Copel faria oferta pública de ações nesta quarta, diz jornal (atualizado)

Notícia da oferta "vazou" na imprensa antes da confirmação. Copel já foi alertada por casos semelhantes no passado e negociações atípicas de ações próximas a Fato Relevantes

Atualizado em 25 de julho de 2023 – 16:22

A Copel, empresa estatal concessionária de energia elétrica do Paraná, informou no início da tarde dessa terça-feira que prevê o Lançamento de Oferta Pública de Ações para esta quarta-feira, dia 26 de julho. A informação, antecipada pelo jornal Valor, foi confirmada em Fato Relevante informado ao mercado às 14h da terça, com as negociações na Bolsa já em andamento. A empresa, porém, não confirmou que a oferta acontecerá nesta quarta, dia 26, como noticiado.

“O texto ficou muito confuso”, avaliou Leandro José Grassmann, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR). Ele avalia que dificilmente a oferta virá a se concretizar na quarta porque confirmaria o vazamento de informação sigilosa para a imprensa.

Dados da B3 (Bolsa do Brasil) mostram que as ações da empresa tiveram um aumento no volume negociado na segunda e nesta terça, especialmente após o comunicado. O valor das ações negociadas também aumentou de R$ 7,70 no fechamento do mercado no dia 24 para R$ 8,09 às 13hs de hoje (25 de julho).

Ainda no comunicado ao mercado a Copel informou que “a Oferta Pública envolveria valores entre R$ 4,3 a R$ 5 bilhões” se considerado o preço no fechamento na segunda. Isso corresponde a 4 vezes a renda líquida da empresa em 2022. Ou 20% da receita total, que foi de R$ 21 bilhões. Também informou que “A Oferta Pública não contará com estrutura de ancoragem formal conforme prevista na regulamentação aplicável”.

O vazamento da notícia da oferta pública é mais um episódio no processo de privatização da Copel. O Plural noticiou em novembro que a aprovação da privatização da Copel pela Assembleia Legislativa do Paraná ocorreu após negociações marcadas como atípicas pela B3. O próprio governador do Paraná, Ratinho Júnior, desrespeito as regras da Bolsa de Valores ao revelar informações sensíveis em entrevista à imprensa.

Segundo Grassmann, uma eventual oferta pública de ações pode ser composta tanto de papeis do Governo do Paraná, atual sócio controlador da empresa, quanto emissão de novos papeis. Ambos os casos resultarão numa diluição do poder de voto tanto do Governo do Paraná quanto do BNDES no Conselho de Administração da empresa.

Isso porque o Governo do Paraná detém hoje 31% das ações com poder de voto da empresa. Em comunicados anteriores, o governo Ratinho Júnior adiantou a intenção de reduzir sua participação para 15%. Já no caso de emissão de novas ações, a Copel tem autorização da B3 para emissão de até 4 bilhões em ações, mas tem hoje 2,7 bilhões em negociação. Ou seja, é possível a emissão de mais 1,3 bilhão, o que implica em ampliação do capital e diluição da participação do Governo do Paraná para até 20,9% e do BNDES de 24% para 16%.

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