não ouvia apenas ofensas, ouvia também diversas “soluções” de “especialistas” em problemas alheios: “basta fechar a boca”, “basta fazer umas caminhadas”, “basta ter um pouco de força de vontade”, “basta…”. Eu demorei a dar um basta nisso tudo e perceber que, quem diz essas coisas de forma tão simplista, ainda que seja com boas intenções, nunca enfrentou o que um obeso enfrenta. Segundo pesquisas de especialistas de verdade, as chances de um obeso mórbido voltar ao peso “normal”, apenas “fechando a boca”, “fazendo umas caminhadas” e “tendo um pouco de força de vontade” são ínfimas. Been there, done that. Estive lá, fiz aquilo e aqui estou, chegando aos “enta” como nunca e gordo como sempre.

Rio de Janeiro, dia 10 de abril de 2023

Em plena preparação para fazer a bariátrica, Jojo Todynho desiste de fazer a cirurgia. “Não vou fazer a bariátrica porque, com alimentação e treino, eu tenho conseguido chegar ao meu objetivo e eu tomei a decisão de não fazer mais”, disse nas redes sociais, após perder cerca de 25kg dos 160kg iniciais. “De fato, eu estava querendo fazer a bariátrica também porque eu não estava querendo treinar, fazer dieta, nada. E estava achando que a bariátrica iria fazer um milagre, né? E não é assim. Então, tomei gosto por treinar, por fazer uma alimentação mais adequada e decidi não fazer mais a bariátrica”, afirma.

No hospital: enfim, a bariátrica. Foto: Arquivo pessoal

Curitiba, dia 3 de fevereiro de 2023

Cerca de dois anos e meio após desistir da bariátrica, eu volto à Gastrovida, o Centro de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Nossa Senhora das Graças. Depois de meio ano “quarentão” e com os mesmos 160kg, na virada de 2022 para 2023, em minha reflexão de réveillon, decidi que não viraria mais um ano obeso. Já no dia 3 de janeiro mandei mensagem para marcar a consulta e um mês depois estou novamente frente a frente com o simpático Dr. Rodrigo Strobel. Revelo a ele que, nos dois anos e meio em que não nos vimos, segui tentando emagrecer de diversas formas, mas sem sucesso duradouro – quando perdia alguns quilos, logo os encontrava de volta. De fato, ao longo da vida, fiz trocentas dietas, muitas por conta própria e muitas com orientação de ótimas nutricionistas, frequentei academias, psicólogas, tomei remédios… e muitas vezes emagreci, sim. Algumas vezes, emagreci muito. Mas voltei a engordar mais ainda. A sanfona sempre enche mais na volta. As tentativas começaram na adolescência, ainda na casa dos meus avós, em Cascavel. A primeira foi aos 16 anos, quando eu já tinha praticamente o 1,90m de altura que tenho hoje e atingi 110kg. Com orientação nutricional, um “metabolismo lento” não tão lento, as refeições controladas pela família e uma rotina de exercícios que ocupava praticamente a tarde toda, eu emagreci 15kg e atingi 95kg, que eu passei a considerar meu “peso ideal”. Menos de dois anos depois, quando vim morar em Curitiba para cursar a faculdade de Jornalismo, voltei a engordar. Recuperei o que havia perdido e mais. Cheguei a 115kg. Aí, “apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior”, apaixonei-me na universidade e tive a primeira desilusão amorosa. Descobri que ficar triste pode emagrecer. Perdi 20kg e… ganhei a garota! Assim, retornei aos 95kg, aos 19 anos. Mas aí descobri que namorar pode engordar. Ganhei 30kg e… perdi a garota! Aos 22 anos, estava com 125kg. Tinha acabado de me formar, não tinha um emprego, nem namorada, e, com muito tempo livre, foquei integralmente em dieta e exercícios: em um ano, emagreci 30kg e voltei aos 95kg. Foi com esse peso que entrei na Gazeta do Povo e, graças a um caneco de chope e uma crônica escrita por mim no jornal de domingo (para quem não conhece, a história é ótima, mas conto noutra oportunidade), conheci, em 2006, aos 24 anos, a mulher da minha vida, minha amada Veronica. Ela podia me processar por propaganda enganosa. Conheceu um namorado de 95kg, casou com um noivo de 120kg e chegou a ter um marido de 160kg – tudo eu, tudo eu. Ao longo desses cerca de 17 anos juntos, engordei mais do que o peso dela, que sempre teve menos de 60kg. Ajudando-me como pôde a ter uma alimentação saudável, com seu ótimo hábito de consumir muitas frutas, legumes e verduras, a Vero acompanhou minha luta contra a obesidade e me viu engordar e emagrecer diversas vezes – em uma delas, dez anos atrás, cheguei a perder 20kg, logo devidamente recuperados e multiplicados. Apesar de tudo isso, a garota ficou. E eu decidi ficar. Ficar bem por ela. Ficar bem por mim. Ficar bem pelos nossos filhos, meus grandes amores, Miguel (8 anos) e Emanuel (5 anos). Ao comunicar os meninos sobre a minha decisão de fazer a bariátrica, eles me perguntam se há risco de eu morrer na cirurgia. Eu sou honesto e respondo que sim, mas explico que é um risco muitíssimo pequeno, que hoje há um risco muito maior de eu morrer de repente, jogando bola com eles, por estar tão gordo, hipertenso e pré-diabético, e que eu não posso mais ser inconsequente e colocar a minha vida em risco como venho fazendo: “Afinal de contas, eu sempre quis ser pai, amo ser pai de vocês e quero continuar aqui junto com vocês por muito tempo”.

Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio de Janeiro, dia 10 de agosto de 2023

Ao ter alta hospitalar após a bariátrica, Jojo Todynho conta que sentiu dores após a cirurgia, mas que está bem e que fez a operação para poder realizar o sonho da maternidade, afinal, vem de uma “família de gordinhos” com problemas de pré-eclâmpsia (hipertensão) nas gestações: “Não posso ser inconsequente de colocar minha vida em risco. Eu tenho 26 anos e quero muito ser mãe”.

Curitiba, dia 10 de julho de 2023

Acompanhado de minha mãe, que fez questão de viajar de Cascavel a Curitiba para estar ao meu lado na internação, chego ao Hospital Nossa Senhora das Graças às seis horas da manhã para a cirurgia bariátrica, marcada para as sete horas. Graças à dieta pré-operatória indicada pela nutricionista Larissa Tonin, realizada a partir de uma semana antes da cirurgia (os últimos dois dias apenas com líquidos), eu já estou mais magro, com 6kg a menos do que na primeira consulta com ela, quando estava com 158kg, meu peso inicial “oficial”. Assim, vou para a bariátrica com 152 kg. E vou tranquilo, muito graças ao atendimento do psicólogo Nelson Von Lasperg, especializado em acompanhar pacientes bariátricos, que até me fez uma “pré-anestesia” com hipnose, cerca de 12 horas antes da cirurgia. Então, calmíssimo, por volta das sete e meia da manhã, eu coloco um avental, um bracelete informando que sou alérgico à dipirona e entro no Centro Cirúrgico. Sorridente, o Dr. Rodrigo me cumprimenta e me relembra que vão colocar meias de compressão e botas pneumáticas em mim, para evitar o risco de trombose. Lembro que, na única cirurgia que fiz até hoje, a vasectomia, o médico ligou o som e colocou pra tocar um rock pauleira – de acordo com o momento. Penso em pedir uma música também para o Dr. Rodrigo, acho que uma boa seria Rebirth, do Angra, que fala do renascimento de um homem: “Ride the wind of a brand new day. High, where mountains stand. Found my hope and pride again. Rebirth of a man” (“Voe pelo vento de um novo dia. Alto, aonde as montanhas ficam. Encontrei novamente minha esperança e orgulho. Renascimento de um homem”). Reflito que a versão original é pesada, talvez não seja adequada à leveza que o momento exige, melhor pedir a versão acústica… Antes que eu possa falar, ouço o anestesista dizer que vou começar a me sentir entorpecido… Acordo cerca de três horas depois, na sala de recuperação, sentindo de diferente apenas um estufamento levemente dolorido na barriga. Já no quarto, o Dr. Rodrigo me explica que esse estufamento é absolutamente normal, por conta do gás injetado no abdome para abrir espaço à cirurgia por videolaparoscopia, e que o melhor a se fazer para eliminar esse gás é caminhar pelos corredores do hospital. Assim, dou algumas breves caminhadas poucas horas depois da cirurgia – mas ainda sem conseguir eliminar qualquer gás. No fim da tarde, cerca de 10 horas após a operação, já faço a estreia do meu novo estômago, com um copinho de água, bebido aos golinhos, sem dor, sem incômodo. Estou de boa e não estou sentindo fome nenhuma.

