Quem vai para a disputa contra a reeleição de Greca?

Daqui a um ano, prefeito tentará feito inédito: mas para conseguir o terceiro mandato terá de superar Leprevost, Francischini, Fruet e Ducci.

A eleição para prefeito acontece daqui a um ano em todas as cidades do Brasil. Em Curitiba, a grande pergunta é se Rafael Greca (DEM), ressurgido das cinzas em 2016, conseguirá repetir o feito e chegar ao seu terceiro mandato à frente da cidade.

Se conseguir, será um recorde. Desde o início das eleições para a prefeitura, em 1954, ninguém conseguiu vencer três vezes. Jaime Lerner comandou a cidade por três períodos, mas em dois deles foi prefeito biônico, indicado pela ditadura. Cassio Taniguchi e Beto Richa venceram duas eleições. Três, ninguém.

Como toda disputa em que o mandatário estará no cargo, será um plebiscito. Os satisfeitos pedem que o prefeito fique; os descontentes, que entre qualquer outro, desde que este saia. A popularidade de Greca, portanto, deve ser o fator fundamental a se observar nas pesquisas que virão.

O grande ponto positivo que o prefeito deverá usar na campanha é o fato de ter arrumado as finanças da cidade. Dirá que pegou uma prefeitura em más condições e agora está até deixando dinheiro para o sucessor. São os frutos de uma manobra ousada e altamente impopular feita no início do mandato: o pacote de ajuste fiscal.

Greca retomou R$ 600 milhões da previdência, suspendeu planos de carreira, arrochou salários, deu jeito de cobrar mais taxa de lixo. Os vereadores tiveram de se retirar para um bunker montado na Ópera de Arame depois de quase apanharem por se curvar à vontade do prefeito.

Como sempre, Greca também dirá que conhece a cidade como ninguém: o lado afetivo de sua relação por Curitiba sempre foi um ativo político do prefeito. Gustavo Fruet (PDT) em parte perdeu a reeleição em 2016 por ser visto como alguém que não cuidava de coisas simples, como roçada e tapa-buracos. Greca quer se colocar como o oposto disso.

Como grande argumento contra deve estar a incapacidade de cumprir promessas de campanha, como a obra da trincheira na Mário Tourinho, que teve um atraso gigantesco e um ar meio patético depois de a via ficar parcialmente interditada por meses sem que a obra jamais começasse. Ou a Conectora-3, que jamais saiu do papel.

Greca também tem de responder (como todo prefeito), pelos problemas nos serviços públicos. O ônibus subiu a uma tarifa inimaginável (R$ 4,50) e não melhorou nada: os ônibus novos não foram suficientes sequer para tirar de linha todos os que estão com a vida útil vencida.

Na saúde, a terceirização das Upas não convenceu os servidores. Na educação, para baixar custos, Greca também quer adotar o regime de PSS, e provocou a fúria do sindicato. A população de rua só cresceu e o principal abrigo no Centro fechou. E mesmo a zeladoria tem problemas.

Ser gestor de uma cidade grande em época de pouco dinheiro é complicado, mesmo com o mar de recursos que Ratinho Jr. (PSD) disponibilizou. E ainda resta o problema político de explicar a conexão com Beto Richa (PSDB).

Oposição à esquerda

Apostando em tudo isso, a oposição deve vir com grandes expectativas. À esquerda, pode haver três nomes. O mais forte, apesar do fracasso de 2016, continua sendo Fruet.

Sem jamais ter engolido a derrota para Greca (mais que um adversário, um desafeto), o deputado federal pretende disputar o cargo de novo até para mostrar que pode se vingar do sucessor. Agora, será pedra, não vidraça. Para isso, porém, tem a dificuldade de inventar uma coalizão que não envolva o PT, partido que ajudou muito sua eleição em 2012, mas do qual quer distância hoje – sentimento mútuo, aliás.

Fruet pegou fama do sujeito correto, incapaz de um ato antiético, mas que não saberia ter pulso para governar. Virou voz corrente que ele é melhor parlamentar do que prefeito. No entanto, se conseguir explorar os pontos fracos do adversário, tem chances.

O PT deve lançar mais uma vez uma candidatura só para marcar posição. Dizem que seria Mírian Gonçalves, ex-vice de Fruet – os dois se desentenderam de maneira incontornável no último ano de mandato.

E há o MDB, dos Requião, que pode lançar João Arruda – o ex-deputado enfrentou a primeira disputa para o executivo em 2018, quando saiu para o governo, e parece disposto a ir em frente. Mas dessa vez seu nicho será mais disputado e ele dificilmente será tão bem-sucedido.

Oposição à direita

Dos candidatos mais à direita, dois se sobressaem. Fernando Francischini (PSL) vai na onda bolsonarista e acredita ter chances de vencer. Fez uma votação histórica para deputado e tem um discurso que obviamente agrada os curitibanos – não foi à toa que três quartos da cidade votaram em Jair Bolsonaro (PSL).

Ney Leprevost (PSD), que terminou em segundo lugar, indo para um inusitado segundo turno contra Greca, em 2016, tem força – e disputa com Francischini o apoio do governador Ratinho Jr. (PSD). Se conseguir ser o candidato oficial, provavelmente será o opositor mais duro de Greca, que ganhou apertado em 2016.

Por último, há Luciano Ducci (PSB). Sem nada a perder, o ex-prefeito deve fazer uma corrida sem maiores pretensões, mas que reforçará seu nome para 2022.

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