O Plural começa a publicar aqui um detalhamento da rede de empresas da família Gulin, que domina a rede de transporte coletivo em Curitiba e região. Este não é um trabalho finalizado, e sim em aberto. O tamanho e o escopo desse trabalho é tão impressionante que vamos precisar da ajuda de vocês, leitores e leitoras, para conseguir detalhar tudo. A cada novo CNPJ ou CPF, a rede ganha novos elos e puxa mais um fio da história dessa família que define tanto a rotina quanto o horizonte dos curitibanos.
Peça central no Sistema de Transporte Coletivo não só em Curitiba, mas também nas cidades da região metropolitana, a família Gulin tem uma rede impressionante de empresas e negócios na região. São pontos centrais nessa rede as empresas de transporte Auto Viação Redentor, Transporte Coletivo Glória, Viação Santo Antônio, Viação Santo Angelo, Viação Cidade Sorriso e Auto Viação Marechal. Mas a partir delas o Plural conseguiu mapear outros dezenas de negócios, holdings e sócios que atuam em diferentes aspectos da cidade.
A essas empresas de transporte se conectam outras 57 empresas, a maior parte holdings, ou seja, entidades jurídicas que unem empresas. É por meio dessas holdings que 187 pessoas – a maioria com o sobrenome Gulin, mas nem todas – se conectam e dividem a participação nos negócios da família.
Três holdings concentram a distribuição desse império: CITINVEST PARTICIPACOES LTDA, SOLIDITA PARTICIPACOES SOCIETARIAS LTDA e VIVELO PARTICIPACOES LTDA. Mas há dezenas de outras holdings que unem grupos familiares menores. Caso da Librizze Participações, que reúne quatro integrantes da família Calabrese: Silvana, Sueli, João Antônio e Sandra.
Menos visível, mas igualmente importante são os negócios imobiliários da família, cuja peça mais vistosa é o Neo SuperQuadra, complexo de imóveis comerciais no Centro Cívico, a poucos passos da prefeitura de Curitiba. É lá que fica a sede do Grupo Noster, que reúne os negócios da família do núcleo de Alfredo Gulin Filho, Alfredo Gulin Neto e Wilson Luiz Gulin.
O núcleo também é dono da AG7 Realty, dedicada a empreendimentos imobiliários como o edifício iGloo, no Água Verde e o Ícaro Jardins da Graciosa, no Cabral, este último um exemplar do que o grupo chama de “building wellness”, empreendimentos de alto luxo com amenidades.
Confira a rede completa de empresas Gulin (clique na imagem para abrir em tamanho completo)
No campo do transporte coletivo, o grupo de Alfredo Gulin Filho é dono da Viação Santo Angelo e Santo Antônio, que atuam em Curitiba e na região metropolitana. Também são proprietários da Copava Multimarcas, concessionária de veículos. A rede ligada a eles está à esquerda da imagem acima.
Um outro grupo, liderado por Donato Gulin e Alexandre Radtke, domina a Viação Cidade Sorriso, Auto Viação Marechal e a Transporte Coletivo Glória. Nesse grupo, o outro negócio mais vistoso (fora do transporte coletivo) é a Elejor Centrais Elétricas do Rio Jordão, criada em 2001 pela Copel e a Paineira Participações e Empreendimentos Ltda, grupo da família Gulin.
A Paineira Participações tem como sócios além de Alexandre Radtke, outras quinze pessoas da família e holdings. O que faz a Elejor? Explora o Complexo Energético Fundão Santa Clara, instalado no Rio Jordão, um afluente do Rio Iguaçu.
Alexandre Radtke é casado com Adalir Inês Gulin Radtke, irmã de José Gulin, ex-presidente da Expresso Princesa dos Campos, empresa de transporte intermunicipal da região central do Paraná. Adalir também é filha de Angelo Gulin e Angela Ferro Gulin.
Quer ajudar a desenhar essa rede conosco? Mande sua contribuição para [email protected]. Informações sobre empresas devem, preferencialmente, indicar o CNPJ da companhia.
Como o Plural está produzindo essa reportagem?
A apuração dessas informações começou a partir do registro das empresas do sistema de transporte público de Curitiba na Junta Comercial do Paraná. Esse registro contém os dados da empresa e a relação de sócios. Com isso, a reportagem passou a consultar cada instituição e pessoa sócia dessas empresas também, registrando também seus sócios.
O gráfico acima mostra quem é sócio de quem. Parece confuso? É porque é mesmo. São dezenas de empresas, centenas de pessoas. A título de comparação, a rede de empresas ligada a Expresso Azul, outra concessionária do transporte de Curitiba, é bem menos complexa:
Importante salientar que não há qualquer ilegalidade na construção de redes de empresas. No entanto a Plural considera que é de interesse público conhecer melhor as empresas e empresários por trás da rede de transporte da cidade, dada a relevância desse serviço.
Com dinheiro da prefeitura e do governo do estado pingando todo mês, fica bem fácil “construir” um império, né?