Foto: Reprodução/Redes sociais

Rio de Janeiro, dia 12 de agosto de 2023

Quatro dias após a cirurgia, Jojo Todynho vai à praia, com seu agora inseparável copinho de sopa: “Uns comem peixe, pastel de camarão, outros tomam sopinha. Tá tudo certo. Sem vitória não há luta. E sem luta não há vitória. Eu, graças a Deus, fico feliz que sou uma mulher muito determinada, persistente e focada. Não tem problema não. A minha hora vai chegar e, quando chegar, eu vou estar rindo de alegria. Eu tô de boa, não tô sentindo fome nenhuma”.

Curitiba, dia 11 de julho de 2023

No primeiro almoço após a bariátrica, tomo um copinho de sopa coada e um de gelatina diet. Como a gelatina dissolve rapidamente, pode ser incluída na fase líquida, dos primeiros 15 dias depois da cirurgia. Essa dieta é basicamente composta de caldos coados, isotônicos, água de coco, alguns sucos, chás e água – tudo bebido em pequenos golinhos, pois o novo estômago, que está em cicatrização e não pode ser forçado, é muito pequeno, tem apenas cerca de 50ml inicialmente (com o passar do tempo, ele dilata um pouco). É pouco, mas eu não sinto mesmo nenhuma fome e nenhuma dor significativa. Aliás, com exceção da anestesia durante a cirurgia, não tomo nenhum remédio para dor – por protocolo, costuma-se dar dipirona durante a internação, mas, como eu sou alérgico à dipirona e não sinto dor que justifique remédio, não peço qualquer analgésico. As únicas dorezinhas que eu sinto são as causadas pelos gases. Para resolver isso, tomo um banho e passo boa parte deste segundo dia no hospital caminhando bastante. E funciona. Pela primeira vez na vida, comemoro um pum – que seguro até chegar no quarto, em minha defesa. De noite, apenas 36 horas após a cirurgia bariátrica, recebo a alta hospitalar. Meu irmão me leva para casa, onde sou recebido com carinho por minha esposa e meus filhos, que vêm me abraçar com cuidado, para não apertar a minha barriga, que não dói e tem apenas seis pequenos curativos que cobrem os cortezinhos (fechados com cola cirúrgica) por onde entraram os instrumentos para a cirurgia por videolaparoscopia. Não fossem pelos curativos, pelas injeções de anticoagulante que aplico na barriga nos 10 primeiros dias (só arde um pouquinho) e pelas meias de compressão (que não incomodam, mas que preciso usar por 30 dias), eu praticamente nem perceberia que fui operado.

Rio de Janeiro, dia 13 de agosto de 2023

Jojo Todynho faz uma série de stories no Instagram dançando funk. Ela dança sem limitação de movimentos e, quem não sabe que ela fez a bariátrica há poucos dias, nem percebe que ela foi recém-operada. Ela se explica aos seguidores: “O médico mandou eu me movimentar, então estou dançando”.

