Toma Aí Um Poema estreia na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2023 defendendo que publicar é um direito essencial para dar voz a novos pontos de vista na literatura brasileira. A iniciativa de incentivo à escrita funciona como uma editora sem fins lucrativos, que publica livros físicos, digitais e revistas em um sistema de apoio, com obras custeadas por financiamento coletivo e direitos autorais garantidos integralmente para os escritores.
Publicar é um desafio
Capitaneada pela poeta curitibana Jéssica Iancoski, finalista do Prêmio Jabuti de 2022 com “A Pele da Pitanga”, a ideia nasceu das dificuldades enfrentadas na publicação de seu primeiro livro. Ela enviou o original a várias editoras e todas recusaram, para a obra chegar às mãos dos leitores a trajetória foi cheia de desafios. “A literatura não deve ser definida por quem tem conexões ou recursos, mas sim pela autenticidade das histórias e pela habilidade de transmitir emoções universais” diz ela e complementa explicando como funciona o trabalho da iniciativa: “Buscamos emancipar os escritores de casas editoriais, que visam a exploração comercial da literatura, num modelo em que os autores possam ser os principais beneficiados pelo seu trabalho.”
“Toma Aí Um Poema”
Em comparação com as das grandes editoras, a Toma Aí Um Poema tem uma relação diferente com os artistas, valorizando suas decisões e preferências. Segundo a escritora, o autor participa de todo processo de criação, da capa ao projeto gráfico e editoração, e os direitos autorais e comerciais do livro permanecem com ele. Usualmente isso é diferente, os custos de cerca de 100 exemplares ou até mais são cobrados do escritor e apenas 10% dos direitos autorais sobre as vendas são repassados (mesmo que ele tenha arcado com todos os valores relativos à publicação da obra).
“Estamos construindo um modelo de publicação com base no sonho de que o autor possa vir a ser o principal beneficiado pelo seu trabalho”, afirma a idealizadora da iniciativa ao destacar o que se estabelece é uma parceria. “Costumamos dizer que estamos entre a publicação independente e uma tradicional.”
Hoje outros poetas também já abraçaram a causa, o corpo editorial é formado por mulheres, pessoas trans, homoafetivas e não-binárias. Na equipe estão Mabelly Venson, como editora-assistente, e Belise Campos, como editora-adjunta, entre outros. O time também trabalha atualmente para transformar “Toma Aí Um Poema” em Organização Não-Governamental (ONG), o que irá ampliar a atuação junto aos escritores e ao mercado literário.
Novos pontos de vista
Pela primeira vez na Flip, o grupo apresenta como lema a ideia de que “publicar é um direito”, com ações que mostram a literatura enquanto reflexo da humanidade, em toda a sua complexidade. Para todos os que trabalham para Toma Aí Um Poema ser realidade, cada texto é visto como uma valiosa contribuição ao diálogo global. “Ao tornar o mercado editorial mais acessível, não apenas estamos concedendo oportunidades individuais, mas também enriquecendo o mundo com uma variedade de vozes que, de outra forma, poderiam ter permanecido não ouvidas”, fala Iancoski.
Toma Aí Um Poema na Flip 2023
Além do lançamento das antologias “Poetas do ano de 2023: Publicar é um direito”e “Pelo direito de existir”, ainda estão programadas as seguintes ações do grupo na Flip:
Sábado (25), na Casa Ópera
14h30 – Workshop “Escrita e Liberdade”, com Bia Viana
19h – Lançamentos “Lado B” (Jeane Imthon), “Coisa Pouca” (Rodrigo Domit) e “Pedaço de pano para secar enxurrada” (Guilherme Eisfeld)
Domingo (26), na Casa Ópera
10h – Lançamento coletivo “poETes: Altas habilidades com poesia (Org. Nanahira de Rebelo e Sant´Anna e Filipe Albuquerque Ito Russo)
A editora também mantém um podcast no Spotify, que pode ser acessado aqui.