Alep recua e desiste de tornar Paraná receptor de lixo perigoso descartado por outros estados

Com impacto na imagem do governador, derrubada de vetos foi revista por deputados em reunião nesta segunda

A Assembleia Legislativa (Alep) decidiu em reunião na manhã desta segunda-feira (1) voltar atrás e manter o veto parcial aplicado por Ratinho Jr. ao projeto de lei que alterou regras na política paranaense de tratamento de resíduos sólidos. Com isso, aterros do Paraná não poderão ser mais destino final de “lixo perigoso” despejado por outros estados.

O recuo veio após a derrubada repercutir e incomodar a campanha do governador à reeleição. Nem mesmo a base de Ratinho se manteve com ele na apreciação do veto. Nos bastidores, fontes avaliaram que, no fundo, não viram qualquer esforço do Palácio Iguaçu em articular os deputados para manter a proibição, pois o assunto é de interesse de políticos aliados.

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Mas o impacto (negativo) superou o previsto. Os dispositivos legais do texto do deputado Tião Medeiros (PP) barrados pelo governador – dois, ao todo – desprezavam resolução de 2021 do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Cema) que proibiu a importação de resíduos específicos trazidos de outros estados, entre eles, os classificados perigosos. A proposta, com saiu do legislativo, também foi flexibilizou o tratamento de resíduos inflamáveis.

O projeto original correu em regime de urgência e só não avançou em velocidade maior porque manifestações da OAB-PR e do Ministério Público alertaram para margens inconstitucionais da proposta. O texto chegou a ser sancionado, mas, uma semana depois, o Executivo publicou os vetos, derrubados na semana passada. No sábado, em convenção do PSD na qual foi oficializado como candidato à reeleição, Ratinho sinalizou contrariedade com a decisão do legislativo e indicou acionar a Justiça para manter os impedimentos.

O tema gerou faíscas durante todo o fim de semana. O novo posicionamento da Alep foi lido pelo presidente da Casa, o deputado Ademar Traiano (PSD), em sessão com críticas à cobertura da imprensa sobre o tema. “(…) não promulgaremos nem publicaremos os dispositivos vetados, tornando sem efeito o veto derrubado. Essa decisão foi tomada após novos debates com os parlamentares da situação e da oposição”, diz a nota.

O conteúdo, também publicado no site da Assembleia, defende o projeto da forma como foi enviado ao Executivo e cita ter havido, antes de sua aprovação, debate intenso com deputados, assessores e técnicos “sobre todas as consequências ambientais, econômicas e sociais e procuraram entender a prática de geração e destinação de resíduos”. No entanto, fontes do Cema afirmaram à reportagem que as mudanças sequer foram discutidas pelo conselho.

Antes de ler o parecer, o presidente da Alep falou em “distorções” sobre o impacto do projeto e disse não ser verdade que ele liberaria a entrada de lixo perigoso no Paraná. “A iniciativa foi no sentido de avanço, mas distorções foram vendidas”, disse. O líder do governo na Alep, Marcel Micheletto (PL), também criticou a cobertura da imprensa e disse que o tom fugiu do “técnico”.

Apesar da exclusão do trecho original que permitia descargas de resíduos explosivos, reativos e radioativos, um dos dispositivos vetados por Ratinho ainda permitia aos aterros do Paraná, desde que emitidos os devidos licenciamentos, receber “resíduos industriais Classes I e II, exceto resíduos explosivos, reativos e radioativos”.

Pela norma brasileira de classificação de resíduos sólidos, a NBR 10004, lixos de classe I são da categoria perigosos e assim são chamados por apresentar “risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices” e ao meio ambiente, “quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada”.

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3 comentários em “Alep recua e desiste de tornar Paraná receptor de lixo perigoso descartado por outros estados”

  1. Parabéns ao Plural que destrinchou por primeiro a hipocrisia das raposas do anexo do Palácio Iguaçu. Políticos sem compromisso com o povo sofrido. Agora é separar o “joio do trigo” para que o povo mande esses ratos para o lixo da História, em especial, aqueles dos currais dos Campos Gerais e Norte Pioneiro. Sabujos das empresas de lixo.

  2. Clara Dalla Costa

    Claro, havia interesse pessoal de Deputados Estaduais, políticos corruptos, que aprovaram e derrubaram veto , para fazer do PR depósito de lixo vindo de outros Estados.
    Ainda bem que a IMPRENSA alertou a sociedade que reagiu indignada

  3. Eleitora de esquerda que não faz mais L com a mãozinha

    Política é só desgosto. PT se unindo ao Alckmin e União Brasil (linhagem do partido ARENA da ditadura) joga um balde de gelo na nossa esperança de dias melhores por vir. Meu voto esse ano vai só pro pessoal de esquerda com pouca chance de ganhar. Me recuso a votar nulo. O pessoal que ficou fazendo vigília pra político é quem tá mais decepcionado com as escolhas do PT. Enfraquecer o time é a mesma coisa que jogar pro time oposto. E o PT propositalmente faz a esquerda no Paraná fraca. Resta saber se isso é agenda nacional ou agenda do presidente do PT no PR. O lixo tóxico já faz tempo que é cultivado no PR – por tradição. O lixo que tem medinho de ser de esquerda, medinho de mulher nos cargos de liderança, medinho de pessoas pretas nos cargos de liderança, medinho da comunidade LGBTQI em cargos de liderança, medinho da verdade.

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