“Hoje em dia tudo é racismo”, diz vereador Eder Borges

Ele foi um dos autores do processo racista que culminou na cassação do vereador Renato Freitas (PT), que é negro

Nesta terça-feira (22) os vereadores de Curitiba discutiram o projeto que visa implementar o uso de câmeras corporais nos guardas municipais da cidade, de autoria do vereador Renato Freitas (PT) e Dalton Borba (PDT).

A Guarda Municipal de Curitiba tem atualmente 160 câmeras funcionando nos veículos das GM. No entanto, o Sindicato dos Guardas Municipais, se posiciona contra a utilização das câmeras usando argumentos que não dialogam com o texto proposta para votação.

Rejane Soldani, presidente do sindicato, chegou a tumultuar a sessão por diversos momentos. Durante as interrupções reclamou da estrutura utilizada pelos guardas, dos salários e disse que os agentes chegam a dividir marmitas por falta de recursos, questões que são de competência do Executivo.

Uma das questões apontadas pelos autores do projeto é a garantia legal de produção de provas em casos de violência tanto para os suspeitos quanto para os guardas, no entanto, vereadores de extrema-direita como Eder Borges (União Brasil) e Pier Petruziello (PP), líder do governo Greca, desconsideraram os dados apresentados pelos autores e acusaram Freitas de estar perseguindo as forças policiais.

Renato Freitas tem um longo histórico de ocorrências envolvendo forças de segurança, por conta da sua origem periférica e por ser um homem negro. Recentemente foi abordado pela Polícia Militar porque ouvia música alta.

De acordo com o Ministério Público do Paraná, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), houve aumento do número de mortes em confrontos com policiais civis, militares e guardas municipais durante o ano passado em todo o estado.

No total, foram 417 mortes em 2021 (sendo 211 no primeiro semestre e 206 no segundo). O número indica um aumento de 9,74% em relação ao ano anterior (2020), quando ocorreram 380 mortes.

Grande parte destas pessoas, evidentemente, são negras. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2019, 75% dos mortos pela polícia são negros.

Porém, embora os dados sejam robustos, não têm impacto na “análise” dos vereadores de extrema-direita, que desvirtuaram o debate acerca do projeto.

Eder Borges, por exemplo, disse que o Brasil está dividido por causa do debate sobre o racismo (está dividido desde 1500, quando uns escravizaram outros). “Agora tudo é racismo. Dizer que a Guarda Municipal é criminosa porque porventura aborda pessoas negras é errado. Me incomoda demais essa diferenciação por cor”, disse.

Sargento Tânia Guerreiro (União Brasil), ofendida com a apresentação de dados de violência policial, afirmou que “muitas vezes defendemos quem não merece”, embora todos os cidadãos paranaenses paguem impostos que são direcionados para o Governo do Estado, que por sua vez mantém a Polícia Militar.

Mauro Ignacio (União Brasil), por sua vez, sugeriu que os vereadores andassem de camburão junto com a GM para ver quais são as condições de segurança – mesmo que a Guarda tenha função de proteção patrimonial e não de patrulhamento ostensivo, que compete à Polícia Militar (PM).

Até o fechamento deste texto a votação não havia sido concluída. Haverá atualização em breve.

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4 comentários em ““Hoje em dia tudo é racismo”, diz vereador Eder Borges”

  1. Acompanhei a live do início ao fim, é sobre questão racial ne, não tem porque uma câmara branca votar a favor, por isso limpemos, a inclusão de pessoas prestas perifericas é completamente nescessário, porque nós sabemos o que passamos, mas eles acompanham tudo, e dão risada, triste, estamos de olhos abertos e trabalhando para melhoria do nosso povo, câmeras são legais, e uma forma de humanizar o trabalho do profissional honesto, quem é contra, já sabemos.

  2. Eu fiquei de cara que a Carol Dartora e o Denian Couto sequer votaram. Dartora sequer foi pra câmara municipal de Curitiba! Ela deveria ser expulsa do PT – não só por isso, mas pelo negócio da igreja tbm, ficou assistindo o Renato Freitas sofrer sozinho, quando todo mundo sabe que ela tbm tinha entrado na igreja. Uma covarde em todos os sentidos!

    Esse projeto das câmeras corporais nem precisava de tanto debate, pois é evidente que nesses tempos modernos é um equipamento básico e necessário.

    O racismo e aporofobia ficaram novamente evidenciados, eles só não votaram à favor porquê é um projeto do Renato Freitas, um homem preto da periferia.

    Eu sou policial aposentado, de centro-direita, evangélico e eu fiquei muito decepcionado com o comportamento do guardas municipais presentes na câmara municipal durante esse debate. Eles e elas deveriam ser suspensos só pelo terrível comportamento.

    O projeto tinha que ter sido aprovado. Os guardas ficam zanzando com os celulares deles particulares pra cima e pra baixo, angariando evidências que dizem respeito ao trabalho, mas com equipamento pessoal – isso não pode – à nível de qualidade e confiabilidade de angariação de evidências, isso não pode.

    E o Renato Freitas não tem raiva na guarda municipal, ele lecionou para pessoas que tentavam o concurso pra entrar na guarda – esse rapaz é muito inteligente, o pessoal tenta diminuir esse rapaz, mas todo mundo que eu conheço gosta muito dele e ele é muito bem respeitado como jurista. Tanto o pessoal de direita, como o pessoal de esquerda com quem eu interajo. Esse Mauro Ignácio e os outros que votaram contra, vão ter dificuldades pra se re-eleger no futuro, era muito óbvia a necessidade de aprovar esse projeto, era urgente isso.

    Quanto a esse Eder Borges, nem sei porque vocês publicam coisa sobre ele, ele foi cassado pelo TRE e é só questão de tempo pro TSE cassar o mandato dele de vez. O office boy do Greca, aquele Pier, é outro que só gritando que é notado mesmo. Até o pessoal de direita faz piada desse guri. Ele tá perdendo a juventude dele defendendo Greca. Ele era melhorzinho uns anos atrás, mais ponderado. Agora ele que nem um zumbi que faz o que o Greca manda. Triste

  3. A carne mais barata do mercado é a negra.
    Gastar mais pra que? O extermínio tem que continuar…
    Precisamos como eleitores e maioria,dar uma resposta nas urnas.

  4. Lamentável _ de novo, e de novo e de novo _ as falas do vereador Eder Borges!
    Apenas reforça a tentativa de parte da Câmara curitibana de escamotear o racismo estrutural brasileiro _ como no episódio da cassação do vereador Renato Freitas _ racismo esse, fortemente enraizado na sociedade curitibana; também escancara o negacionismo, estratégia que juntamente com as mentiras sistemáticas caracteriza essa extrema-direita descarada.
    O que não é fake é o processo em trâmite de cassação desse senhor; que transite logo essa decisão judicial e nos livre de gente sem a menor condição de representar a sociedade.

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