A pressão baixou e o remédio vai embora. Foto: Arquivo pessoal

Curitiba, dia 21 de julho de 2023

Quase dançando, de tão leve que me sinto, volto à Gastrovida, para a primeira consulta de retorno após a bariátrica, dez dias depois da alta hospitalar. O médico brinca que não me reconhece, não apenas pela evidente perda de peso, mas também porque raspei a barba grande e grisalha, que vinha deixando crescer nos últimos tempos. É um sinal da mudança de peso também. Quando eu era mais novo e mais magro, não usava barba. Mas, conforme fui engordando, passei a deixar a barba crescer. Achava que a barba, de certa forma, escondia a cara gorda – eu fazia um corte de barba que “alongava” o rosto, dando a ilusão de algum “emagrecimento”. O mesmo acontecia com as antes inseparáveis camisetas pretas, para esconder as formas e “afinar” a silhueta. Vou à consulta com uma camisa azul e uma jaqueta que não me serviam há anos. O médico troca os meus curativos, que podem ser molhados no banho e só serão retirados, por mim mesmo, 20 dias depois da cirurgia, deixando apenas seis pequenas cicatrizes. Na visita à nutricionista, ela já me passa o cardápio para a “fase pastosa”, que se inicia 15 dias após a operação, e fico feliz ao saber que, diferentemente do que eu imaginava, a “pasta” não é feita batendo os alimentos no liquidificador, mas na boca, mastigando bastante – o que o gordo, normalmente, não faz, e acaba comendo mais do que deve também por mastigar pouco. “A gente faz assim para que vocês aprendam a mastigar bem e depois possam voltar a comer praticamente de tudo sem problemas”, explica a nutricionista Larissa Tonin. Pergunto a ela se posso me pesar. Ela diz que não é indicado, que o correto é começar a se pesar apenas 30 dias após a cirurgia. Mas eu insisto, já que todo mundo anda me perguntando, e ela cede. Resultado: 142kg, dez a menos do que no dia da cirurgia, um quilo a menos por dia. Fico feliz com o emagrecimento, mas, mais feliz ainda, com outra coisa, que se confirma nas aferições durante as consultas: minha pressão arterial está controlada sem a necessidade de medicamentos. Depois de quase 20 anos tomando remédio para a pressão, sem o qual minha pressão média passava de 16 por 11 e já havia chegado a assustadores 23 por 12, minha companheira Losartana Potássica está aposentada. Os últimos comprimidos de anti-hipertensivo que tomei foram no dia anterior à cirurgia. Desde então, mais nada de remédio, e a pressão vem se mantendo em 14 por 9, conforme venho monitorando em casa – número confirmado agora, no hospital. “Ela vai baixar ainda mais e logo você estará com a pressão normal”, prevê o médico, previsão que se confirma apenas 18 dias depois da cirurgia, quando a pressão baixa para os sonhados 12 por 8. Outra coisa que baixa é a temperatura. Pela primeira vez em muitos anos sinto frio e não uso mais só camiseta (preta, claro) de manga curta. Preciso tirar do armário as poucas roupas de frio que eu ainda guardava – e que voltam a servir. Sentir frio é normal para os pacientes bariátricos, por conta da diminuição do tecido adiposo e da redução da ingestão de calorias. Pelo menos agora me sinto um verdadeiro curitibano da gema congelada e posso dizer: “Piazada, que frio do djanho”! Apesar do frio do “djanho”, caminho até a Igreja das Mercês, pertinho do Hospital Nossa Senhora das Graças, para a agradecer a Deus. Afinal, sou adepto da fé em Deus, da crença na Ciência, da prudência e da canja de galinha – neste momento, ainda batida e coada.

Rio de Janeiro, 13 de agosto de 2023

No carro, Jojo Todynho conta aos milhões de seguidores: “Tô indo pra igreja, agradecer Papai do Céu por essa cirurgia perfeita”. Mas a vibe “hashtag gratidão” dura pouco, até um motorista fechar o carro em que ela estava: “Vou falar no português claro: Não seja filha da p*** no trânsito”. E completa: Vou deixar uma coisa bem frisada aqui: eu vou ficar leve no peso, mas continuo pesada nas palavras”.

