Pastor é investigado por suspeita de “rachadinha” e nomeação de fantasmas na Câmara

Vereador de Curitiba, Marciano Alves é alvo de inquérito civil instaurado pelo Ministério Público

O vereador Pastor Marciano Alves (Solidariedade), de Curitiba, está sendo investigado pela suposta nomeação de funcionários fantasmas junto ao seu gabinete parlamentar e pelo repasse de parte do salário desses servidores, prática conhecida como “rachadinha”. 

De acordo com o inquérito civil instaurado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em 9 de março, Alves teria nomeado quatro pastores da Igreja Visão Missionária, dirigida por ele, para cargos comissionados no gabinete. 

Conforme o documento, Ivonel Dombroski, Edson Domiciano, Izaías Batista de Lima e Thiago Esteves recebiam a remuneração referente a cargos na administração pública, mas a “natureza das atividades desempenhadas” por eles não estaria clara.

O MP-PR investiga também por qual motivo Ivonel Dombroski, que é contador da Igreja Visão Missionária e proprietário de um escritório de contabilidade, prestava serviços exclusivamente externos ao vereador, sendo que ele permanecia, segundo o órgão, diariamente em seu escritório, no Sítio Cercado (distante cerca de 15 quilômetros da Câmara Municipal de Curitiba).

Agora, o Ministério Público aguarda as informações funcionais e financeiras, e o controle de frequência dos servidores. Eles, assim como o vereador Pastor Marciano Alves, podem se manifestar por escrito sobre o caso.

Procurada pelo Plural, a equipe do vereador informou que está entrando com as medidas legais cabíveis quanto ao inquérito ou “qualquer inverdade que venha surgir decorrente disso”.

“O vereador, através de sua assessoria, nega veementemente tais acusações e tem certeza que a verdade será restabelecida no curso das investigações. Além disso, está amparado pela lei, por normativas internas da CMC e possui inúmeras provas que refutam totalmente estas alegações”, disse a equipe, em nota.

Servidores fantasmas

No portal da transparência da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) consta que Edson Domiciano foi admitido em janeiro de 2021 como chefe de gabinete parlamentar recebendo um salário líquido de R$ 12.381,10. Seu horário de trabalho é das 8h00 às 12h00 e das 14h às 18h00.

Izaías Batista de Lima foi nomeado em julho de 2022 como assessor do gabinete, com remuneração de R$ 9.521,19. Seu horário de trabalho é de segunda a sexta-feira das 7h30 às 18h30. Já Thiago Esteves foi admitido em dezembro de 2021 como assessor recebendo R$ 9.734,94.

Os três servidores aparecem com os cargos ativos.

Já Ivonel Dombroski foi nomeado em janeiro de 2021 como assessor do gabinete com remuneração de R$ 9.507,19. Ele, no entanto, foi exonerado do cargo em julho de 2022.

Pastor Marciano Alves

José Marciano Alves Bezerra é natural de Princesa Isabel, município no interior da Paraíba, e está em seu primeiro mandato como vereador de Curitiba. Em 2020, obteve 4483 votos e terminou a eleição eleito por média. No ano passado, Alves concorreu a deputado estadual do Paraná e foi eleito suplente.

Conhecido como Pastor Marciano Alves, é radialista e dirigente das igrejas Visão Missionária. Membro da bancada evangélica, Alves se coloca como “defensor dos valores da família, sendo contra o aborto e a ideologia de gênero”, conforme sua biografia no site da Câmara.

Entre os projetos de lei propostos pelo vereador estão a criação do “dia do combate à Cristofobia” e do “dia do Conservadorismo” e a proibição do uso da linguagem neutra nas escolas municipais. Todos os projetos ainda tramitam na Câmara.

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2 comentários em “Pastor é investigado por suspeita de “rachadinha” e nomeação de fantasmas na Câmara”

  1. Pastor Marciano Alves representou contra Renato Freitas e votou à favor da cassação, que o próprio STF disse na decisão final, a qual deu o mandato novamente a Renato Freitas, que a cassação tinha racismo como pano de fundo.

    Tem que distribuir essa notícia pros fiéis da igreja dele. E tem que abrir processo de cassação do mandato do Pastor Marciano Alves – que usa uma bandeira enorme de Israel no gabinete dele e que isso certamente se classifica como apropriação indevida de símbolo cultural e religioso Judaico.

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