Ações no sistema de terceirizada para envio de mensagens golpistas começaram 2 dias antes

No dia 21 de setembro, sistema da Algar já registrava ação de usuário

O texto de matiz golpista enviado a partir de canais oficiais do governo do Paraná chegou a 324.818 números de celulares diferentes, diz Boletim de Ocorrência registrado pela Celepar. Em ofício de resposta anexado aos autos do processo de investigação que corre na Justiça Eleitoral, a Algar, responsabilizada pela companhia estatal pelos disparos, informou já ter identificado o usuário que comandou as ações ilegais. Os primeiros registros de alteração no sistema da empresa, que é de Minas Gerais, datam de 21 de setembro – ou seja, dois dias antes do envio em massa dos textos.

No documento, a Algar Soluções em TIC confirma ter ocorrido “um acesso indevido à parte da base de dados do sistema utilizado para envio e recebimento de mensagens, por meio do uso de credenciais válidas vinculadas à Celepar”, companhia de tecnologia da informação vinculada ao estado do Paraná. Segundo apurações internas, um usuário, já identificado, realizou a troca da senha do usuário administrador, ligado à Celepar, às 23h09 do dia 21 de setembro. No mesmo dia, o usuário criou um centro de custo nomeado de “presidente_Bolsonaro_mais_uma_vaz”. Todas as modificações foram no próprio sistema da Algar.

Registro das movimentações no sistema da Algar

As mensagens a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) chegaram aos milhares de números entre os dias 23 e 24 de setembro, pouco mais de uma semana das eleições presidenciais. “Vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senao, vamos a rua para protestar! Vamos invadir o congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nos!! [sic]”, diz o conteúdo.

O primeiro disparo foi feito às 20h25 pelo usuário da empresa mineira; outros dois às 20h37 e 21h33 pelo administrador do sistema, ambos por um mesmo IP, ou seja, a partir do mesmo “endereço”. À 00h41 houve o quarto e último envio.  

Pelas redes sociais, muitos paranaenses informaram ter recebido o texto com a identificação do Detran. Mas também houve relatos de envios pelo canal da Polícia Civil.

A Celepar, que se coloca como vítima da situação, informou que vários contatos foram englobados nos disparos feitos a partir da plataforma da Algar e que o número vinculado ao governo do Paraná – o 28523 – entrou no pacote aleatoriamente. No ofício de resposta anexada aos autos, no entanto, a Algar cita a troca da senha de um usuário administrador com e-mail de cadastro da estatal.   

Ao Plural, a companhia informou ainda que, mesmo o usuário já tendo sido identificado, não deverá entrar com processo individual contra o funcionário. As prerrogativas, afirmou, competem à empresa contratada.

A Algar, por sua vez, não se manifestou sobre o intervalo temporal entre o início das alterações nas contas e no sistema da empresa e o envio das mensagens. O questionamento da reportagem foi se as movimentações, devidamente registradas, não foram percebidas pelos responsáveis a tempo.

Apesar da identificação do usuário, as investigações para chegar ao autor das mensagens continua.

“A Algar Telecom esclarece que, nesta fase preliminar de investigações, ainda não é possível determinar o autor dos disparos e sim, a conta utilizada para os disparos indevidos. A companhia reforça que houve um acesso indevido e não autorizado à plataforma e que, desde a confirmação do ocorrido, registrou o fato perante as Autoridades competentes, incluindo o registro as Autoridades Policiais para investigação e identificação do possível autor. Iniciou também uma análise interna com o apoio de consultores independentes e especializados”, informou, em nota, a empresa.

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