Saindo da dieta líquida. Foto: Arquivo pessoal

Curitiba, 25 de julho de 2023

PQP, como foi bom parar de tomar somente líquidos em todas as refeições! Já estava enjoado de isotônicos, água de coco e caldos! Exatamente 15 dias após a cirurgia, voltei a mastigar! E o que mais gosto: carne! Mais especificamente, nesta fase “pastosa”, carnes magras moídas, frango e peixe desfiados. Felizmente, para mim, o foco da dieta do bariátrico é proteína, para garantir a manutenção dos músculos – calcula-se que, a cada quatro quilos perdidos, um quilo é de músculo. Por isso, também preciso tomar diariamente uma boa dose de suplemento proteico, o tal whey protein, algo a que preciso me acostumar, pois, independentemente do sabor do produto, para mim, o pozinho parece deixar tudo com gosto de clara de ovo crua. No final deste dia da minha reestreia na arte da mastigação (e agora mastigando bem), participo pela primeira vez da reunião mensal dos pacientes bariátricos do Dr. Rodrigo Strobel – alguns que já fizeram a cirurgia, outros que estão no processo preparatório. O tema é “A cirurgia bariátrica é segura?”. Penso que, se eu tivesse visto essa apresentação há quinze anos, talvez já fosse operado há mais tempo. Isso porque, naquela época, eu duvidava da segurança da cirurgia, por conhecer apenas dois casos de bariátrica, um que deu certo e outro em que o paciente morreu – portanto, na minha ignorância, a taxa de mortalidade devia ser de 50%. Somente muito tempo depois, quando realmente me convenci da necessidade da cirurgia e fui me informar melhor, eu vim a saber que aquele caso de morte de que eu ouvira falar, quando ainda morava no interior do estado, havia ocorrido por uma enorme falta de cuidado do paciente no período pós-cirúrgico – que é praticamente tão importante quanto a própria operação. De fato, a dúvida sobre a segurança da cirurgia faz com que muita gente que tem indicação para fazer a operação deixe de se submeter a ela. E é muita gente mesmo. No Brasil, quase 20% da população já têm algum grau de obesidade, dos quais cerca de 5% estão no grau III, a obesidade hoje definida como “severa” (antigamente, chamada de “mórbida”), cujo tratamento indicado é o cirúrgico. Ou seja, hoje, há mais de 10 milhões de brasileiros com indicação bariátrica, mas apenas 1% efetivamente se submete à cirurgia – número similar ao dos Estados Unidos. Por quê? Segundo pesquisa da Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica e Bariátrica (confirmada por enquete realizada pela Gastrovida), a principal razão é o “medo dos riscos da cirurgia e complicações pós-operatórias”. Ao mesmo tempo, pesquisas mostram que a cirurgia bariátrica é muitíssimo segura. Conforme dados apontados pela Gastrovida, quando realizada em centros especializados, a taxa geral de mortalidade da bariátrica é de 0,13% (13 mortes a cada 10.000 pacientes), enquanto uma remoção da vesícula biliar tem taxa de mortalidade de 0,4% (40 mortes a cada 10.000 pacientes) – na própria Gastrovida, o índice de mortalidade da bariátrica é zero. Assim, apesar de muita gente me parabenizar pela coragem de me submeter à cirurgia, eu sempre respondo que corajoso (na verdade, inconsequente) seria continuar obeso, hipertenso, pré-diabético e com o fígado tomado por gordura. Isso, sim, seria arriscado. Realmente, está claro para mim que a maior parte do medo da cirurgia bariátrica vem da falta de informação. Mas isso está mudando.

Rio de Janeiro, 14 de agosto de 2023

“Muitas coisas vão mudar”, diz Jojo Todynho em seu Instagram, uma semana após fazer a bariátrica. E ela recebe mensagens de apoio de diversos seguidores. Uma: “Jojo, o primeiro mês é difícil, mas passa e vai valer muito a pena! Fiz a redução de estômago e só me arrependo de não ter feito antes”. Outra: “É nítido o quanto perdeu peso. Parabéns, Jojo, você é uma inspiração de força de vontade para muitas pessoas”.

