Diretor do grupo J. Malucelli delata suposta propina por contrato da TV Assembleia

Acordo de leniência de conglomerado empresarial foi anunciado nesta segunda; TV do grupo presta serviços para o Legislativo

Uma das principais repercussões do acordo de leniência do grupo J. Malucelli, anunciado nesta segunda (24) pelo Ministério Público Estadual e pela Procuradoria da República, será na Assembleia Legislativa do Paraná. Diretores do grupo denunciaram supostas irregularidades na contratação da TV Icaraí, pertencente ao empresário Joel Malucelli, para prestar serviços à TV Assembleia.

Os anexos do acordo de leniência, onde constam as denúncias feitas pelo grupo, ainda estão em sigilo. O Plural, no entanto, apurou que Vicente Malucelli, diretor da TV Icaraí, colaborou com a delação e informou que a direção da Assembleia teria negociado uma propina para que a renovação do contrato ocorresse sem obstáculos. O atual presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), já estava no cargo. O Plural procurou a Assembleia, mas foi informado de que Traiano não se pronunciará, até por não saber por enquanto do conteúdo da delação.

O acordo de leniência permite que as empresas do grupo sigam operando. O conglomerado liderado por Joel Malucelli é um dos maiores do estado, com um banco, uma seguradora, uma empreiteira e vários veículos de comunicação, dentre eles as afiliadas do grupo Bandeirantes de Rádio e TV.

Pelo acordo, as empresas pagarão R$ 100 milhões em prestações anuais durante oito anos. Os diretores e proprietários do grupo também obtêm vantagens no estabelecimento de possíveis penas por irregularidades. O acordo vinha sendo negociado há pelo menos dois anos.

Algumas outras partes do que foi anunciado nesta segunda já eram mais conhecidas, como a participação da J. Malucelli em irregularidades do caso da Operação Rádio Patrulha, que investigou obras nas estradas rurais do Paraná – uma das três operações que levaram o ex-governador Beto Richa (PSDB) à prisão.

Traiano reeleito

Pouco antes da homologação do acordo de leniência, Ademar Traiano foi reeleito para seu quarto mandato como presidente da Assembleia. A posse deverá ocorrer só no ano que vem e, em tese, a eleição ainda nem deveria ter sido realizada. No entanto, estranhamente, a eleição foi antecipada.

Desde o princípio, a conversa nos bastidores da Assembleia era de que Traiano tinha antecipado a eleição por saber do risco de a homologação do acordo sair. O presidente nega a relação entre os dois fatos e diz que a antecipação ocorreu para que a eleição da Mesa Diretora não coincidisse com as eleições municipais. No entanto, a eleição da Mesa sempre coincide com o período eleitoral em anos de escolha de novos prefeitos, e a antecipação nunca havia ocorrido.

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