Mesmo com Covid em alta, deputado extremista critica Greca por vacinação

Segundo Ricardo Arruda (PL), a prefeitura municipal e o prefeito Rafael Greca (PSD) estão agindo contra a Lei Estadual 655/2021

Na Sessão Plenária da Assembleia Legislativa do Paraná da última segunda-feira (23), o deputado estadual Ricardo Arruda (PL),que nesta quarta foi alvo de uma operação do Gaeco, acusou a prefeitura de Curitiba e o atual prefeito Rafael Greca (PSD) de estarem cometendo crime de responsabilidade ao irem contra a Lei Estadual 21.015/2022, que proíbe a exigência do passaporte sanitário.

Segundo o deputado, as ações de Greca teria prejudicado diversos funcionários públicos que ficaram desempregados por não terem se vacinado. Arruda ainda disse que foi procurado por uma professora que prestou concurso para dar aulas na rede municipal e que o edital do concurso exigia a obrigatoriedade da vacina. “Porque o prefeito está agindo como um ditador em Curitiba, ignorando uma lei estadual?”, questionou o deputado.

Negacionista desde o auge da pandemia, o deputado faz parte do grupo da extrema-direita que lutou até o último minuto contra a imposição da vacina, defendendo que a tese da “liberdade acima da vida”, do ex-presidente Bolsonaro, era o caminho certo a ser seguido. Hoje, mesmo depois de a vacina ter interrompido a pandemia, que matou mais de 600 mil brasileiros, o grupo continua lutando contra a imunização obrigatória.

Arruda alegou já ter notificado o Ministério Público do Paraná a respeito das ações da prefeitura de Curitiba, mas que até o momento nada foi feito. O deputado disse também que foi procurado por um pai que teve dificuldades em matricular seu filho na rede de ensino municipal devido à obrigatoriedade da vacina contra a COVID-19. 

A deputada estadual Márcia Huçulak (PSD), secretária de Saúde de Curitiba durante a pandemia, saiu em defesa da prefeitura. Ela lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) obriga que crianças e adolescentes sejam vacinados de acordo com as recomendações das autoridades sanitárias, sendo elas o Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). 

Até o momento da publicação desta reportagem nem a prefeitura de Curitiba, nem o prefeito Rafael Greca se manifestaram a respeito das acusações de Arruda.

Vacinação no Paraná

Ainda na última segunda-feira, o boletim semanal da COVID-19, divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, indicou um aumento no número de casos da doença em outubro. Segundo o boletim, nos últimos 23 dias foram confirmados 6.421 casos de COVID no estado, número mais expressivo desde maio deste ano. 

O secretário da Saúde, Beto Preto, alertou que a baixa taxa de procura pela vacina contra a doença pode estar diretamente relacionada ao aumento no número de casos confirmados no estado. “A falsa sensação de segurança das pessoas que tomaram uma ou duas doses e não completaram o esquema vacinal pode ser a oportunidade de o vírus voltar a se instalar em nosso meio. Precisamos deixar a vacinação em dia e continuar tomando os cuidados necessários para evitar que a situação epidemiológica se torne um cenário novamente negativo”, diz. 

De acordo com o Vacinômetro Nacional, desde 2021 o Paraná aplicou 29.495.837 vacinas contra a COVID-19, mas o número de doses administradas tem caído continuamente desde o início do ano. Em janeiro, o estado aplicou 199.704, quase 90% abaixo do mesmo período de 2022, com 1.961.945 vacinas registradas. Em maio, este número caiu para 71.914, sendo 87% abaixo de maio de 2022, com 559.133 doses aplicadas. Em outubro, até o momento, foram aplicadas somente 25.351 doses da vacina.

Colaborou: Júlia Sobkowiak

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