Rechonchudo na infância. Foto: Arquivo pessoal

Curitiba, 11 de agosto de 2023

“É nítido que você perdeu peso, mas vamos saber quanto”, diz a nutricionista Larissa Tonin. Subo na balança para a primeira pesagem oficial, de um mês pós-bariátrica: “136,3kg, emagreceu até mais do que a meta”, sorri a nutri. Calculo que faz uns 7 anos que não tenho esse peso. Eu venho controlando a ansiedade e não me peso desde aquela pesagem “extraoficial”, 10 dias após a operação, mas já via a diferença na minha aparência, nas roupas e até na aliança de casamento, que voltou a servir no dedo anelar, depois de passar muitos anos no polegar, único dedo em que servia sem apertar. A nutri me passa a dieta para o próximo mês, a chamada “dieta branda”, em que já posso comer bastante coisa, sempre com foco em proteínas, porções reduzidas e tudo bem mastigado, claro. Passo à consulta com o cirurgião, o Dr. Rodrigo, que mostra meus dados na tela do computador: “Considerando o peso inicial de 158kg, de quando começou o acompanhamento pré-operatório com a nutricionista, você emagreceu 21,7kg. Já eliminou 28,3% do excesso de peso. A média é de 25,70%”. Olho na tabela que meu IMC, que antes era de 43,8, obesidade grau III, agora é de 37,8, obesidade grau II. Ou seja, em um mês de cirurgia, já não sou mais um obeso “mórbido”. O Dr. Rodrigo então abre um gráfico e me diz, animado: “Isso aqui é como se fosse uma bola de cristal. São os dados compilados de todos os meus pacientes. Com base neles, consigo mostrar o que vai acontecer com você”. Olho para o gráfico e vejo que a expectativa é que eu perca 75% do excesso de peso até o 9º mês. Como o gráfico é baseado em um peso ideal de 81,5 kg, que eu acho que tive só na infância, calculo que, em maio do ano que vem, poderei celebrar meu aniversário de 42 anos com meus 95kg “de lei”, mais de 60kg a menos do que antes da cirurgia. Não tenho nem roupa pra isso, literalmente! E o médico ainda me surpreende com outra informação: uma paciente, de quem eu nunca tinha ouvido falar, foi procurá-lo depois de ler na internet um texto que eu havia escrito sobre a bariátrica. Acontece que, um dia antes da cirurgia, eu escrevi um texto nas minhas redes sociais apenas para comunicar sobre a minha decisão aos amigos e familiares mais distantes – só os mais próximos sabiam. Eu não esperava o que aconteceu em seguida. Além da enxurrada de mensagens carinhosas de apoio, eu passei a receber mensagens de pessoas se dizendo motivadas pela minha história e pedindo para eu continuar escrevendo a respeito. Um amigo que eu não via há uns 15 anos (e que tem um perfil físico e de doenças bem parecido com o meu) afirmou: “Vou acompanhando você… Estou com meu piá pequeno e queria jogar bola com ele, e como está indo não será possível”. Outro, preocupado com a filha, escreveu: “Um abençoado pós-cirúrgico. Adorei a sua postagem. Quando estiver bem recuperado da cirurgia, iremos conversar sobre a sua experiência. Estou na tentativa de convencer minha filha, hoje com 120 quilos. Tenha certeza que seus relatos irão ajudar muita gente e incentivar”. Mas a mensagem que mais me emocionou, por eu nem sequer conhecer a autora, foi a de uma amiga da minha mãe. Ela tem um filho que desde a adolescência luta contra a obesidade, faz dieta com acompanhamento de nutricionista, vai para a academia, faz de tudo, e sofre muito por não conseguir emagrecer. Ao ler o meu relato, ela escreveu à minha mãe, que me repassou: “O bacana de ler o que o seu filho escreveu é que eu sempre tive medo de pensar em uma bariátrica no meu filho. Peço que seu filho, se puder, continue os relatos do pós-cirúrgico, pois penso que a cirurgia, no caso do meu filho, será um caminho inevitável e seria bom eu saber como auxiliá-lo”. E completou: “Eu precisava ler isso para renovar minha esperança em ajudar o meu filho”. Depois dessa, não havia como eu parar de escrever a respeito da bariátrica. Eu nem pretendia abrir meu perfil de Instagram para o público, pois ele era privado e só tinha amigos e familiares, mas passei a receber algumas mensagens de completos desconhecidos que queriam me seguir e pediam que eu continuasse escrevendo: “Vinícius, irei te seguir para viver suas experiências. Estou para fazer a minha cirurgia a qualquer momento e a ansiedade é grande. Estou com 104kg e, como você, tomo remédios de pressão e diabetes há muito tempo. Obrigada pelo seu depoimento e continue, por favor, muita gente se inspira em você”, escreveu uma senhora que eu não conhecia, por exemplo. Assim, apesar de eu não ter a pretensão de virar um “bari-influencer” (e tem vários perfis desses bons, como o @barisurtado, o @bariatricosinspiracao, o @barificando, o @poxabari, o @diadiabari, entre outros) e ter 0,0001% dos seguidores da Jojo Todynho, aqui estou, escrevendo textão sobre a bariátrica. E um textão bem diferente, cheio de vai e vem. Escrevi desse jeito porque geralmente é assim que é a relação de um obeso com seu peso, um constante “efeito sanfona”. E fiz o paralelo com a história da Jojo para mostrar que, não importa onde estejam e quem sejam, os gordos passam por processos parecidos nessa luta em favor da saúde e contra a obesidade – que, nunca é demais ressaltar, é uma doença. A história é comum a milhões de brasileiros, como eu e Jojo. Ambos temos histórico familiar de obesidade, chegamos a pesar 160kg, tentamos várias formas de emagrecer, decidimos pela cirurgia, depois desistimos de “ir pra faca”, mas, no final, acabamos aceitando nos submeter à bariátrica (que ambos fizemos por plano de saúde) e passamos muito bem pela operação – a diferença é que, para o meu caso, o método cirúrgico foi o bypass gástrico, que, diferentemente da técnica sleeve, realizada na Jojo Todynho, não apenas reduz o estômago, mas também o liga diretamente ao meio do intestino delgado, promovendo uma alteração hormonal benéfica ao organismo. Qual é a melhor técnica? Somente um médico pode responder essa pergunta, de acordo com o caso de cada paciente. O importante, acredito, é quem sofre de obesidade procurar informação. E ela tem que estar em todo lugar. Porque, 15 anos atrás, em vez de me chocar com a proposta da bariátrica feita pelo profissional de saúde do jornal em que eu trabalhava, talvez eu tivesse feito a cirurgia se encontrasse ao meu redor mais informação sobre ela. Falava-se pouco da bariátrica e quem fazia a operação parecia querer esconder a informação, como se emagrecer com o auxílio de um procedimento cirúrgico fosse menos digno, não fosse “na raça” – só fui descobrir que várias pessoas que eu conhecia já tinham feito a bariátrica depois que eu fiz e elas abriram o jogo! Acho justíssimo que as pessoas não queiram se expor. Eu mesmo não queria. Mas acabei me convencendo de que devo compartilhar o que estou vivendo. Eu não sou médico, nem nutricionista, e não posso, não quero e nem vou indicar a bariátrica para ninguém. Sou jornalista e o que posso e tenho procurado fazer é relatar a minha experiência individual, para que outras pessoas inspirem-se a buscar, como costumo desejar aos amigos, uma vida longa, leve e linda – com ou sem bariátrica. De qualquer forma, a cirurgia é só uma etapa do processo, que nunca termina. Além dos cuidados com a alimentação, agora eu preciso tomar vitaminas (o bariátrico necessita de suplementação constante) e também já posso e devo fazer musculação – o foco nem é tanto em reduzir a massa gorda, o que acontecerá naturalmente, mas em aumentar a massa magra. “Ah, mas isso é o que qualquer um precisa fazer para emagrecer, qual é a vantagem da cirurgia?”, alguns perguntam. A vantagem é que, pela primeira vez na vida, eu não sinto uma fome voraz e o meu corpo realmente me ajuda a emagrecer, graças às alterações metabólicas promovidas pela bariátrica. Mas o que vem pela frente eu não sei. Virar borboleta está sendo fácil até agora. Voar será outra história. Se você tiver interesse em acompanhar essa história, basta me seguir no Instagram (@sigaovinicius) ou no Facebook (Vinícius André Dias). Vida longa, leve e linda a todos.

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